02 novembro 2016

Por la fuerza

Outro aspecto interessante da entrevista, e que está relacionado com o anterior, é este:

Los príncipes alemanes lo utilizaron para independizarse de Roma y obtener poder y dinero. Y por el Cuius regio, eius religio, las ideas de Lutero se impusieron en Alemania. Por la fuerza, porque cuando los campesinos se rebelaron contra los príncipes para recuperar derechos y costumbres medievales, Lutero se puso del lado de los príncipes y justificó el derramamiento de sangre que acabó la vida de 100.000 agricultores.

Até Lutero, era a Igreja que decidia entre a verdade e o erro (e entre o bem e o mal). Lutero destruiu a verdade teológica (da qual derivavam todas as outras verdades), negando a Igreja e retirando-a do processo de intermediação entre o homem e Deus. A verdade tornou-se irrelevante e, para todos os efeitos práticos, deixou de existir.

A verdade não existe, passaram a proclamar os herdeiros intelectuais de Lutero. (Na realidade, existe pelo menos uma verdade, essa mesma - a de que a verdade não existe).

A verdade foi substituída por muitas "verdades" pessoais, resultantes das conversas que cada homem mantém directamente com "Deus" e que, na prática, não passam de conversas de cada um consigo próprio.

Mas agora, quando se trata de assuntos que respeitam a toda a sociedade (a partir de Lutero, não é mais possível falar de comunidade, pelo menos na Alemanha) qual ou quais, dentre essa multitude de "verdades" pessoais, vai prevalecer?   Quem decide?

A força, o poder bruto da força. No tempo de Lutero foi o poder dos príncipes, mas não deu bom resultado. Procurou-se uma forma desejavelmente pacífica de poder para responder à questão - o poder da maioria. Curiosamente, também não deu bom resultado - foi ela que produziu  Hitler.

2 comentários:

Pedro Sá disse...

1. Isso que da verdade teológica derivavam todas as outras verdades é, no mínimo, altamente discutível. Nem é preciso irmos além de São Tomás de Aquino.

2. Lutero tinha a sua verdade teológica. E pensar que destruiu a verdade teológica da IC é estar a diminuir esta de uma maneira absolutamente paradoxal. Que eu saiba a IC não desapareceu de circulação e 5 séculos depois está viva e bem viva.

3. Que conceito estranho de comunidade. Que basicamente o PA faz ser sinónimo de "fiéis da Igreja Católica". Quer país com maior sentido de comunidade que os Estados Unidos dentro da sua viva e plural liberdade religiosa??? E desde quando é que a existência de uma comunidade depende da crença de todos numa mesma confissão religiosa?

4. No limite, é sempre o poder bruto da força que tudo decide, seja onde for. Nem que seja em intrigas palacianas no Vaticano.

lusitânea disse...

O Papa Francisco também anda a redescobrir a pólvora.Vamos ver em quantas centenas de milhar de mortes isso vai um dia dar...