Em de Dezembro, pouco antes do Natal - o novo Governo tinha tomado posse a 26 de Novembro - recebi a informação da construtora de que o HSJ tinha parado o trabalho de desimpedimento do espaço. O Serviço de Sangue, que está no perímetro da obra, e que era para ser demolido, continuava a funcionar normalmente e não havia sinais de que viesse a ser transladado.
A manter-se a situação, a obra iria parar dentro de pouco tempo.
Por essa altura, o professor António Ferreira já trabalhava em Lisboa como presidente da Comissão para a Reforma da Saúde, cargo para o qual viria a ser formalmente nomeado no início de Janeiro e do qual se demitiria no início de Fevereiro.
O convite tinha-lhe sido feito pelo seu colega, médico e também professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Fernando Araújo, que era agora secretário de estado adjunto da Saúde.
Para além dele, a equipa da Saúde tinha agora como ministro o professor Adalberto Campos Ferreira, ex-presidente do Hospital de Santa Maria, e o Dr. Manuel Delgado, economista, com uma carreira de administrador hospitalar em Lisboa. A distinção entre Lisboa e Porto passaria, a partir de agora, a ganhar mais importância.
No dia-a-dia, o HSJ estava agora entregue ao número dois da administração, Dr. João Oliveira, e o professor António Ferreira só vinha ao Porto aos fins-de-semana. A Dra. Fátima Pereira tentou falar com o Dr. João Oliveira para saber o que se passava, mas não obteve resposta. E eu telefonei várias vezes para o Ministério da Saúde, mas nunca consegui que o professor António Ferreira aparecesse ao telefone.
Era mais que óbvio que a administração do HSJ estava de saída. Mas seria necessário esperar até meados de Fevereiro para que uma nova administração fosse nomeada. Era presidida pelo Dr. António Oliveira e Silva, médico do Hospital de S. João, mas nos últimos cinco anos director clínico no Hospital de Braga.
No início de Março a construtora escreveu-me a informar que, por indisponibilidade de frente-de- obra, se via forçada a interromper os trabalhos. Os trabalhos tinham durado quatro meses e foi feita a demolição de todos os edifícios existentes no local, com excepção do edifício térreo onde, até hoje, continua a funcionar o Serviço de Sangue.
Percebi que iria estar ali para uma travessia do deserto.
Desde essa data - passou agora ano e meio - a Associação Joãozinho, na qualidade de "dono da obra", continua no local com o estaleiro da obra instalado, à espera que o HSJ cumpra a cláusula primeira do protocolo que assinou, e desimpeça o espaço, a fim de que a obra possa prosseguir. O prazo de cedência previsto no protocolo é de três anos. Mas como o espaço ainda não está cedido, o prazo ainda nem sequer começou a contar.
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