A cerimónia do lançamento da primeira-pedra, que teve lugar no salão nobre das antigas instalações da Faculdade de Medicina, no edifício principal do Hospital de S. João, correu muito bem.
O salão estava cheio, com muitos professores da Faculdade de Medicina. Desde o início do meu mandato à frente da Associação Joãozinho que a Faculdade foi sempre uma instituição genuinamente interessada em fazer avançar a obra. O professor Agostinho Marques, na altura director da Faculdade, é mesmo, desde o início, o presidente da Assembleia Geral da Associação, e a professora Amélia Ferreira, que entretanto lhe sucedeu, continuou a demonstrar o mesmo empenho.
Existiam pelo menos três razões. A primeira é que é na ala pediátrica que, em parte, se formam os futuros médicos pediatras licenciados pela Faculdade. A segunda é que muitos dos médicos que lá trabalham são também professores da Faculdade de Medicina e as suas condições de trabalho são tão degradantes que alguns dos melhores têm mesmo mudado de Hospital. Finalmente, o terreno onde está actualmente o barracão metálico que serve de internamento pediátrico ao HSJ, é propriedade da Faculdade de Medicina, e não do Hospital, e a Faculdade precisa do espaço para se expandir.
A mesa da honra estava repleta de personalidades, com o primeiro-ministro ao centro. Talvez para me retribuir a homenagem que eu naquele dia lhe prestava, a Dra. Ana Maria Príncipe, assessora da administração do HSJ, e que fez a afectação dos lugares, reservou-me um lugar especial. Olhando da entrada, onde estavam colocadas as câmaras de televisão e as objectivas dos fotógrafos era o lugar do fundo, no canto mais distante da mesa - tão literalmente ao canto que, ao movimentar-me, várias vezes embati com o esterno na esquina da mesa.
O primeiro-ministro fez um discurso improvisado de cerca de vinte minutos onde elogiou a iniciativa das "gentes do norte" e falou longamente sobre as dificuldades orçamentais que o país estava a atravessar, ao mesmo tempo que a pressão sobre as despesas de saúde não cessava de aumentar.
Quando chegou a minha vez de falar, fiz um breve agradecimento a todos os mecenas presentes e ausentes, e anunciei que a obra iria ser realizada pelo consórcio Lucios-Somague. Em seguida, fiz um agradecimento destacado ao Eng. Filipe Azevedo e ao Eng. Rui Vieira de Sá, que estavam sentados nas primeiras filas.
Dias depois, o presidente Rui Moreira, que também esteve presente, mas a quem não foi dada a palavra, convidou-me para ir falar sobre o Joãozinho a um espaço televisivo que ele próprio tinha na RTP. Era uma iniciativa da cidade do Porto da qual, naturalmente, ele se orgulhava, numa altura em que a cidade estava já visivelmente na moda e era invadida por milhares de turistas todos os dias. Logo no início do meu trabalho, ele tinha-me recebido na Câmara do Porto e encorajado vivamente o Projecto, disponibilizando-se para facilitar todas as licenças necessárias à obra.
No Jantar de Gala, que viria a realizar-se no mês seguinte no Pavilhão do Estádio do Dragão, a Câmara Municipal do Porto estaria representada pela empresa municipal Águas do Porto, então presidida pelo actual ministro do Ambiente, Eng. Matos Fernandes, e comprou uma mesa. A Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, presidida pelo Dr. Eduardo Vítor Rodrigues fez o mesmo.
O secretário de Estado da Saúde, Dr. Manuel Teixeira, veio de Lisboa para a cerimónia. Homem discreto, será para sempre, na minha avaliação, um dos grandes mecenas do Joãozinho. O novo bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, que tem uma figura bondosa como a do Papa João Paulo II, também esteve presente, e voltaria a estar no Jantar de Gala, sentado na mesa do Presidente Pinto da Costa.
Foi só pena que, ao contrário do que estava previsto com a Teixeira Duarte, eu não tivesse conseguido ter a construtora nesse dia no local da obra. Mas já não houve tempo de fazer os arranjos necessários com a Lucios e a Somague.
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