02 abril 2017

clarissa

O Jornal Oficial foi entrevistar uma clarissa.

Bom trabalho da jornalista Carolina Azevedo Ferreira.

Pode ter sido um mero acaso esta coincidência entre a iniciativa da Carolina Ferreira e aquilo que escrevi recentemente neste blogue.

Não importa. O acaso é a vontade de Deus.

Gostaria de salientar mais dois "acasos":

i) Existe uma certa semelhança entre o início do século XIII da Idade Média cristã  e a contemporaneidade das últimas décadas. Trata-se, em ambos os casos, de períodos de grande progresso material.

É no século XIII que surgem os primeiros bancos de reserva fraccionada, permitindo a expansão da actividade económica através do crédito e um aumento considerável da riqueza (o PIB, um conceito que não existia nessa altura, devia crescer à taxa de dois dígitos ao ano)

Assiste-se também nesse período a um grande movimento das populações dos campos para as cidades.

É uma época caracterizada por um certo materialismo e um certo cosmopolitismo.

É neste contexto social que surgem S. Francisco e Santa Clara que representam o exacto oposto de tudo isto.

ii) A televisão é, talvez, o mais potente meio de exposição pública que a humanidade já conheceu. Ora, acontece que Santa Clara é precisamente a Padroeira da Televisão (assim declarada pelo Papa Pio XII).

Mas não apenas isso. Acontece também, por acaso, diriam uns - por vontade de Deus, diria eu - que as clarissas vivem no exacto oposto da exposição pública - vivem em perfeita clausura.

O que é que Deus terá querido significar com estes sinais?

Talvez que o Plano de Deus para os homens é uma estrada muito larga e que inclui os opostos (numa altura em que o rebanho estava a ir todo numa só direcção).

Para o meio do materialismo enviou S. Francisco que não queria saber de nada disso e, pelo contrário, era um homem de uma espiritualidade marcante, que falava com as aves e fazia cânticos ao sol.

Para o meio do cosmopolitismo enviou Santa Clara que não queria saber disso para nada e viveu toda a vida fechada  na Igreja de S. Damião, em Assis.

Francisco e Clara, cada um por si e entre os dois,  eram perfeitamente felizes. E eram perfeitamente felizes sem necessitarem de felicidade do mundo para nada.

11 comentários:

Anónimo disse...

Concordo consigo. Um bom trabalho jornalístico.

Anónimo disse...

Concordo consigo. Um bom trabalho.

mew2 disse...

Concordo consigo. Um bom trabalho.

Anónimo disse...

Deus Vult!

Anónimo disse...

Deus Vult!

Monte Zephyrus disse...

Acrescento que os Templarios trouxeram inovacoes financeiras nessa epoca. Contudo, o rei Frances tinha uma enorme divida e conseguiu manipular o Papa para extingui a Ordem e apropriar-se dos bens. Foram lancados muitos boatos e teorias da conspiracao.

Em Portugal o rei D. Dinis foi muito inteligente e em vez de extinguir a Ordem converteu-a na Ordem de Cristo. Mais tarde sera a Ordem de Cristo a ter um papel decisivo nos Descobrimentos. Alem disso Portugal devia muito aos Templarios, que tanto fizeram pela Reconquista e construcao do pais.

O julgamento da Historia deu claramente razao aos Templarios que assim ficaram vingados do crime cometido contra a Ordem pelo rei de Franca.

Ainda em Portugal do enriquecimento e aumentos das trocas comerciais surgiu a ascensao social dos pequenos, e tal contribui para a guerra civil entre o rei D. Afonso IV e o pai, o rei D. Dinis, apoiado pela grande fidalguia. Venceu a raia miuda, como dizia o Prof. Jose Hermano Saraiva.

Mais tarde a grande fidalguia volta a carga com a perversa lei das Sesmarias, e mais uma vez a raia miuda revolta-se e volta a vencer e D. Joao I sera rei de Portugal apos a vitoria na batalha de Aljubarrota.

Ora que licoes tiramos daqui?

Ja tinha dito nesta caixa de comentarios que se queriamos um modelo decente para o pais deveriamos olhar para a Idade Media.

Licoes: o pais progrediu sempre que teve reis que seguiam as aspiracoes do povo contra as elites e que eram diplomatas a gerir os interesses dos judeus, da Igreja, do povo e da fidalguia.

2) Parte das grandes elites nunca se importou que o pais perdesse a independencia pois viam a corte espanhola como mais rica e capaz de dar mais privilegios.

3) Portugal saiu prejudicado com os reis que cederam aos interesses do Vaticano contra os interesses da nacao e da Igreja portuguesa.


O pais quebrou no seculo XVI depois de ter sido inovador, vanguardista e relativamente rico nos seculos apos a independencia. O que aconteceu no seculo XVI?

Ricardo Sebastião disse...

Caro PA,

Já aqui tinha referido isto, mas não verifiquei se chegou a responder: toda a sua argumentação desde 2006 vai ao encontro da teoria do "intelligent design", o que é agora até sintetizado pela sua afirmação de que o acaso é a vontade de Deus.

Quer comentar?

Rui Alves disse...

O pais quebrou no seculo XVI depois de ter sido inovador, vanguardista e relativamente rico nos seculos apos a independencia. O que aconteceu no seculo XVI?

Caro Zephyrus
Talvez isto responda, pelo menos em parte, à sua questão.

Unknown disse...

"arraia-miúda", creio.
Cpmts.

zazie disse...

No século XVI, em Vila do Conde, as clarissas chegaram a barricar-se no mosteiro e impediram as vizitações masculinas. Recusaram a Observância.

zazie disse...

Boa ideia, essa da moderação dos comentários. Ao tempo que eu dizia para o fazerem e obrigarem a registo no blogger.