A cultura democrática, que teve origem nos países protestantes do norte da Europa, é uma cultura de meios, não de fins - ela fixa as regras dentro das quais cada um é livre de prosseguir os fins que muito bem entende na vida.
A cultura católica do sul da Europa, como Portugal, é uma cultura de fins que todos devem prosseguir na vida - o Bem, a Verdade, a Justiça, etc., numa palavra, Deus. E embora ela fixe regras para a consecução desses fins essas regras são suficientemente flexíveis para que cada um possa escolher o caminho que o leva ao fim comum.
Quando a democracia é introduzida numa cultura católica, a liberdade que ela traz associada é vista muitas vezes como liberdade para transgredir as regras já de si bastante flexíveis que conduzem ao fim comum.
Esta mistura torna-se então uma mistura explosiva porque o resultado é uma cultura de batoteiros. Foi disto que o Parlamento deu o exemplo na lei do financiamento dos partidos. As regras de transparência que são impostas a todos na utilização de fundos públicos não se aplicam aos partidos políticos.
Os batoteiros destroem a democracia, que é um regime político assente em regras que são iguais para todos.
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