No post anterior, o Joaquim fala do Deus abstracto dos teólogos. O Papa Bento XVI fala a esse propósito do "Deus dos filósofos", que também é abstracto. Ora, uma abstracção não existe senão como ideia, é um produto do pensamento humano, e é por isso que os filósofos caem frequentemente no ateísmo.
É diferente na doutrina católica. Tudo tem um conteúdo concreto, incluindo Deus. Deus é tudo, mas se eu precisar concretizá-lo, aquilo que tenho a fazer é pensar no meu Pai - e isto é óbvio porque a doutrina católica se refere a Deus como o Pai (1). Se tiver um problema na vida, imagine-se a dialogar com o seu pai - sobretudo se ele já tiver morrido, se já não estiver cá - e vai ver que as respostas que ele lha dá para o problema que o preocupa são as respostas de Deus.
Quanto à Virgem Maria, a figura concreta é a da sua Mãe.
Já agora, quanto à Justiça, representada naquela figura de mulher com os olhos abertos e os pratos da balança desnivelados. É Nossa Senhora. Concretamente, é a sua Mãe, depois de você ter feito uma maroteira, a protegê-lo (você é o réu, o braço mais baixo da balança) da ira do seu pai (o juiz, o braço mais alto da balança). Na tradição católica a figura da Justiça é uma mulher, tal como na tradição grega e na tradição romana. Mas esta mulher não representa o juiz (o Pai). Representa o advogado de defesa (a Mãe). Na tradição católica a justiça faz-se com pena, no duplo sentido desta palavra - sanção aplicada ao prevaricador e compaixão.
(1) "Ao designar Deus com o nome de "Pai", a linguagem da fé sugere particularmente dois aspectos: que Deus é a primeira origem de tudo e autoridade transcendente e, ao mesmo tempo, que é bondade e solicitude amorosa para com todos os seus filhos. Esta ternura paternal de Deus também pode ser expressa pela imagem da maternidade, que indica de modo mais incisivo a imanência de Deus, a intimidade entre Deus e a sua criatura. A linguagem da fé vai, assim, haurir na experiência humana dos progenitores, que são, de certo modo, os primeiros representantes de Deus para o homem. (...)" (Cat: 239)
3 comentários:
E o Espírito Santo?
Há-de ser o amanuense...
Sem socrates, não há comentários.
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