13 agosto 2017

a paixão pela igualdade

Li com muito interesse esta entrevista do Drieu Godefridi, no Contrepoints. O aspeto que mais me impressionou foi a afirmação de que toda a política moderna está inquinada por uma paixão absurda pela igualdade. E que essa paixão é o resultado da tendência para deitar a mão aos bens alheios, roubando-os ou confiscando-os.

Estou disposto a aceitar a primeira premissa, de que a política moderna tem esta marca da paixão pela igualdade, mas não concordo que este vício, por assim dizer, seja o resultado de qualquer propensão para o roubo.

As civilizações desenvolvem-se com base na confiança, com base na expectativa de que podemos confiar nos outros seres humanos para cooperar e assumir a diversidade de resultados que são o fruto natural das nossas ações. Se o roubo fosse a norma, ninguém estaria disposto a fazer qualquer esforço para melhorar a sua condição e teríamos estagnado na idade da pedra.

A minha explicação para a paixão pela igualdade é pela positiva. O sucesso dos outros é um estímulo para os igualarmos e, neste sentido, acrescentar valor e contribuir para o desenvolvimento económico e social.

Quando vemos alguém a pescar com uma cana e constatamos que tem sucesso, qual é o nosso primeiro impulso? Roubar-lhe o peixe ou imitar a pesca com cana? O roubo, em termos económicos seria um jogo de soma zero, a imitação duplicaria, em potencial, o produto.

Estou convencido, portanto, de que a paixão pela igualdade é um elemento positivo quando nos estimula a aproveitar as oportunidades que as circunstâncias nos oferecem. Qual é então o problema?

O problema é que esta paixão foi pervertida, por pessoas que se ofereceram para roubar aos que produzem e distribuir pelos que consomem, com a promessa leviana de que esse roubo não prejudicaria o desenvolvimento económico. É no fundo a promessa, ou embuste, do socialismo.


A verdade é que o roubo, ou confisco quando é perpetrado pelo Estado, destrói a coesão social e a economia. Até poderá conseguir mais igualdade, mas será igualdade na miséria. Ora a paixão pela igualdade é para melhorar a condição social, se fosse para sermos iguais na miséria presumo que não estaríamos a falar de paixão. Excetuando talvez alguns intelectuais que nutrem pela miséria uma paixão peregrina que só demonstra que nunca foram pobres.

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