24 junho 2021

Um juiz que corrompe a justiça.



"A Comissão Justiça e Paz da Igreja equatoriana deplora a corrupção e a falta de honestidade presentes no sistema judicial que é causa de sofrimento e violência nos setores mais pobres e vulneráveis. Afirma que no passado recente não houve independência de funções no poder judiciário, "seja pela nomeação manipulada de juízes ou por uma clara influência extrajudicial nas sentenças". Ressalta inclusive que muitas vezes "o devido processo legal não existiu ou não foi aplicado"" (cf. aqui)

Eis um admirável apelo - na realidade, uma verdadeira denúncia - por parte da Comissão Justiça e Paz do Equador, um órgão laico que é porta-voz dos bispos equatorianos, acerca da corrupção que grassa no sistema judicial do país.

Infelizmente, em Portugal, a Comissão Nacional Justiça e Paz, um órgão igualmente laico que é porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, não pode fazer o mesmo apelo ou denúncia, apesar de semelhante corrupção na justiça, porque o seu presidente (cf. aqui) é um juiz que, ele próprio, corrompe a justiça, minando-lhe a independência e a imparcialidade e aceitando ser parte de processos de nomeação manipulados (cf. aqui).  

Uma vergonha. Até os equatorianos nos dão lições de democracia e de como limpar a corrupção na justiça. Nós, pelo contrário, exibimos um juiz desembargador a exemplificar a corrupção que vai na justiça.

É uma vergonha para Portugal e para a própria Igreja Católica. Para que é que a Igreja quer ter um juiz desembargador a presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz - para ele mexer influências no sistema de justiça afim de absolver padres pedófilos? Ou é para absolver algum bispo que, inadvertidamente, tenha posto a mão na caixa das esmolas? Ou será para perseguir hereges na impunidade?

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