Embora exista muita propaganda acerca do assunto, acredito que o aumento da violência doméstica em Portugal é uma realidade.
No tempo do Estado Novo, em que fui educado, os valores católicos eram muito mais prevalecentes na sociedade do que agora. E o principal desses valores era a diferença, um valor feminino e também muito católico.
Os rapazes e as raparigas, até certa altura, eram educados em escolas separadas. Havia entretenimentos exclusivos de rapazes (futebol, matrecos, cartas, etc.), e outros de raparigas (ringue, etc.) e os brinquedos também eram diferenciados (carros e bolas num caso, bonecas e ringues noutro).
Na família, não era diferente, e era a mãe que promovia essa diferenciação. Fui educado numa família onde a única mulher era a mãe, que vivia rodeada de cinco homens (o marido e quatro filhos), e só ocasionalmente dispôs de ajuda doméstica. Nunca a minha mãe nos ensinou a fazer qualquer tarefa doméstica (cozinhar, fazer a cama, lavar a louça, etc.). Pelo contrário, lembro-me que um dia se insurgiu contra uma empregada que se aventurou a sugerir-lhe que nós podíamos fazer a cama.
Enfim, havia um mundo para homens e outros para mulheres, e esses mundos eram diferentes. E só mais tarde eu me apercebi que eram também complementares.
Foi somente há poucos anos que, ao relembrar a minha mãe, e ao meditar na educação que ela me deu, me perguntei: Por quê, por que é que ela me educou assim e aos meus irmãos, que mensagem (ou que tradição) ela nos quis passar?.
E a mensagem veio clara ao meu espírito: "Hás-de precisar sempre de uma mulher".
E a profecia cumpriu-se. (E também para os meus irmãos)
Ora, um homem que precisa sempre de uma mulher nunca será violento para ela.
Não vale a pena alongar-me muito mais. Basta pensar o que acontecerá se homens e mulheres forem educados de forma igual, como agora. Amanhã, quando se encontram numa relação, um deles é redundante. Que interesse tenho eu em estar casado com uma mulher que é exactamente igual a mim?(a pergunta vale igualmente para ela). Um de nós vai ter de sair da cena, e normalmente é o mais forte fisicamente que tira o outro da cena.
É a filosofia da igualdade que produz a violência doméstica, como todas as outras formas de violência de massa.
6 comentários:
áí estou eu a declarar em papel azul, timbrado, de 25 linhas que Pedro Arroja está mais livre, mais solto, mais seguro. Só por Deus.
Nos muitos casais que conheço, a família só existe quando a mulher cuida do homem e da prolo, e o homem gosta dela e alomba com o trabalho para dar o sustento à família.
Você é claro.
Imensa barbaridade. O que acontece é que havia censura. O que acontece é que uma imensa quantidade de gente pura e simplesmente não contava socialmente, era como se não existissem.
De resto. Eu não acho nada bem que se queira condicionar alguém à partida seja por que razão for. Cada um é livre de se auto-determinar.
Quanto ao "hás-de sempre precisar de uma mulher" (e nunca um "hás-de sempre precisar de um homem" às mulheres)...isso é a típica pedestalização da mulher sobre o homem, a ideia (de que o PA é o maior defensor explícito) de uma inferioridade do homem face à mulher. Inaceitável, claro está.
Por fim. Essa sua visão dos casais basicamente tresanda a puro e simples interesse. E não atracção nem amor.
é duvidoso se o salazarismo representava valores católicos ou se os representava mais do que qualquer outro regime politico.
Rui Silva
Na família, não era diferente, e era a mãe que promovia essa diferenciação. Fui educado numa família onde a única mulher era a mãe, que vivia rodeada de cinco homens (o marido e quatro filhos), e só ocasionalmente dispôs de ajuda doméstica. Nunca a minha mãe nos ensinou a fazer qualquer tarefa doméstica (cozinhar, fazer a cama, lavar a louça, etc.). Pelo contrário, lembro-me que um dia se insurgiu contra uma empregada que se aventurou a sugerir-lhe que nós podíamos fazer a cama.
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Não querendo faltar ao respeito da Mãe do PA, tenho sérias dúvidas de que não houvesse mães protestantes no UK ou nos EUA contemporaneas (estamos a falar dos anos 40,50) que não disesse o mesmo aos filhos.
Por outro lado, a minha Mãe (tão catolica como a Mãe do PA) ensinou-me nos anos 70 e 80 a fazer a cama e a ajudar na casa. Tal como imensas mães protestantes no UK ou nos EUA na mesma época.
Assim, em que ficamos? A minha Mãe é menos catolica do que a do PA? Ou estaremos a falar apenas de mulheres igualmente catolicas e igualmente boas pessoas que cresceram em épocas historicas diferentes?
Rui Silva
PS. Sim, porque a minha Mãe é católica.
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