Nunca disse ao meu pai que o amava e, se o
tivesse dito, teria de algum modo mentido. Gostava do meu pai e tinha-lhe
respeito, mas daí a amá-lo vai uma grande distância.
Perguntei à I se amava o pai dela, para
perceber se teria algum problema no relacionamento com o meu. Eis o que me
respondeu:
-
Joaquim, sabes bem que o verbo
amar se aplica a uma paixão, não se encaixa no chamado amor filial.
-
Então o que sentias em relação ao
teu pai? – perguntei.
-
Sentia carinho, admiração,
respeito, gratidão...
Fiquei mais tranquilo. Eram os mesmos
sentimentos que eu sentia em relação ao “meu velho”, como ele detestava que o
chamássemos.
Hoje, passando os olhos no Face, parece normal
dizer “amo-te” ao progenitor. Ora se declará-lo em pessoa já me soa a
anormalidade, imaginem o que eu penso sobre estas declarações públicas.
E relativamente ao relacionamento com as
minhas filhas? Tenho-lhes um profundo e verdadeiro amor, mas nunca lhes disse:
‹‹amo-te››. Declaramos os nossos sentimentos de forma telepática e por ações.
Digo-lhes: ‹‹gosto muito de ti››, por vezes: ‹‹love you›› e trocamos
coraçõezinhos e “smiles” nas “mnsgs”, mas nada mais.
Não espero que as minhas filhas me amem, do
mesmo modo que eu não nutria esse sentimento pelo meu pai. Fico contente com o
carinho, a admiração e o respeito que me têm.
Reservei o verbo amar para as paixões que tive
a sorte de viver e aí nunca fui reservado, nem tímido, nem calculista. Amo e
amei, fui e sou amado, e todos os dias agradeço essa dádiva. Talvez por isso,
não quero banalizar o termo, diluindo-o em contextos diferentes.
5 comentários:
alembrou me duas coisas :
ja percebi pq dizem amor de mae e nao amor de pai :)
e o primeiro mandamento , meu Deus? vais castigar o Joaquim , ne?
É da novela.
Anda tudo a dizer "amo!" sempre que gostam das bolachas ou das batatas fritas.
Também não tenho queda para lamechices.
Quando o meu pai era vivo, se lhe dissesse "Amo-te, pai", o mais provável era levar uma lambada.
amo o cu da sarinha
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