25 janeiro 2013

padrão-tudo = padrão-ouro

Se por padrão-tudo significa qualquer entidade tentar produzir e por a circular a sua moeda, nada a opor. O mais provável  é, como a história demonstra, e a não ser que existam leis repressoras com capacidade prática de impedir o uso de metais (ouro e prata), é as pessoas continuarem a usar ouro e prata.  Ao longo da história existem múltiplos exemplos de n moedas alternativas que n soberanos tentaram por a circular, incluindo Carlos V, que para construir o seu império chegou a conceder essa capacidade a privados, tendo, como todas as tentativas antes e depois, fracassado no mais puro colapso.

E para avançar existem n concepções a corrigir: criar uma moeda colateralizada por futuros pagamentos não é uma moeda, é crédito sobre a moeda a ser recebida nessa venda onde está contratualizado receber em...? qual moeda? o ouro, o dólar? Então a moeda é esse ouro, ou esse dólar. Aceitar ser pago em crédito é uma opção como outra qualquer, mas tal não constitui "moeda". Constitui um título de crédito sobre a moeda em que esse futuro pagamento vai ser realizado. De resto, isso mesmo foi tentado ao longo da história por soberanos (incluindo a revolução francesa onde foi emitida moeda supostamente com o colateral da propriedade roubada à Igreja), e sem sucesso.

O outro conceito é que a razão porque as moedas-mercadoria acabam a ser usadas (se a sua circulação for livre o que implica: possibilidade de fixar preços de contratos nessa moeda sem ser automaticamente convertida em outra para os resolver, ausência de ónus fiscal, capacidade de pagar impostos com essa moeda) é porque é a única forma de as pessoas terem um meio de troca que não constitui um passivo de ninguém (ausência de risco de crédito, quanto muito de custódia e isso acaba por ser o que está em causa na questão das reservas para depósitos à ordem).

A outra razão para o ouro (e prata )ser seleccionado é que são as 2 mercadorias existentes cujo rácio (produção/ stock disponível) é o mais pequeno que se conhece (primeiro o ouro, a prata num distante segundo lugar). Ou seja é quantitativamente o mais estável e isso é o que transmite a qualidade como moeda: quantitativamente uma mercadoria usável e a mais estável (estável também a sua composição química).

Depois outras leis económicas concorrem: é ineficiente o uso de n moedas, a sua característica é servir de meio comum de contabilização e transmissão de informação. O normal é um processo de selecção de uma única unidade de conta. Não, isto não é advogar uma moeda mundial emitida pela ONU. É advogar que em liberdade monetária acabaríamos como no séc. 19 em termos um moeda mundial constituída pelo Ouro e que tornou possível o comércio internacional generalizado (a tal ponto que só nos anos 80 se recuperou em termos relativos o grau de integração económica do nivel pré-Grande Guerra - li isto algures). Prata e cobre foram sempre usados para quantias menores, sendo cotados em termos de ouro.

4 comentários:

manel z disse...

Não me parece que o Prof. Arroja esteja particularmente contente com esta invasão de protestantes no blog.

Luís Lavoura disse...

só nos anos 80 se recuperou em termos relativos o grau de integração económica do nivel pré-Grande Guerra

Nem hoje ainda se alcançou tal grau de integração económica. Isso pode-se ver, por exemplo, no grau de migrações. Hoje em dia qualquer país tem muito menos emigrantes e imigrantes do que era normal antes da 1ª Grande Guerra. Nessa época, era normal e permitido as pessoas mudarem de país em busca de trabalho. Outra forma de o ver é no grau de internacionalização da finança. O nível de recursos financeiros que antes da 1ª Grande Guerra fluíam livremente da Europa (sobretudo de Inglaterra) para a América (não somente EUA, também Argentina, Brasil, etc) não tem qualquer paralelo no mundo de hoje.

Rui Alves disse...

"Não me parece que o Prof. Arroja esteja particularmente contente com esta invasão de protestantes no blog."

LOLOL

Anónimo disse...

mas mesmo assim podem encontrar novas minas de ouro.

o novo padrão-ouro estará numa e-currency, a bitcoin, ou outra qualquer à qual seja reconhecida credibilidade pelos investidores.

além de que a questão fundamental é que a cunhagem do ouro/papel é monopólio dos estados e a moeda electrónica não.

essa é a diferença crucial que está a mudar as regras do jogo.