02 dezembro 2017

uma cultura da razão

"Memorial de agravios: Cataluña es una nación discriminada que no puede desarrollar libremente su potencial cultural y económico. Descubrimiento, constatación, ponderación y divulgación de los hechos discriminatorios, carencias, etcétera, de forma clara, contundente y sistemática. Remarcando la incidencia negativa que esto tiene para el conjunto del pueblo catalán y para cada uno de sus ciudadanos". Este entrecomillado no corresponde a los últimos años, cuando se puso en marcha oficialmente el procés independentista en Cataluña. Es de 1990, cuando el Gobierno de la Generalitat, presidido por Jordi Pujol, encargó a un grupo de intelectuales catalanes un documento titulado La estrategia de la catalanización, que fue presentado ese otoño. (aqui)

A cultura protestante e democrática - expressa no independentismo catalão - é uma cultura intelectual, uma cultura da razão. O seu valor supremo é a Justiça.

A cultura católica e autoritária - expressa pelo Governo de Madrid - é uma cultura popular, uma cultura do coração. O seu valor supremo é a Caridade.

O choque entre as duas culturas - agora, como no século XVI - dá-se quando a prática da cultura católica, baseada na Caridade (amizade ao próximo) é vista como gerando graves injustiças.

O resultado do embate depende de a cultura católica ser capaz de calar os opositores (algo que foi conseguido em Espanha e Portugal no passado, através da Inquisição) ou não (isto é, de prevalecer a liberdade de expressão).

Na Europa de hoje, onde a liberdade de expressão é um valor quase supremo, a causa catalã está destinada a ganhar - tanto mais quanto mais motivos se lhe der para clamar injustiças (o Estado espanhol, com a prisão de dirigentes catalães e o exílio de outros, deu-lhe mais alguns).

Se isso virá a ser bom ou não para o povo catalão é uma incógnita. O El país, no mesmo número de hoje em que publica o artigo citado em cima, publica outro que é propaganda subliminar contra o independentismo catalão. Este.

O "filho pródigo" saiu-se mal ao sair de casa dos pais. Mas há outros que se saem bem.

PS. O que é que pode levar o "El País", que é muito pouco católico e bastante socialista, a ser tão radicalmente contra o independentismo catalão - o valor católico do "amor ao próximo"? Não. O valor socialista (protestante) do poder - um Estado espanhol com a Catalunha é bastante mais poderoso do que sem ela.

Sem comentários: