Li com muito interesse esta entrevista do Drieu Godefridi, no Contrepoints. O aspeto
que mais me impressionou foi a afirmação de que toda a política moderna está
inquinada por uma paixão absurda pela igualdade. E que essa paixão é o
resultado da tendência para deitar a mão aos bens alheios, roubando-os ou
confiscando-os.
Estou disposto a aceitar a primeira premissa,
de que a política moderna tem esta marca da paixão pela igualdade, mas não
concordo que este vício, por assim dizer, seja o resultado de qualquer
propensão para o roubo.
As civilizações desenvolvem-se com base na
confiança, com base na expectativa de que podemos confiar nos outros seres
humanos para cooperar e assumir a diversidade de resultados que são o fruto natural
das nossas ações. Se o roubo fosse a norma, ninguém estaria disposto a fazer
qualquer esforço para melhorar a sua condição e teríamos estagnado na idade da
pedra.
A minha explicação para a paixão pela
igualdade é pela positiva. O sucesso dos outros é um estímulo para os
igualarmos e, neste sentido, acrescentar valor e contribuir para o
desenvolvimento económico e social.
Quando vemos alguém a pescar com uma cana e
constatamos que tem sucesso, qual é o nosso primeiro impulso? Roubar-lhe o
peixe ou imitar a pesca com cana? O roubo, em termos económicos seria um jogo
de soma zero, a imitação duplicaria, em potencial, o produto.
Estou convencido, portanto, de que a paixão pela
igualdade é um elemento positivo quando nos estimula a aproveitar as
oportunidades que as circunstâncias nos oferecem. Qual é então o problema?
O problema é que esta paixão foi pervertida,
por pessoas que se ofereceram para roubar aos que produzem e distribuir pelos
que consomem, com a promessa leviana de que esse roubo não prejudicaria o
desenvolvimento económico. É no fundo a promessa, ou embuste, do socialismo.
A verdade é que o roubo, ou confisco quando é perpetrado
pelo Estado, destrói a coesão social e a economia. Até poderá conseguir mais
igualdade, mas será igualdade na miséria. Ora a paixão pela igualdade é para
melhorar a condição social, se fosse para sermos iguais na miséria presumo que
não estaríamos a falar de paixão. Excetuando talvez alguns intelectuais que
nutrem pela miséria uma paixão peregrina que só demonstra que nunca foram
pobres.
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