21 fevereiro 2016

A Tradição

A tradição da Grécia antiga considerava-a uma boa maneira de morrer, a tal ponto que lhe chamou eutanásia, que significa, literalmente, "boa-morte". A tradição da Grécia moderna, que é fruto da Tradição católica e da tradição ortodoxa considera-a uma má maneira de morrer, e por isso, proíbe-a.

A Tradição católica integrou a tradição da Grécia antiga e muitas outras e, nos últimos dois mil anos a Igreja Católica viveu, por intermédio dos seus padres, todas as tradições que existem no mundo, umas favoráveis à eutanásia, outras contra.

Tudo ponderado, ao longo de milénios de vida da humanidade, o seu veredicto sobre a eutanásia é o seguinte:

"Quaisquer que sejam os motivos e os meios, a eutanásia directa  consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas.. É moralmente inaceitável.
 
Assim, uma acção ou uma omissão que, de per si ou na intenção, cause a morte com o fim de suprimir o sofrimento, constitui um assassínio gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito do Deus vivo, seu Criador (...)" (Cat: 2277)

O veredicto é severo e não contém ambiguidade: a eutanásia é um assassínio.


Tradição. A palavra vem do latim e significa transmissão. São muitas as tradições incluídas na Tradição e a principal é a vida humana, sem a qual nenhuma outra faz sentido. A vida é um processo de transmissão, uma tradição, segundo a qual cada um de nós a recebe de outros e a passa a outros. Neste processo, e a respeito da transmissão da vida, a mulher é mais importante que o homem e, por isso, a Tradição é o elemento feminino da revelação (o elemento masculino sendo a Lei ou Escrituras).

A vida eu recebi-a de outros e por isso a minha vida (o pronome possessivo é uma força de expressão, um exagero), só em parte me pertence, pertence também a outros. Por isso, eu não posso dispor dela segundo o meu livre arbítrio (ou liberdade de escolha que é o eufemismo moderno para designar a a mesma coisa).

Não fui eu que criei a minha vida, e não conheço nenhuma mulher nem nenhum homem que tenha criado a sua - excepto um, que criou a dele e a de todos os outros. Mas esse era Deus: "Eu sou (o caminho, a verdade e) a vida".

A Tradição não inclui apenas a vida. Ela inclui tudo aquilo - comportamentos, instituições, práticas, soluções - que, ao longo dos séculos provaram ser boas para a humanidade, que provaram ser um bem-comum - não um bem para mim ou para si, não um bem para os portugueses ou para os chineses, mas um bem para  toda a humanidade. O cozido à portuguesa é uma tradição portuguesa, mas não faz parte da Tradição católica ou universal, porque há muita gente no mundo que não gosta dele.

A Tradição passa-se, em primeiro lugar, através da família (é assim com a tradição da vida, que é universal,  e assim também com as tradições locais ou nacionais), em segundo lugar através da comunidade alargada como a nação e, em última instância, através da comunidade universal (que é precisamente o significado, em grego, de Igreja Católica).

Como a mulher é o centro da família, e não existe família sem mulher, voltamos a encontrar a mulher no centro da Tradição. Para além da vida, a maior parte das tradições universais (paz,  alimentação e educação, preservação da vida, obediência a Deus, bom comportamento perante os outros, etc.) ou nacionais (v.g., cozido à portuguesa, fado) são-nos passadas principalmente pelas mulheres, e pelas nossas mães em primeiro lugar.

Uma nação que reverencia a Tradição põe a mulher num pedestal. Pelo contrário, aquela que a rejeita retira toda a importância à mulher. Na Tradição é Deus que se exprime através das mulheres. Nas Escrituras - a outra fonte da revelação -, é Deus que se exprime através dos homens (Moisés, Cristo, os apóstolos, os padres da Igreja).

Renegar a Tradição, como fez o protestantismo, é negar que Deus (ou o Bem) se possa exprimir através das mulheres. E se não existe Bem nas mulheres só podemos esperar delas o mal. (O jornal Público, que gosta de exibir o seu modernismo protestante, e ainda por cima é dirigido por uma mulher,  publicou há dias uma capa, devidamente captada pelo Joaquim aqui, onde só se vêm mulheres a praticar o mal).

Como é que se forma a Tradição? Estudando a história da humanidade, e de preferência vivendo-a (como a Igreja Católica faz sem rival há dois milénios) e discernindo aquilo que é bom para a humanidade e aquilo que é mau. (Este mesmo julgamento é feito, em primeiro lugar, em relação a cada um de nós, após o nascimento, pela nossa mãe - o que é bom para o bebé e o que não é; para o alimentar dou-lhe leite materno ou café?)

A Tradição é a história da humanidade destilada do mal. A Tradição é o Bem que existe na experiência histórica da humanidade. É aí que está Deus. Só pode ser discernida por uma pessoa ou instituição que tenha acompanhado e vivido a história da humanidade. Não conheço outra mais qualificada do que a Igreja Católica, ela própria uma figura de mulher.

16 comentários:

Euro2cent disse...

> Uma nação que reverencia a Tradição põe a mulher num pedestal.

Árvore errada. O que a tradição cristã fez pelas mulheres foi - algo revolucionáriamente nas origens - instituir a monogamia indissolúvel. Acabou com os haréns e os repúdios de esposas indesejadas, e fez de cada mulher uma matrona segura da sua posição e logo do seu poder, se o soubesse tomar e usar.

Note-se que os aristocratas republicanos romanos já tinham isto para seu uso ( https://en.wikipedia.org/wiki/Confarreatio ), e as famílias dos nossos donos não andam longe do modelo. O 'amor livre' é palha para dar ao gado.

O que a igreja fez foi democratizar o benefício do casamento indissolúvel ao "capite censi", e não é de espantar que a primeira coisa que protestantes, liberais e jacobinos (desculpem a repetição) fazem é abençoar as massas com o divórcio, como fizeram em Portugal em 1910 e 1974.

Porque liberdade, sabem ...

Ricciardi disse...

" A cessação de tratamentos médicos onerosos, perigosos, extraordinários ou desproporcionados aos resultados esperados, pode ser legítima. É a rejeição do «encarniçamento terapêutico». Não que assim se pretenda dar a morte; simplesmente se aceita o facto de a não poder impedir. As decisões devem ser tomadas pelo paciente se para isso tiver competência e capacidade; de contrário, por quem para tal tenha direitos legais, respeitando sempre a vontade razoável e os interesses legítimos do paciente." (cat:2278)
.
"Mesmo que a morte seja considerada iminente, os cuidados habitualmente devidos a uma pessoa doente não podem ser legitimamente interrompidos. O uso dos analgésicos para aliviar os sofrimentos do moribundo, mesmo correndo-se o risco de abreviar os seus dias, pode ser moralmente conforme com a dignidade humana, se a morte não for querida, nem como fim nem como meio, mas somente prevista e tolerada como inevitável. Os cuidados paliativos constituem uma forma excepcional da caridade desinteressada; a esse título, devem ser encorajados." (cat:2279)
.
Rb

zazie disse...

Como há gente estúpida que até mete impressão- fica aqui o Testamento Vital que existe no nosso país e que qualquer pessoa pode fazer.

Estão lá incluídas essas formas de eutanásia que agora querem fingir que nem existem para legislarem as outras mais eugénicas.


https://servicos.min-saude.pt/utente/Repo/Feeds/files/Rentev_form_v0.4.1.pdf

zazie disse...

«Não ser submetido a meios invasivos de suporte artificial de funções vitais

Participar em estudos de fase experimental, investigação científica ou ensaios clínicos

Recusar a participação em programas de investigação científica ou ensaios clínicos

Interromper tratamentos que se encontrem em fase experimental ou a participação em programas de investigação científica ou ensaios clínicos, para os quais tenha dado prévio consentimento Rubrica do Outorgante

Não ser submetido a medidas de alimentação e hidratação artificiais que apenas visem retardar o processo natural de morte

Não ser submetido a tratamentos que se encontrem em fase experimental

Não autorizar administração de sangue ou derivados

Serem administrados os fármacos necessários para controlar, com efetividade, dores e outros sintomas que possam causar-me padecimento, angústia ou malestar

Receber medidas paliativas, hidratação oral mínima ou subcutânea

Ter junto de mim, por tempo adequado e quando se decida interromper meios artificiais de vida, a pessoa que aqui design

o:
____________________________(nome), _______________ (contacto). Receber assistência religiosa quando se decida interromper meios artificiais
»

zazie disse...

Já agora, e isto é que devia andar a ser discutido- os assassinos da Associação de Alzheimer de Portugal, andam a levar esta merda aos doentes para assinarem.

Mas não têm apoio domiciliário sem ser para as zonas de elite e lar só VIP para meia dúzia de alzheimarados da Quinta da Marinha

zazie disse...

O fariseu da cubata que leia e se cale de uma vez para sempre.

Antes a marina que ao menos diz de caras o que quer e que é o mesmo que quer o lobby mundial que anda a legislar esta merda às pinguinhas.

Diz de caras não diz, mas eu puxei-lhe pela língua e acabou a dizer.

zazie disse...

Aqui, em imagem, para esfregarem lá as fuças e verem bem a merda das opções de cruzinha que andam a levar a pessoas com alzheimer.

https://gyazo.com/f74879641ef5c3408cb3721c361759de

https://gyazo.com/79f8e0db934be2103f68dd6fadfd16d3

Oscar Maximo disse...

A tradição falha por uma razão simples: crescei e multiplicai-vos só faz actualmente sentido para economistas. Estes mesmos tinham obrigação de saber que com 7 mil milhões de almas no mundo, a grande maioria terá obrigatóriamente de ser pobre. Ainda antes de esta evidência chegar á cabeça dos economistas, a destruição da Natureza vai acelerar. Mas como, segundo as religiões abraânicas, esta existe para usufruto do homem, parece estar tudo no bom caminho.

zazie disse...

Para resumir esta treta e acabar com trafulhices ao lado.

O que está em casa é uma dicotomia acerca da retirada da vida que se resume entre os defensores da forma caquética e até legislam caquêtanasias e os eugenistas que querem uma vida útil ao extremo e uma morte por assassínio igualmente agradável.

eugenistas e eutanásia são a mesma coisa.

Foi também este o projecto da ideologia nazi.

Agora é bandeira de lobby de esquerda e de "humanistas" ateus filhos-da-puta.

Diogo disse...

«O veredicto é severo e não contém ambiguidade: a eutanásia é um assassínio.»

Bíblia dixit...


E o que é a Bíblia senão uma manta de retalhos escritos sabe-se lá por quem?

zazie disse...

Manta de retalhos é a tua cartilha, ó mongo de caraças.

Desorelha que és demasiado estúpido para seres gente.

zazie disse...

Olha aqui-ó besta- matar alguém é dar-lhe vida e saúde?

Os médicos fazem o juramento de Hipócrates por jurarem a mantas de retalho bíblicas que o dever deles é tratar e salvar e não fazerem de carrascos por conta?

zazie disse...

Matar é matar. Ponto final. Matar a pedido com ambiente new age já existia no filme em que as pessoas também pagavam para terem uma sala com música calminha e depois uns tipos de bata branca que os mandavam para o além.

Não me recordo bem do nome mas lembro-me bem e esse é que devia ser agora visto.

Qualquer coisa " verde".

Vou ver se encontro para esfregar mais esta nas fuças aos nazis da eutanásia.

zazie disse...

https://en.wikipedia.org/wiki/Soylent_Green

É este- com o Charlton Heston.

Este é que se aplica agora aos tarados do abaixo assinado.

Uma cena de ficção de 73 que se torna política real no mundo às avessas do século XXI.

zazie disse...

Aqui- o filme

https://www.youtube.com/watch?v=qyizAHAbPII

É ver que é este o mundo pelo qual militam. Por pura estupidez e por estarem mal-habituados às mais pequenas chatices da vida.

Não aguentam uma crise provocada pelas bestas que vos habituaram mal e desatam logo a berrar que pior não pode ser e que é sair do euro e revolução e Varoufakis e merdas extremistas do género, incluindo tirar Deus de cena, porque estorva.

Só não estorva o Papa Francisco quando também promete paraísos anti-capitalistas por beijinhos.

É não saberem o que são doenças e que a vida não é sempre cor-de-rosa.Como não sabem, e são caprichosos e não temem nada mais que o próprio umbigo, vá de desatarem a chamar cadáveres adiados aos velhos, zombies por enterrar e querem este mundo asséptico, utópico mas charrado como há-de estar a mioleira.

zazie disse...

O PA podia era aproveitar o tempo de antena para lhas dizer todas como eu gostava de dizer.

Carago se esta trampa não precisa de uma grande vassourada de gente conservadora a sério.