12 agosto 2018

torcer o nariz

Dois dos meus colegas de blogue, o rui a. e o CGP, andam estas férias a visitar países liberais, e parece que não estão a gostar muito do que vêem.

O rui a. na Holanda (aqui), o CGP nos EUA (aqui).

Eu lamento só agora ter despertado para o tema, mas tenho andado muito ocupado a defender a (minha) liberdade de expressão contra uns safados que andam por aí, bem como uma obra que lhe está relacionada - a do Joãozinho (um projecto mecenático na tradição liberal britânica) - e não tenho tido disponibilidade para muito mais, além de ter monopolizado o blogue.

Voltando ao assunto, o rui a. viaja em família, o CGP não sei.

Pergunta: não será a família (ou o "sentimento de comunidade" a que alude o CGP) que lhes faz torcer o nariz ao que vêem?

Eu julgo que sim.

A ideia com que fiquei depois de os ler é a de que, embora eles apreciem os valores liberais que prevalecem nessas sociedades, depois não gostam de alguns dos seus resultados.

O ideal, portanto, seria ter a parte boa do liberalismo - a principal é, talvez, o seu dinamismo económico - sem ter de lhe suportar os defeitos, de que o principal é bem capaz de ser a falta de sentido de família (ou de comunidade).

Também se arranja. E existe em Portugal.

É o Opus Dei - o liberalismo com sentido de comunidade.

2 comentários:

zazie disse...

Não é nada. Esse é o "liberalismo directamente para o capucho que até pode ser da Nike"

E nem precisa de sacrifícios de vida diferente da dos que depois acha que pode julgar, conduzir, pedir batatinhas e mandar lá do alto. E as alturas não costumam ser celestiais, são mais do tal status que o liberalismo bafejou e dourou.

Eu prefiro a boa tradição católica dos velhos curas de aldeia. Umas espécies praticamente em extinção

Mas ainda existem. Tal como existem cada vez mais padres que são conservadores e dão missa segundo o Rito Romano.

Ainda não me aproximei de nenhum deles, porque nestas coisas tenho o pavor do grupinho e que depois a desilusão estrague tudo.

Mas, pelo menos, aqui em Lisboa já se pode ir à missa sem a palhaçada da aeróbica e do sermão político escardalho, a imitar a pastorícia prot e anglicana.

zazie disse...

Não acompanhei porque faz hoje 3 semanas que fui albarroada por um camião.

Mas como o albarroamento até teve o condão de rejuvenescer uns 30 anos, agora estou a usá-lo em coisas mais ao vivo e as virtuais têm muito tempinho de esperar.

Ainda assim, deixei um comentário nao Pedro Arroja que acho que vai publicar.

E isso para dizer que nessa parte concordo com o Rui.

Nas outras nem sei muito bem do que estiveram a falar em vacances.

Tenho família por afinidade lá pelas bandas da Holanda. O Holandês já me explicou muito bem em que consiste a longa tradição de "tolerância holandesa".

Não é nada não fazer julgamentos morais. Eles fazem e bem. Mas depois são pragmáticos e usam a política de "vista grossa" desde que com ela também lucrem carcanhol.

Toda essa treta que é imoral e eles consideram imoral, pode ser permitida sem ser legalizada ou considerada moral pela Lei (tradição besta do jacobinismo de Estado de tradição francesa e agora usado por cá)

Com a condição que paguem impostos

AHAHAHAHHAH

Está fora da lei, podem fazer porque ninguém se intromete nessas coisas de vivência comum para não haver atrito mas a boa da tradição mais antiga que é moral, faz pagar a imoralidade que até pode ser pública e "pour épater le bourgeois".