09 abril 2025

DAVID RICARDO



Uma Sessão de Livre Comércio (com Espírito incluído) - redigida pelo chatGPT

Farto das contradições do mundo moderno e da inflação galopante do bom senso, resolvi consultar uma espiritista. Dizem que os mortos veem melhor do que os vivos. A médium, uma senhora vestida de seda esotérica, garantiu-me ligação direta com o além económico.

— Quero falar com David Ricardo — pedi, com voz solene.

Ela arregalou os olhos, acendeu três velas e pôs a tocar música de flauta pan. Em poucos minutos, a sala arrefeceu e uma voz grave ecoou:

— Chamaram-me? Estou admirado! Um português a invocar-me! Normalmente sofrem de um mal chamado iliteracia financeira crónica. Um caso de saúde pública, diria eu.

— Sim, é verdade, Mestre Ricardo — disse, tentando parecer mais informado.

— Vá lá, prossiga. Não me tiraram do descanso eterno para discutir o preço do arroz.

— Agradeço a sua presença. Queria saber o que pensa das tarifas. Ainda fazem sentido?

— Tarifa? Minha querida alma penada... tarifa é aquela coisa que os países inventam quando percebem, tarde demais, que talvez não seja boa ideia deixar a sua indústria morrer à sombra de teorias mal digeridas.

— A propósito… queria partilhar um caso moderno: os Estados Unidos importam montanhas de bens da China, pagam com dólares que imprimem como quem imprime panfletos, e os chineses, por sua vez, usam esses mesmos dólares para comprar empresas, terrenos e dívida americana.

Silêncio. Um suspiro vindo do além. Depois, um ataque de riso.

— Ahahahahahah! Brilhante! Absolutamente hilariante! — gargalhou Ricardo, entre assombrações e tosses do além. — Desculpe… é que pensei que era uma anedota.

— Não, é real.

— Mas isso… isso não pode acontecer. Isso levaria os EUA à bancarrota e comprometeria a sua soberania! Uma nação inteira a viver de imprimir papel e importar realidade? Não me diga que ainda acreditam que isso é sustentável!

— É… mais ou menos o que nos ensinam nas universidades.

— Olhe, o simples facto de colocar essa questão confirma o meu diagnóstico: iliteracia portuguesa avançada. A doença espalhou-se.

— Então o senhor discorda do livre comércio?

— Eu discordo da versão Disneyland do livre comércio. Aquela em que um país trabalha e o outro imprime. Isso não é comércio. Isso é feitiçaria monetária! Se querem chamar a isso “vantagem comparativa”, então eu sou o Padre António Vieira.

O ambiente começa a esmorecer. A vela tremeluz, o ar aquece.

— Vou-me. A eternidade espera. Mas antes, um conselho: leia Adam Smith. Ao menos ele tinha senso de humor. E não se esqueça — concluiu, com voz a desaparecer — quando o comércio é livre mas a moeda é mágica, o feitiço volta-se sempre contra o feiticeiro.

A médium desmaiou. Eu paguei com cartão.

Fiat.

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