hipercriatividade 5

Numa sociedade feminina, como a portuguesa, a hipercriatividade tinha de ter a sua origem no comportamento das mães. E, de facto, quem abrir os olhinhos para o modo como as mamãs deliram com a “esperteza” das crias não pode deixar de perceber que é por esta via que a capacidade criativa dos pequerruchos é inflacionada e o espírito crítico atrofiado.

Um gatafunho é um Picasso, um poio é uma escultura do Henry Moore, e um parágrafo inacabado e mal ortografado é uma peça de Shakespeare.

Claro que as mães norte-americanas não vão por aí, e muito menos as chinesas que são exigentes até dizer basta. Elogiam mas pedem melhor ou até exigem melhor. Estudam e trabalham com os filhos, dotando-os por esta via das ferramentas sociais necessárias para o sucesso.

Acresce que as mamãs portuguesas, com o seu locus externo, também estão sempre prontas a encontrar bodes expiatórios para os insucessos dos filhos. Enquanto as mães com um locus interno responsabilizam mais os miúdos.

O resultado está à vista, quando crescem estes meninos pensam que são “o último biscoito do pacote” e que tudo o que fazem tem valor. Vai daí, toca a ter ideias.

As nódoas arquitectónicas, as esculturas escabrosas, os filmes que ninguém vê, os projetos megalómanos, as narrativas políticas delirantes, etc., são fruto da hipercriatividade infantil transportada para a vida adulta sem filtro.

A culpa, reitero, é das mamãs. Mas se lhes perguntarem, elas negam.

-       Cada um é para o que nasce – dirão.

-       E o destino marca a hora – costumo responder-lhes.

:-)