Desde há muitos meses que eu tenho um duplo sentimento de injustiça por resolver.
Primeiro, por me terem parado uma obra que estava a decorrer normalmente e que, a esta hora, estaria em vias de conclusão, resolvendo o problema das crianças internadas no HSJ (cf. aqui).
Segundo, por os prevaricadores, fazendo-se de vítimas, me terem posto um processo judicial por ofensas que visava liquidar a credibilidade da Associação Joãozinho e da minha própria pessoa matando definitivamente a obra do Joãozinho (cf. aqui).
O julgamento prossegue na próxima Sexta-feira e a pessoa cuja actuação maior curiosidade me desperta para esse dia é o Papá Encarnação. Ele é o chefe desta armada de testemunhas de acusação (cf. aqui), a maior parte advogados, a maior parte pessoas que eu nem sequer conheço.
Procuro pôr-me no lugar dele e pergunto-me o que faria em face de uma situação tão embaraçosa como aquela em que ele se colocou, sobretudo depois das notícias vindas a público nas últimas três semanas.
Uma solução seria abandonar o patrocínio da causa. É pouco provável que ele adopte esta via. Em nome da sua sociedade de advogados (Miguel Veiga, Neiva Santos e Associados) ele está a representar colegas de profissão - os advogados da Cuatrecasas. Existe entre eles uma lealdade corporativa.
Mas além da lealdade corporativa existe também uma lealdade política. Ambas as sociedades de advogados estão conotadas com o mesmo partido político, e com a mesma facção desse partido político.
A segunda via é prosseguir com a acusação. Mas, nesse caso, ele vai ter de fazer de artista, mais ainda - devido à pressão e ao embaraço a que entretanto ficou sujeito -, do que tem feito até aqui.
Ao fazê-lo, ele sabe que, sentado no banco dos réus, vai estar um crítico de arte a observá-lo. E que o crítico de arte reportará o que vir e ouvir no Jornal de Artes e Letras de que ele próprio se tornou, entretanto, um leitor habitual.
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