02 setembro 2015

que fizeste ao teu meio-irmão? II

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Mas tal como não devemos tolerar xenofobias e racismos, não nos podemos permitir demonizar aqueles a quem as centenas de milhares de chegadas sugerem dúvidas e preocupações.
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o sociólogo Robert Putnam concluiu que diásporas muito grandes, além da pressão sobre os recursos públicos, diminuem “o capital social” (a confiança interpessoal) das sociedades de acolhimento. A circulação e a diversidade são inerentes à globalização, e provavelmente uma vantagem para qualquer economia competitiva. Mas, como há vários anos pergunta David Goodhart, até que ponto são compatíveis com a coesão e a solidariedade que todos gostaríamos continuassem a estruturar as nossas sociedades?
O simples deve-e-haver não chegam para decidir a questão.
Comentário: Aqui está, neste artigo de Rui Ramos, uma visão muito equilibrada do problema da imigração para a Europa. Ridicularizar as "madames das Avenidas Novas", ou minimizar o problema, é que não ajuda.

5 comentários:

Harry Lime disse...

Bem, aparentmeente a Alemanha nazi, o Sul dos EUA e a Africa do Sul do Apartheid eram sociedades "coesas"... até deixarem de o ser.

As "misturas" são muito boas para aumentar a resiliencia das sociedades, a perda de alguma "coesão" e "confiança" é o preço a pagar. Mais importante, sociedades democraticas que não se esforçam por esconder as tensões inter-etnicas mas por as gerir (ás vezes bem outras mal) são optimas porque não fingem que as tensãoes não existem.

É o principio de uma sociedade robusta no sentido Talebiano do termo.

Rui Silva

Luís Lavoura disse...

a coesão e a solidariedade que todos gostaríamos continuassem a estruturar as nossas sociedades

Isto são palavras de um utopista conservador, não são palavras de um liberal realista.

Luís Lavoura disse...

“o capital social” (a confiança interpessoal) das sociedades de acolhimento

Os EUA do final do século 19, quando os imigrantes europeus estavam a chegar em massa e a economia estava em acelerada expansão, tinham sem dúvida um enorme capital social. E a confiança interpessoal era invariavelmente enorme. Sem dúvida!

Anónimo disse...

Não é indiferente o facto de serem muçulmanos (na sua maioria).

Aqui em Portugal, estou convencido, haveria muito mais solidadiedade se os refugiados fossem de outros povos, com uma cultura mais próxima da nossa.

Filipe

Anónimo disse...

A questão é mais onde alicerçar essa coesão e solidariedade.
Um exemplo: com as invasões bárbaras, soçobrou o império romano do ocidente. A religião revelou-se então o factor de coesão.
Noutras épocas, outros elementos revelaram-se capazes de agregação e sublimação.
A ver o que o futuro nos reserva.