-Quem é que eu preferia que ganhasse as eleições para a presidência do PSD, o Rui Rio ou o Paulo Rangel?
-O Paulo Rangel.
-Porquê?
-Porque, para os críticos e adversários do sistema instituído pelo PS e pelo PSD, ele é um alvo mais fácil de abater. Com ele a presidente do PSD, não é apenas o PSD que vem para baixo, é o próprio sistema que, ao longo dos últimos 40 anos, o PSD construiu em alternância e em conluio implícito com o PS.
O Paulo Rangel é facilmente elegível como a figura paradigmática da corrupção do sistema político e judicial português. Não é fácil dizer o mesmo acerca do Rui Rio.
O Paulo Rangel é a figura acabada do político que enriqueceu ilicitamente através da política e do que deveria ser serviço público; dos conflitos de interesses entre a política e os negócios e entre a política e a justiça; do tráfico de influências que esses conflitos de interesses permitem e induzem; das negociatas e dos cambões próprios de quem tem um pé no sector público e outro no sector privado; do poder oculto das grandes sociedades de advogados, como a Cuatrecasas, verdadeiras sociedades secretas (cf. aqui); do jogador (político) que é ao mesmo tempo árbitro (comentador político); da promiscuidade entre a política (na sua condição de político) e a justiça (na sua condição de advogado), que permite utilizar a política para influenciar a justiça, corrompendo-a, e utilizar a justiça para fazer política, corrompendo-a também.
Para quem pretende acabar com a corrupção do sistema político e judicial português, não existe alvo mais apetecível do que o Paulo Rangel.
Quanto mais alto ele subir, maior será a queda - não apenas dele e do PSD mas do próprio sistema, que envolve também o PS (o qual também tem figuras semelhantes ao Paulo Rangel).
Para quem, na próxima campanha eleitoral, fizer oposição política ao PSD e também ao sistema (PSD/PS) - como é o caso do CHEGA -, a pergunta a fazer aos eleitores, perante os écrans de televisão, será obviamente a seguinte:
-Mas vocês querem um homem destes para vosso primeiro-ministro?
Conhecendo-lhe o percurso, a ninguém vai ser fácil responder que sim.
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