A auditoria à CGD (cf. aqui) veio revelar aquilo que é o maior mal das instituições públicas em Portugal - os partidos políticos, e as corporações assentes nos partidos políticos, tomaram conta das instituições. Estas deixaram de servir o interesse público para passarem a servir interesses partidários e corporativos.
O mal não é exclusivo da CGD. Ele está presente no HSJ através da história do Joãozinho.
Quando se percebeu que a Associação Joãozinho estava lá para fazer a obra em favor das crianças, alheia a tudo o que fossem interesses partidários e corporativos, as dificuldades começaram a surgir.
Primeiro, foram os obstáculos ao começo e ao avanço da obra. Os três primeiros, a Associação Joãozinho conseguiu ultrapassá-los, e a obra só foi parada ao quarto obstáculo, que é aquele que ainda hoje a mantém parada.
Para vencer o segundo obstáculo, tive de recorrer a um comentário televisivo contundente que mais tarde me levaria a tribunal. A acção em tribunal foi desencadeada pela Cuatrecasas, assessora jurídica do HSJ, mas teve, obviamente, o assentimento prévio da administração do HSJ, sua cliente (e da mesma côr partidária). Por outras palavras, foi uma combinação entre ambas.
Olhando em retrospectiva, foi a maior ofensiva desencadeada para acabar com a obra do Joãozinho.
Não surpreende que tenha sido desencadeada por uma armada (cf. aqui) que impressionava pelos números e onde sobressaíam os militantes do PSD, com um ou outro do CDS pelo meio. Até a sociedade de advogados que foram buscar para se representarem ostenta na sua designação social o nome de um grande barão do PSD (Miguel Veiga, entretanto falecido).
Os partidos não permitem que se entre nas instituições públicas com o sentido de bem-público ou de bem-comum. Mas no caso do Joãozinho, o resultado final ainda está para ver.
Este conflito, como vários leitores já se aperceberam, é um conflito entre a cultura católica e a cultura protestante. Prevalece o bem-comum ou os interesses sectários?
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