O grande conflito da vida de Cristo foi com os fariseus e os mestres da Lei (de Moisés).
Os fariseus eram uma seita muito legalista do judaísmo de onde saíam os juristas e os doutores da Lei.
Houve uma altura em que Cristo perdeu a paciência e os desancou em público. Aqui.
Diz-se, por vezes, que Cristo não tinha uma mensagem política.
Certamente que ele não tinha uma mensagem de política partidária ou sectária (na realidade, ele detestava seitas e partidos e os seus maiores inimigos eram eles próprios uma seita - os fariseus). A sua mensagem era outra.
Neste post, eu concluí que, sendo as leis complexas, ou não havendo jurisprudência simples, "Os cidadãos ficam ao arbítrio dos juristas e dos doutores da lei".
Ora, foi precisamente isso que Cristo veio combater - os fariseus e os doutores da lei que utilizavam a lei, e as interpretações da lei, para enganar e explorar o povo, e em benefício próprio.
Cristo veio estabelecer a jurisprudência da Lei. Das mais de 600 "leis" que constituem o judaísmo (Lei de Moisés), com interpretações às vezes muito complexas, Cristo reduziu-as essencialmente a dez (os Dez Mandamentos) e mesmo estas podiam ser suprimidas e substituídas por uma só: "Amar a Deus e aos homens como a si mesmo".
Ora, isto estragava a vida aos juristas (fariseus). E eles não lhe perdoaram.
Mas havia uma dimensão política ainda mais importante na mensagem de Cristo: "Quem deve ser a autoridade suprema numa sociedade - a Lei ou um Homem?"
A resposta dos fariseus era uma, a de Cristo era outra (personificada nele próprio).
O Judaísmo é uma "Religião de Direito" (isto é, de regras, normas, leis) e os judeus influenciaram o protestantismo que é o criador da ideia moderna de "Estado de Direito", que surgiu na Alemanha..
Os juristas gostam do "Estado de Direito". Cristo não gostaria nada.
Dois mil anos depois, o dilema é o mesmo.
Há que optar por um lado ou pelo outro.
PS. Escusado será dizer que entre os juristas há excepções e que as excepções são até a maioria. Na realidade, então como hoje, os fariseus eram uma minoria (que se via a si própria como uma casta) entre o povo judeu.
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