em companhia

Como é público, sou uma doente oncológica. Escrevi 700 páginas – julgo que de qualidade - em dois livros a favor da morte assistida, vários textos neste Jornal. Quando não aguentar mais, vão dizer-me que não reflecti o suficiente? Ou os cuidados paliativos vão querer-me basicamente sedada durante inúmeros anos, contra a minha vontade e a do marido, mas com a cumplicidade ditatorial do Estado? Haja respeito pelas minhas convicções, pela minha dor e sofrimento e a de tantos outros. Se essa altura chegar, acham que será fácil separar-me de quem mais gosto? Continuarão a querer que me suicide sozinha, como parece advogar o Bastonário da OM?

Prof. Laura Ferreira dos Santos (aqui)

Não conheço os livros da Prof. Laura Ferreira dos Santos sobre a eutanásia e o suicídio medicamente assistido, que provavelmente contêm a melhor parte da sua argumentação.

O único texto completo que conheço é este, cuja parte substancial reproduzo em cima, para além do Manifesto, de que é a principal promotora e em que suponho ser a principal autora, senão mesmo a única.

Não fiquei impressionado. Coloca uma série de perguntas ao leitor cuja resposta óbvia me parece ser não. Excepto a última que me deixou a pensar o resto do dia e à qual eu responderia sim, embora a Prof. Laura pareça estar à espera de um não:

-Continuarão a querer que me suicide sozinha...?

Normalmente as pessoas  suicidam-se sozinhas, e compreende-se a razão. Por que será que a Prof. Laura quer suicidar-se em companhia?

É esta a questão para a qual ainda não encontrei a resposta.