O episódio mais dramático relatado no livro de José António Saraiva, "Eu e os Políticos", é aquele em que Marcello Rebelo de Sousa, antes de uma reunião que iria ter lugar com Pinto Balsemão, fingiu enforcar-se num cortinado:
enquanto esperava numa sala, abriu inesperadamente a janela, saltou para uma consola exterior, puxou a fita do estore, enrolou- a à volta do pescoço e deitou a língua de fora, fingindo que se tinha enforcado. Mas quando Balsemão apareceu já Marcelo tinha recuperado a compostura.
Não estive lá para observar o que fizeram as outras pessoas presentes, mas presumo que Marcello Rebelo de Sousa só é hoje o nosso Presidente da República porque os presentes fizeram alguma coisa, muito provavelmente aquilo que eu faria se lá estivesse. Atirava-me a ele e tirava-lhe o cortinado do pescoço, nem que fosse à pancada.
Mais difícil seria explicar, quando os ânimos se acalmassem, a racionalidade da minha acção. Ter-lhe-ia dito que me opus a que ele se suicidasse porque a vida dele não lhe pertence só a ele, também pertence ao pai, à mãe, aos amigos, todos o tratam por meu ou por nosso.
-E tu... também sou teu... que apareceste agora aqui e eu nunca te tinha visto?,
poderia ele perguntar-me na altura e ter-me-ia deixado embatucado.
Mas hoje não, hoje eu teria a resposta.
-Sim, também és meu e nosso. És o meu e o nosso Presidente da República.
Ainda o imagino de língua de fora e cortinado ao pescoço, e eu a atirar-me a ele. Não teríamos Presidente da República se não fosse eu.
4 comentários:
"Por bem fazer, mal haver"
Por preguiça, pode indicar a página do livro da citação ?
O Marcelo vale bem um exército de balsamanos, bilderber, sacana reacça e sacana. E não faltam jornalistas e comentadores, todos sem excepção, a dizer o balsamano que já aí anda há muito a mais na vida .
Er...qual foi a parte de que a coisa era fingida de que se esqueceu?
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