Os arquitectos são verdadeiros humanistas. Não vale a pena gritarem da cave para consultarmos a Wikipédia porque a verdade é só uma. Qualquer que seja a sua área de especialização, os arquitectos põem os interesses humanos acima de tudo. Mesmo acima das suas próprias consciências.
A candura com que o grande, perdão, o Grande Siza confessou que nos apartamentos que arquitectou, na Alemanha, tinha desenhado um singelo tapume para que os islâmicos pudessem esconder as mulheres quando recebem visitas, é um exemplo fantástico de humanismo e até de transculturalismo.
O Porto está cheio deste espírito Arquitectal (no sentido omnisciente do Grande Arquitecto). Desde a Av. dos Aliados, passando por Serralves e até Matosinhos, o espírito vive.
A Av. General Norton de Matos, na foto, é uma pérola de humanismo. Desenhada como se fosse uma pista de aviação da base aérea de Ramstein, é um espaço polivalente que permite à populaça desfrutar de uma área onde pode correr, andar de bicicleta, triciclo, patins, jogar à bola, praticar o jogo do galinheiro, etc. Em plena pista, a Câmara desenhou, recentemente, um troço especial para velocípedes, mas que os peões respeitam pouco. Quando lá passei, este fim-de-semana, não havia muitos ciclistas, mas não faltavam umas grande mulas, de calças a cair do rabo e crina entrançada.
O arquitecto, como humanista, sabia que a gadagem o que queria era um sítio para “pastar” ao domingo e vai daí, zás. Não se pode dizer que houve falta de consciência, porque o criador interiorizou as consciências populares e remeteu-se humildemente ao seu papel. Faltam agora um tapumes para as senhoras, não para as escondermos, mas para elas não sofrerem com este panorama. Só mais um jeitinho Sr. Arquitecto, só mais um jeitinho...
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