17 dezembro 2019

A Loja da Dra. Raquel (4)



4. A Senhora de Fátima

Esta semana, a loja da Dra. Raquel - que é a Procuradoria-Geral Distrital do Porto -, e o seu departamento de produção de crimes - que é o DIAP do Porto - produziu mais duas dezenas de criminosos de uma só vez, e imagino eu - porque as notícias são omissas a esse respeito - algumas centenas de crimes.

O local desta crimalhada toda é a casa mortuária do Hospital de Aveiro. Os funcionários da casa mortuária aprontavam os cadáveres para os funerais e, às vezes, recebiam umas gorjetas pela rapidez com que o faziam. As gorjetas iam de cinco a cem euros. De vez em quando também recebiam um almocito das funerárias, imagino que pela época do Natal (cf. aqui e aqui).

Há mesmo um caso extraordinário. Alguém morreu ali na zona de Aveiro e, aparentemente, um familiar, não sabendo ou não querendo preparar o cadáver para o enterro, terá pedido a um dos funcionários da casa mortuária do Hospital de Aveiro para o fazer. No fim, o familiar do morto teria dado uma gorjeta ao funcionário, como faria qualquer português que se preze. Pois o funcionário da casa mortuária está agora acusado de corrupção passiva pelo pessoal da Dra. Raquel.

As investigações do DIAP-Porto acerca deste caso recuam a 2009, dez anos de longas e profícuas investigações. Gorjetas a partir de cinco euros para despachar os mortos da casa mortuária para o cemitério, e vestir um morto para o mesmo efeito, aceitando em troca uma gorjeta, são os grandes crimes de corrupção que a loja da Dra. Raquel descobriu em Aveiro.

Abençoado país em que a corrupção envolve gorjetas de 5 euros e vestir mortos para os despachar para o cemitério. Num país onde a corrupção fosse a sério pagava-se 5 mil euros a um jagunço para mandar alguém para o cemitério.

Os portugueses pedem favores (cunhas) e dão gorjetas. É parte da sua cultura que tem origem no seu catolicismo. Os portugueses vão a Fátima pedir à Virgem Maria favores para si e para os seus e deixam lá uma esmola para os pobrezinhos. Caso contrário, seriam uns ingratos.

Eu estou à espera que um dia destes, da loja da Dra. Raquel, saia a notícia de que a Senhora de Fátima foi constituída arguida por corrupção passiva.

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