05 setembro 2014

Ou há alguém que manda...

Mandarin
an influential or powerful government official or bureaucrat.
Portuguese mandarim, alteration (by association with mandar to order).

Mandarin, um alto funcionário do Estado nos países anglo-saxónicos (v.g., director-geral). Deriva do português mandar.

Este sinal deixado pelos portugueses na China, e que se universalizou, é bem claro da cultura portuguesa. No espírito português ou há alguém que manda ou nada funciona.

Na cultura portuguesa (católica) não é concebível uma ordem social sem que haja alguém a mandar.

Não é assim em qualquer das variantes da cultura protestante, a liberal (calvinista, anglo-saxónica) ou a socialista (luterana, nórdica). Aqui acredita-se que a ordem social é conseguida não com uma pessoa particular a mandar, mas por um processo espontâneo que inclui todos (o "povo"). A cultura liberal acredita que a ordem social se consegue pela acção conjunta do povo, cada um prosseguindo o seu interesse próprio, através do mercado. A cultura socialista acredita que a ordem social se consegue através do poder conjunto do povo, via Estado-Social e democrático.

Se a ambição suprema de uma pessoa racional é a de que um povo ou o mundo seja governado de forma racional só a cultura católica (que é também a portuguesa) pode realizar esta ambição pondo um homem racional a mandar. Na cultura protestante a ambição de racionalidade num país ou no mundo nunca é realizável porque o povo, não sendo uma pessoa, não é uma entidade racional (é a-racional).

Racionalidade só se pode exigir de uma pessoa, nunca do povo.

Porquê?

Porque o povo não a tem.

10 comentários:

Unknown disse...

Caro Pedro Arroja,

Creio que a verdade pura e simples é raramente pura e nunca simples.

Se observarmos e dividirmos os países predominantemente calvinistas - Holanda, parte da suiça Alemã, Flandres, norte da Alemanha, etc - e luteranos - Escandinávia em geral -, vamos encontrar modelos sociais que são diferentes entre si. Qualquer observação mais atenta poderá até concluir que parte da lógica que seubjaz à sua análise está correcta, embora ache que dividir de forma tão simplista entre liberais e socialistas seja excessiva: pode até ser verdade, mas creio que não o pode concluir a partir de tão poucas - e débeis - premissas.

O que acontece nesses países é que eles têm um forte sentido de sociedade e de respeito pelo próximo, que gerem conjuntamente com uma obsessão quase demencial pelo equilíbrio de contas públicas, como garantia de um futuro risonho. Quase que arriscaria dizer que qualquer sistema naqueles países se arriscaria a funcionar, se não soubesse que não é verdade.

Em contraponto, e em Portugal, virtualmente nada funciona porque falta que ajamos tendo em conta uma moral, uma ética, não decretada, não ditada pela lei, mas decidida por todos e por todos aceite, criada por uma ordem espontânea. Faltam referências, falta um imperativo categórico: falta que nos apercebamos que sempre que a nossa acção ou omissão seja suscptível de gerar efeitos sobre terceiros, normalmente maus; temos a obrigação de ponderar a forma como o fazemos.

E, já agora, com instituições que funcionem. Não que atrapalhem.

http://pensamentoliberalelibertario.blogspot.pt

Anónimo disse...

Caro Alexandre,
Não, a verdade é simples.
Você é que a complica um pouco.
Mas já vi donde vem a complicação: imperativo categórico..
PA

Anónimo disse...

Amigo Alexandre,
O que você anda a ler já eu me esqueci.
Abraço.
PA

zazie disse...

ehehehe

Grande boca

Anónimo disse...


Caro Alexandre,

Liberalismo e marxismo apenas divergem na metodologia, é esse um dos argumentos fulcrais do PA.

D. Costa


Anónimo disse...

Caro D. Costa,
Sim, é isso.
Mas não é apenas um argumento (ou uma tese).
É a verdade.
Abraço.
PA

zazie disse...

Liberalismo é socialismo in progress, como diz o Morgadinho da Cubata.

Anónimo disse...


Caro Alexandre,

Eu, aos 23 anos, comprei a obra completa do Kant, o original, os gesammelte schriften, (Deutschen Akademie der Wissenschaften, claro...).
Paguei na altura uns 30 contos, se não estou em erro. O salário de um mês.

Para minha surpresa - ignorância da altura - a obra estava (e ainda está) em escrita gótica.
Tentei uma vez, tentei segunda vez, tentei terceira vez, mas em vão.
Aquilo é ilegível, mais ainda em gótico.

Ainda hoje conservo a obra. Por nostalgia e muito desencanto.
Assim vamos envelhecendo...

Vejo-a, rio e penso no Camilo Castelo Branco: “delitos de mocidade...”

Mas por favor não diga nada ao PA. Nem do Kant nem dos 30 contos.
Ele nunca me iria perdoar tal delito.

D. Costa


Anónimo disse...

Caro D. Costa,
Eu cometi tantos delitos iguais...
Abraço.
PA

Vivendi disse...

"Liberalismo é socialismo in progress"

A prova chama-se EUA. É só fazer um raio X aos EUA de hoje.