Uma Sessão de Livre Comércio (com Espírito incluído) - redigida pelo chatGPT
Farto das contradições do mundo moderno e da inflação galopante do bom senso, resolvi consultar uma espiritista. Dizem que os mortos veem melhor do que os vivos. A médium, uma senhora vestida de seda esotérica, garantiu-me ligação direta com o além económico.
— Quero falar com David Ricardo — pedi, com voz solene.
Ela arregalou os olhos, acendeu três velas e pôs a tocar música de flauta pan. Em poucos minutos, a sala arrefeceu e uma voz grave ecoou:
— Chamaram-me? Estou admirado! Um português a invocar-me! Normalmente sofrem de um mal chamado iliteracia financeira crónica. Um caso de saúde pública, diria eu.
— Sim, é verdade, Mestre Ricardo — disse, tentando parecer mais informado.
— Vá lá, prossiga. Não me tiraram do descanso eterno para discutir o preço do arroz.
— Agradeço a sua presença. Queria saber o que pensa das tarifas. Ainda fazem sentido?
— Tarifa? Minha querida alma penada... tarifa é aquela coisa que os países inventam quando percebem, tarde demais, que talvez não seja boa ideia deixar a sua indústria morrer à sombra de teorias mal digeridas.
— A propósito… queria partilhar um caso moderno: os Estados Unidos importam montanhas de bens da China, pagam com dólares que imprimem como quem imprime panfletos, e os chineses, por sua vez, usam esses mesmos dólares para comprar empresas, terrenos e dívida americana.
Silêncio. Um suspiro vindo do além. Depois, um ataque de riso.
— Ahahahahahah! Brilhante! Absolutamente hilariante! — gargalhou Ricardo, entre assombrações e tosses do além. — Desculpe… é que pensei que era uma anedota.
— Não, é real.
— Mas isso… isso não pode acontecer. Isso levaria os EUA à bancarrota e comprometeria a sua soberania! Uma nação inteira a viver de imprimir papel e importar realidade? Não me diga que ainda acreditam que isso é sustentável!
— É… mais ou menos o que nos ensinam nas universidades.
— Olhe, o simples facto de colocar essa questão confirma o meu diagnóstico: iliteracia portuguesa avançada. A doença espalhou-se.
— Então o senhor discorda do livre comércio?
— Eu discordo da versão Disneyland do livre comércio. Aquela em que um país trabalha e o outro imprime. Isso não é comércio. Isso é feitiçaria monetária! Se querem chamar a isso “vantagem comparativa”, então eu sou o Padre António Vieira.
O ambiente começa a esmorecer. A vela tremeluz, o ar aquece.
— Vou-me. A eternidade espera. Mas antes, um conselho: leia Adam Smith. Ao menos ele tinha senso de humor. E não se esqueça — concluiu, com voz a desaparecer — quando o comércio é livre mas a moeda é mágica, o feitiço volta-se sempre contra o feiticeiro.
A médium desmaiou. Eu paguei com cartão.
Fiat.
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