16 janeiro 2017

A linguagem envenenada

Ao atravessar o Atlântico a palavra liberal ganhou um sentido praticamente oposto àquele que tem na Europa, que foi onde ela nasceu (Espanha).

Aproveitei a oportunidade para ir de volta ao último livro do conhecido economista liberal F. A. Hayek, The Fatal Conceit - The Errors of Socialism (Chicago, The University of Chicago Press, 1988).

O que é que este homem de quase 90 anos tinha para dizer em jeito de sumário e de conclusão final do seu pensamento?

Dedica um capítulo à corrupção da linguagem (Cap. VII. Our Poisoned Language), que torna difícil, senão mesmo impossível, todo o debate intelectual. Detém-se, em particular, sobre o adjectivo "social" que, colocado junto a um substantivo, particamente lhe inverte o sentido.

Exemplo (da minha autoria): Justiça é, na concepção tradicional, "dar o seu a seu dono". Justiça Social é o oposto: é tirar ao dono para dar a alguém doutrem, alegadamente em estado de carência.

Mas o capítulo mais interessante é o último. Qual o tema que ocupou Hayek nos últimos parágrafos que escreveu para o público,  depois de uma vida de quase 70 anos a escrever para o público (essencialmente, académico), e que o tornou uma referência do pensamento liberal moderno?

Deus.


Sem comentários: