O Jornal Oficial foi entrevistar uma clarissa.
Bom trabalho da jornalista Carolina Azevedo Ferreira.
Pode ter sido um mero acaso esta coincidência entre a iniciativa da Carolina Ferreira e aquilo que escrevi recentemente neste blogue.
Não importa. O acaso é a vontade de Deus.
Gostaria de salientar mais dois "acasos":
i) Existe uma certa semelhança entre o início do século XIII da Idade Média cristã e a contemporaneidade das últimas décadas. Trata-se, em ambos os casos, de períodos de grande progresso material.
É no século XIII que surgem os primeiros bancos de reserva fraccionada, permitindo a expansão da actividade económica através do crédito e um aumento considerável da riqueza (o PIB, um conceito que não existia nessa altura, devia crescer à taxa de dois dígitos ao ano)
Assiste-se também nesse período a um grande movimento das populações dos campos para as cidades.
É uma época caracterizada por um certo materialismo e um certo cosmopolitismo.
É neste contexto social que surgem S. Francisco e Santa Clara que representam o exacto oposto de tudo isto.
ii) A televisão é, talvez, o mais potente meio de exposição pública que a humanidade já conheceu. Ora, acontece que Santa Clara é precisamente a Padroeira da Televisão (assim declarada pelo Papa Pio XII).
Mas não apenas isso. Acontece também, por acaso, diriam uns - por vontade de Deus, diria eu - que as clarissas vivem no exacto oposto da exposição pública - vivem em perfeita clausura.
O que é que Deus terá querido significar com estes sinais?
Talvez que o Plano de Deus para os homens é uma estrada muito larga e que inclui os opostos (numa altura em que o rebanho estava a ir todo numa só direcção).
Para o meio do materialismo enviou S. Francisco que não queria saber de nada disso e, pelo contrário, era um homem de uma espiritualidade marcante, que falava com as aves e fazia cânticos ao sol.
Para o meio do cosmopolitismo enviou Santa Clara que não queria saber disso para nada e viveu toda a vida fechada na Igreja de S. Damião, em Assis.
Francisco e Clara, cada um por si e entre os dois, eram perfeitamente felizes. E eram perfeitamente felizes sem necessitarem de felicidade do mundo para nada.
11 comentários:
Concordo consigo. Um bom trabalho jornalístico.
Concordo consigo. Um bom trabalho.
Concordo consigo. Um bom trabalho.
Deus Vult!
Deus Vult!
Acrescento que os Templarios trouxeram inovacoes financeiras nessa epoca. Contudo, o rei Frances tinha uma enorme divida e conseguiu manipular o Papa para extingui a Ordem e apropriar-se dos bens. Foram lancados muitos boatos e teorias da conspiracao.
Em Portugal o rei D. Dinis foi muito inteligente e em vez de extinguir a Ordem converteu-a na Ordem de Cristo. Mais tarde sera a Ordem de Cristo a ter um papel decisivo nos Descobrimentos. Alem disso Portugal devia muito aos Templarios, que tanto fizeram pela Reconquista e construcao do pais.
O julgamento da Historia deu claramente razao aos Templarios que assim ficaram vingados do crime cometido contra a Ordem pelo rei de Franca.
Ainda em Portugal do enriquecimento e aumentos das trocas comerciais surgiu a ascensao social dos pequenos, e tal contribui para a guerra civil entre o rei D. Afonso IV e o pai, o rei D. Dinis, apoiado pela grande fidalguia. Venceu a raia miuda, como dizia o Prof. Jose Hermano Saraiva.
Mais tarde a grande fidalguia volta a carga com a perversa lei das Sesmarias, e mais uma vez a raia miuda revolta-se e volta a vencer e D. Joao I sera rei de Portugal apos a vitoria na batalha de Aljubarrota.
Ora que licoes tiramos daqui?
Ja tinha dito nesta caixa de comentarios que se queriamos um modelo decente para o pais deveriamos olhar para a Idade Media.
Licoes: o pais progrediu sempre que teve reis que seguiam as aspiracoes do povo contra as elites e que eram diplomatas a gerir os interesses dos judeus, da Igreja, do povo e da fidalguia.
2) Parte das grandes elites nunca se importou que o pais perdesse a independencia pois viam a corte espanhola como mais rica e capaz de dar mais privilegios.
3) Portugal saiu prejudicado com os reis que cederam aos interesses do Vaticano contra os interesses da nacao e da Igreja portuguesa.
O pais quebrou no seculo XVI depois de ter sido inovador, vanguardista e relativamente rico nos seculos apos a independencia. O que aconteceu no seculo XVI?
Caro PA,
Já aqui tinha referido isto, mas não verifiquei se chegou a responder: toda a sua argumentação desde 2006 vai ao encontro da teoria do "intelligent design", o que é agora até sintetizado pela sua afirmação de que o acaso é a vontade de Deus.
Quer comentar?
O pais quebrou no seculo XVI depois de ter sido inovador, vanguardista e relativamente rico nos seculos apos a independencia. O que aconteceu no seculo XVI?
Caro Zephyrus
Talvez isto responda, pelo menos em parte, à sua questão.
"arraia-miúda", creio.
Cpmts.
No século XVI, em Vila do Conde, as clarissas chegaram a barricar-se no mosteiro e impediram as vizitações masculinas. Recusaram a Observância.
Boa ideia, essa da moderação dos comentários. Ao tempo que eu dizia para o fazerem e obrigarem a registo no blogger.
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