21 novembro 2016

mexicanos

Foi em Junho num discurso pronunciado na Trump Tower, em Nova York, que Donald Trump se pronunciou contra os imigrantes mexicanos ilegais e ameaçou construir um muro entre os EUA e o México. Foi este discurso que desencadeou uma onda de impopularidade sobre a sua pessoa na comunicação social  que não mais viria a diminuir.

Praticamente, dava-se como certo que os mexicanos e, mais geralmente, os latino-americanos - que em conjunto constituem largamente a população que as estatísticas referem como "católicos hispânicos" - iriam votar em massa contra Trump.

Puro engano. A cultura católica não é uma cultura de massa.

Se o alvo inicial de Trump tivesse sido a população judaica ou qualquer grupo populacional de cultura protestante, esse teria sido o caso. Mas com os católicos, não, é diferente.

Os católicos depreciam-se uns aos outros. E muitos mexicanos, e outros latino-americanos, terão ido votar  Trump precisamente porque achavam muito bem aquilo que ele dizia acerca dos outros mexicanos, que eram uns patifes e uns fora-de-lei.

É o personalismo católico. Cada mexicano considera-se diferente, para melhor, de todos os outros. Acima dele só os estrangeiros, aqueles que não são da sua cultura, preferentemente judeus e protestantes, ocasionalmente também católicos de outros países..

Experimente  perguntar a um imigrante mexicano legalizado nos EUA se acha bem que outros mexicanos andem a passar a fronteira a salto (mesmo se ele tiver feito o mesmo no passado e, sobretudo, se ele tiver feito o mesmo no passado) e vai ver a resposta que obtém.

Resultado: entre a população hispânica-católica a votação no Partido Republicano subiu 5 pontos percentuais (quase 25% em termos relativos) face às eleições anteriores de 2012. Excluindo o indiferenciado "Other faiths", foi mesmo o grupo onde a votação em Trump mais subiu relativamente ao seu antecessor Matt Romney.

Quedas, e ambas significativas, teve-as Trump entre os judeus e os mormons. E a queda entre os judeus não me surpreende mesmo nada. Os ilegais mexicanos levaram Trump a assumir uma atitude decidida e de autoridade. Os judeus não gostam nada disto - tem semelhanças com um Papa da Igreja Católica e com a cultura católica, que é baseada na autoridade pessoal.


3 comentários:

Diogo disse...

«Experimente perguntar a um imigrante mexicano legalizado nos EUA se acha bem que outros mexicanos andem a passar a fronteira a salto (mesmo se ele tiver feito o mesmo no passado e, sobretudo, se ele tiver feito o mesmo no passado) e vai ver a resposta que obtém.»

Isto acontece porque os mexicanos chegados à mais tempo receiam que os mexicanos recém-chegados coloquem em perigo a sua situação. Seja por lhes ameaçarem os empregos, seja, neste momento de profunda crise, por os recém-chegados, por falta de emprego, se dedicarem à criminalidade. E, por isso, os mexicanos são todos metidos no mesmo saco...

zé manel disse...

Matt Romney?

Ricciardi disse...

1) Os mexicanos votaram (mais de 60% na Hilary)
2) Os cartéis de tráfico de imigrantes adoram pessoas como o Trump. Quanto mais difícil, mais lucro.
3) os cartéis controlam senadores e congressistas.
4) os americanos não vivem sem imigração mexicana
5) expulsar ilegais é prática corrente. A administração Obama recambiou mais de 2 milhões.
6) os judeus não tem nada a ver com isso. Na verdade a primeira visita de estado a Trump em janeiro é do pm israelita.
7) um dos pontos da agenda é tentar demover Trump a não afrontar o irao e sossegar os palestinianos.
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Rb