22 dezembro 2016

sweet lies

O Banco Monte del Paschi Siena, o mais antigo do mundo, e o terceiro maior de Itália, está falido e vai ser nacionalizado nos próximos dias. O Estado italiano deitou-lhe a mão.

O Monte del Paschi  tinha o seu equivalente em Portugal no BES, também o terceiro maior Banco do sistema. A diferença é que o Estado português não lhe deitou a mão, deixando-o falir.

Creio que este foi o maior erro de política económica da democracia portuguesa em 42 anos.

O Estado, com a sua entidade de supervisão, existe para garantir a confiança no sistema bancário. Não cumpriu a sua missão, numa total falta de sentido de Estado dos responsáveis da altura - Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças.

Esta semana, o actual Primeiro-Ministro anunciou uma decisão para alegadamente compensar os chamados lesados do BES. Vai custar perto de 300 milhões de euros, mas não tem custos para o contribuinte, assegura o PM.

Não?

Um Fundo vai ser criado que se vai endividar perante a banca em cerca de 300 milhões, com uma garantia do Estado. O dinheiro serve para indemnizar os lesados do BES, recebendo o Fundo em troca os títulos detidos por estes e que não valem nada.

Quando chegar a altura do Fundo pagar o empréstimo à banca, paga-o como?

Olha para trás, pisca o olho ao Estado, e faz accionar a garantia estatal.

9 comentários:

Anónimo disse...

Caro PA,

Bem antes pelo contrario. O BES era uma instituicao moralmente corrupta e que delapidou a PT. O governo anterior fez muito bem em deixar falir o BES.

O governo actual nao vai fazer renascer o BES (e a entrada do irmao do Presidente no Novo Banco tresanda a corrupcao). Vai sim e' por os contribuintes a pagar parte das dividas de quem e' ja' bastante rico (em media, cada lesado perdeu 700 mil euros).

Nao consigo perceber porque e' que voce defende que o BES deveria ter sido salvo.

Nelson Goncalves

Luis disse...

destruir o BES foi uma insanidade...o Banco que mais promoveu a internacionalização da economia portuguesa...o Banco com ligações fortes a Africa , Brasil etc...a destruição do Banco pode-se considerar que foi um acto terrorista!!!

Anónimo disse...

O BES foi em parte falido pelo proprio Estado com as negociatas das PPPs. Acredito que se nao tivesse comecado esta promiscuidade entre Estado, Banca e escritorios de advogados no cavaquismo ainda hoje teriamos BES. Ha raizes no cavaquismo mas acima de tudo o PS montou um enorme projecto de capitalism de Estado misturado com socialismo que ao falir arrastou aqueles a quem aparentemente tinha estendido a mao. A falencia de Portugal continua pois com:

-divida publica a 130% do PIB,

- excesso de velhos devido a falta de jovens e ao aumento da esperanca media de vida,

- emigracao dos melhores,

- excesso de regulamentacao e burocracia castradora que impede novos negocios e projectos inovadores,

- ma legislacao e justica lenta e confuse,

com tudo isto o pais nunca ira crescer acima de 2%.

Anónimo disse...

Paga tu, seu filho duma ganda puta.

Ricciardi disse...

O grande erro coelhino. Lavou as mãos no caso BES e foi por isso conivente com o colapso do grupo mais importante do país.
.
Quanto aos lesados. Faltou acrescentar neste post que, para além da garantia do estado há uma contra garantia do fundo de resolução.
.
Equiparar os lesados do Bes a depositantes normais parece-me muito bem. A única atitude sensata a fazer. Os clientes lesados foram enganados. Pensavam estar a subscrever um produto bancário e foram encaminhados a subscrever obrigações doutras empresas. Esta fraude foi alimentada com a inoperância do regulador que existe para garantir confiança no sistema.
.
Ora, se as instituições do estado não funcionaram deve o estado assumir o ónus da resolução dos problemas causados. No caso vertente, o governo agiu bem porque no limite quem vai pagar esta indenização serão os bancos do sistema, o que fará com que os mesmos passem a fiscalizar-se mutuamente e denunciem novos casos de fraudes em progressão.
.
Os meus parabéns ao governo.
.
Rb

Anónimo disse...

Os clientes lesados foram enganados.
Alguns foram enganados. Outros não: sabiam que estavam num jogo arriscado. Estes confiaram demasiado no DDT. Que resolveria tudo, como até então resolvera (tendo os políticos na mão). Tiveram azar.
Mas quem os enganou não foi o Estado. O certo é que hão-de ser (estão a ser) os contribuintes a pagar mais uma factura pesada.
Apetecia-me dizer um palavrões.
O regulador não operou como devia. Pois não. Mas há algum regulador a operarem Portugal como devia?
Boas Festas.

José Lopes da Silva disse...

O ponto de vista do PA faz todo o sentido, em termos de coerência com a sua linha de pensamento; conheço pessoas de esquerda e centro que votaram PAF pela forma como Passos Coelho solucionou a questão do BES sem que se notasse qualquer efeito visível no sistema bancário.

CCz disse...

o melhor de PPC, ter acabado com o DDT

Ricardo Sebastião disse...

Se a fraude da D. Branca ocorresse hoje, o António Costa viria a correr dar a garantia estatal aos "lesados da D. Branca"!

Enganados foram meia dúzia de clientes, e esses têm de colocar em tribunal quem os enganou! Pessoas como o RAP e afins não foram concerteza enganados e sabiam bem ao que iam! E enquanto tocou de receber generosas remunerações pelo capital investido ninguém gritou que estava a ser enganado!

PPC teve aqui a decisão mais corajosa e válida quiçá na história da democracia portuguesa em que seria tão mais fácil e proveitoso em sede própria aceder ao DDT e meter a mão do Estado por baixo...