11 fevereiro 2017

meu

A mãe trata o Chiquinho por meu filho.
Existe muito dela nele.
Sem ela, ele não seria o que é.
Durante os primeiros meses de vida
O Chiquinho não precisou de mais ninguém
Para viver e crescer.
Depois, ela deixou de ser suficiente.
O Chiquinho tem pai,
Que o trata por meu filho.
Se não fosse ele,
O Chiquinho não seria o que é.
Seria diferente.
O Chiquinho tem avós,
Tias, primos, irmãos.
Todos o tratam por meu.
À medida que cresceu,
O Chiquinho teve professores
Que o tratam por meu aluno.
Sem eles, o Chiquinho seria outro.
Amigos e colegas, que o tratam por meu.
O Chiquinho teria sido diferente sem eles.
Hoje o Chiquinho é Engenheiro
Lá na empresa tratam-no por
O nosso Engenheiro.
Com razão.
Sem aquela gente toda o Francisco
Não seria Engenheiro.
Quem é que consegue
Construir casas sozinho?
E quem é que lhe compraria as casas?
Hoje, o Francisco tem família,
Mulher e filhos.
A mulher e os filhos tratam-no por meu.
Meu marido e meu pai.
Sem ela e sem eles
O Francisco não seria a mesma pessoa.
O Francisco recorre a empresas
De telemóveis, automóveis, serviços
Todas o tratam por nosso cliente.
Sem telemóvel, o Francisco seria
Uma pessoa muito diferente.
E sem os seus médicos, sapateiros,
Barbeiros, padeiros, carpinteiros também.
Todos eles influenciaram a vida do Francisco
E por isso o tratam por meu e nosso.
Onde de início só dependia da mãe
Passou a depender da comunidade
De que a própria mãe faz parte.
Aquilo que o Francisco hoje é
É o resultado muito mais
Da comunidade onde nasceu e cresceu
Do que dele próprio.
Foi a comunidade (ekklesia) que lhe deu
Mãe, pai, avós, tios e primos
A mulher com quem casou,
Os professores e os médicos que teve
E também os clientes para as casas que faz,
E os arquitectos que fazem as casas com ele.
Os padeiros, os carpinteiros, os amigos,
Os fabricantes de telemóveis e de automóveis,
Até o padre que o casou.
Um dia o Francisco decidiu que a vida era dele
E queria ter o direito a pôr termo à vida.
Mas como,
Se o Francisco não se fez a si próprio?
A relação não é de propriedade.
É  de pertença.
O Francisco pertence a si próprio,
Mas pertence ainda mais à comunidade.
Sem ela, o Francisco não seria
Nada daquilo que é hoje.
Por isso, tanta gente na comunidade o trata
Por meu e por nosso.
E até quem  não o conhece
O trata por nosso concidadão.
Só a comunidade pôde fazer do Francisco
Aquilo que ele hoje é.
Ele não teria sabido fazer-se sozinho.
E que segredo (ou "tecnologia") possui a comunidade
Para fazer pessoas como o Francisco?
A tradição.
E quem governa a Tradição?
Alguém que quer bem às pessoas
De modo a fazer pessoas como o Francisco.

7 comentários:

Euro2cent disse...

Também não exageremos, 'mos maiorum' era uma excelente técnica agnóstica de sobrevivência até os nossos donos descobrirem o pugresso e desatarem a vendê-lo nas televendas.

Ricciardi disse...

Este post legitima a decisão sobre a vida é a morte pela comunidade.

É o mesmo conceito que subjaz à pena de morte. A comunidade a impor a (pena) morte sobre o indivíduo.

Ora, a comunidade não tem que meter o bedelho sobre uma coisa que não lhe pertence de facto. A vida do chiquinho não é da comunidade, é dele próprio e, em última análise, de Deus. Pelo que só ele ou Deus poderá decidir sobre ela.
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A comunidade pode e deve ajudar o chiquinho. Nunca substituir-se ao chiquinho.
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O mesmo é dizer que a comunidade não pode determinar a morte do chiquinho, nem de ninguém.
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Não cabe à comunidade decidir tirar a vida dum indivíduo. Nem determinar a pena de morte, nem o aborto, nem a eliminação de deficientes, eugenias etc. Nada.

A comunidade só tem que ajudar o chiquinho a ser engenheiro não tem que ajudar o chiquinho a morrer.
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A menos que o chiquinho esteja num sofrimento tão elevado e o fim da vida tão irreversível que solicite à comunidade o favor de o fazer sofrer o menos possível. Boa morte.
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A comunidade não tem obrigação de o fazer mas tão somente a consciencia de cada um.
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Eu aceito como moralmente aceitável, por misericórdia e compaixão, que alguém da comunidade se disponha a aceitar o pedido do chiquinho para este ter uma morte sem sofrimento. E aceito também que aja quem não consiga faze-lo. Fica portanto na consciência individual de cada elemento da comunidade depois de reunidas certas condições do doente terminal. Irreversíbikidsde e grande sofrimento.
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Rb

Pedro Sá disse...

Esta lógica serve perfeitamente para fundamentar todo e qualquer totalitarismo.

Ricciardi disse...

Claro

Anónimo disse...

Até um inimigo do Chiquinho o trata por meu...

"Vem cá meu filho da pu-tta"

Anónimo disse...

Ahahahah

Anónimo disse...

Deixa-me chamar meu ao cu do chiquinho. Dou-lhe uma foda.