10 janeiro 2016

um pai de família

Se eu fosse criança e ficasse sem pai, e fosse necessário escolher um pai adoptivo para mim, eu gostaria que ele fosse escolhido de acordo com os critérios que o Vaticano utiliza para escolher o  chefe de estado, e não de acordo com os critérios que Portugal utiliza para escolher o seu.

O meu pai adoptivo seria um homem, e não indistintamente um homem ou uma mulher; seria um homem de elite, e não um homem qualquer; seria um homem responsável, e não um qualquer  egoísta; ficaria ligado à minha mãe para sempre, e não por um tempo limitado; seria uma figura de unidade na família, e não uma figura de divisão; e, acima de tudo, seria escolhido pela minha mãe, e não imposto à minha mãe.

O povo raciocina no concreto, por analogia e também por imagens. Foi assim também que Cristo se exprimiu através das suas célebres parábolas. É também o modo de pensamento das mulheres, muito mais do que dos homens. Pelo contrário, a massa raciocina à homem, de forma abstracta, por dialogia e argumento intelectual.

O povo é uma figura de mulher, e essa é também a figura da Igreja (Maria). Pouco antes de morrer, Cristo, falando para Maria e apontando para João (o seu discípulo mais novo e também o seu preferido) disse-lhe: "Mulher, tens aqui o teu filho". E, depois, falando para João e apontando para Maria: "Tens aqui a tua mãe". Sem laços originais de consanguinidade, João e Maria ficaram unidos numa comunidade cujo centro é Maria, a mãe. A Igreja (ekklesia, comunidade) é precisamente a figura de Maria. É neste sentido que se diz que o povo é uma figura feminina.

Toda a família gira em torno da mãe, sem a qual não há laços de comunidade, que são laços de amor. É assim na família nuclear e é assim numa comunidade mais alargada, como a Igreja ou uma Nação, como Portugal. A função principal do homem é servir a família - a mulher e os filhos -, uma função sem a qual dificilmente alguma família consegue sobreviver.

Parece irónico que sejam homens (os cardeais) a escolher o homem ideal para a mulher, Maria, que é a Igreja. A ironia desaparece quando nos damos conta que esses homens - o colégio dos cardeais, sendo a elite da comunidade ou povo católico - são precisamente a melhor expressão da figura de mulher em que consiste a Igreja. No fim, o homem é escolhido pela própria mulher, pela comunidade.

Não há homem que mais deseje conhecer uma mulher, e lhe agradar, do que aquele que está impedido de ter relações íntimas com ela. É o caso de cada um dos cardeais, que passaram uma vida impedidos de as ter. Estes são os homens que melhor conhecem a natureza feminina e que mais desejosos estão de a satisfazer, e portanto os mais capazes de escolher um esposo para a mulher, que é Maria, a Igreja.

No fim, o Vaticano elege como chefe de estado um esposo e um pai de família. E Portugal elege o quê?

Veja a seguir.


PS. Não sei se reparou que nos últimos anos do Pontificado de Bento XVI todas as semanas apareciam na comunicação social escândalos sobre a Igreja Católica (sexuais, políticos, económicos, etc.) vindos dos países tradicionalmente opostos a ela, como a Alemanha, o Reino Unido ou os EUA, e subscritos por autores  politicamente mais à esquerda e radicais. Com a eleição do Papa Francisco, há cerca de dois anos, como que por milagre, esses escândalos eclipsaram-se, e deixou de se falar neles. Porquê? Porque a Igreja deu aos contestatários um Pai de que eles gostam mais e no qual eles próprios se revêem. Com Francisco a Papa, qual é o esquerdista que se atreve a criticar a Igreja? Nenhum. A esses contestatários e adversários da Igreja, como a quaisquer meninos mimados, dá-se-lhes aquilo que eles querem e eles calam-se. A Mãe conhece  bem os seus filhos, mesmo aqueles que se encontram extraviados.

5 comentários:

Anónimo disse...

Quantas vezes nos Testamentos (o novo e o antigo) se menciona que se deve ajudar as viúvas e os órfãos?

Anónimo disse...

A mulher orienta as amizades, as afinidades, os espíritos. Só desune quando algum membro da SUA família estiver em perigo.
O homem é bom para trabalhar, para sustentar a SUA família. E chega!
O actual Papa tem muito "apoio" da esquerdalhada. Como Jesuíta e eleito Papa, não pode ser tonto. Deve estar a "fazer-lhes a cama".

José Lopes da Silva disse...

http://presstv.ir/Detail/2016/01/09/445083/Germany-choir-school-Ulrich-Weber-Catholic-Church-Regensburg-Pope-Benedict/ é verdade, o ataque é sempre dirigido a Ratzinger.

Anónimo disse...

São imperdíveis os "Discursos de Setembro", de 2006 a 2012, de Bento XVI. Se não conseguirem arranjar o livrinho, podem ir gravá-los no site do Vaticano e lê-los.
Aconselho a ir por passos, de 2006 até 2012, sem saltar. Dá um melhor sentir da modificação do Papa na forma de redigir: menos académica (mas sempre) e mais próxima do leigo.

Ler devagar. Estar preparado para as críticas que ele endereça com mui grande subtileza.
Um espanto de cabecinha.

Anónimo disse...

Creino, como sempre.
Um grande bem haja.
Seu ( e da histérica da Zazie, bem entendido) de sempre.
Populaça, primo da Marina, homessa, da Marisa