11 setembro 2014

A boa moeda afasta a má moeda

O assunto interessará a muito poucos, mas serve para resposta a um comentário, e no final, encerra a verdadeira questão...

Retirado de "Contra Keynes e o Keynesianismo, uma perspectiva da Escola Austríaca"

"5.3. O debate intra-Escola-Austríaca: a banca de “reservas de 100%” versus “reservas fraccionárias” num sistema monetário livre

A questão do modelo institucional do sistema monetário tem sido polémica na própria Escola Austríaca, dividindo-se entre o “Free Banking” (liberdade da prática de reservas fraccionárias) e a exigência legal de reservas de 100%.
A minha posição neste debate é a de que para tal sistema (liberdade monetária em convivência com reservas fraccionárias) ser perfeitamente claro e honesto, existe a necessidade legal de identificar e assim diferenciar ambas formas monetárias que para todos os fins representam contratos não fungíveis: ou seja, um representa uma “promessa de pagamento ou entrega” (a nota ou o registo em conta corrente confere direito a uma promessa de pagamento em espécie, ou seja, a entrega da coisa subjacente), e outro representa um título representativo de um depósito civil (e assim a sua posse plena). Com isto em mente, conclui-se que o próprio registo contabilístico tem de ser diferenciado, tal como uma conta corrente denominada em euros não é fungível com uma conta denominada em dólares.
Adicionalmente pode-se agora especular que se assim for, ambos os contratos deixam de ser homogéneos e fungíveis e o seu valor de troca poderá realizar-se abaixo do par (dado um conter risco de crédito e o outro não) e sendo provável que a boa moeda acabará a afastar a má moeda, o contrário da chamada Lei de Greshman que tem lugar quando legislativamente se força o valor de uma má moeda atribuindo-lhe um valor sobrevalorizado[1], mas, especula-se aqui, não sendo assim, o mercado tratará de afastar a má moeda (neste caso, a promessa de pagamento versus o certificado de posse plena) que circula ao valor que lhe quiserem atribuir, e portanto não artificialmente sobrevalorizada.
Atente-se que a origem das muito citadas crises bancárias do período clássico (após habituais bolhas) está na emissão de “notas” e “depósitos” que não correspondem a coisa (ouro ou prata) depositada, e não na capacidade dos depositantes reclamarem receber o que os seus títulos de propriedade dizem representar (uma dada quantidade física de ouro ou prata), acto então frequentemente e convenientemente caracterizado como de pânico irracional para justificar a protecção dos bancos pelo poder político permitindo-lhes por legislação avulsa poder suspender a conversão em moeda física e assim concedendo protecção de falência. Estamos sim perante uma (interesseira?) deficiente análise jurídica da relação contratual entre emissor de títulos de “promessa de entrega” e emissor de “certificados plenos de coisa à guarda”.
A confusão, ou antes, a sua não distinção entre ambos, por um lado era conveniente a banqueiros e soberanos, e pelo menos temporariamente (em especial na fase ascendente de cada bolha económica) para todos os tomadores de crédito agora capazes de efectuar investimentos a uma taxa de juro artificialmente baixa e adquirindo bens reais a preços que não reflectem ainda a circulação de quantidades adicionais de notas e depósitos (criadas no próprio acto de concessão do crédito) numa relação agora desvalorizada entre a sua quantidade total (de títulos correspondentes a direitos de troca por ouro e prata física) versus coisa realmente depositada.

Uma nota adicional: a boa moeda (com reservas de 100%) afastará a má moeda (reservas fraccionárias) dado que circulando como títulos jurídicos diferenciados, serão objecto de contabilização também autonomizada, e a probabilidade dos títulos de promessa (reservas fraccionárias) serem objecto de desconto parece evidente. Porque iria um detentor de ouro físico amoedado, depositar num banco emissor de títulos "promessa de entrega" em vez de um emissor de verdadeiros "certificados"? O argumento que receberá juro não colhe, porque o segundo também poderá conceder crédito e exigir um juro em "certificados" enquanto o primeiro receberá juros no seu próprio título jurídico de "promessa de entrega" O expectável será existir um rácio de desconto do título de "promessa" em relação ao "certificado" o qual para todos os efeitos o afasta como a moeda e unidade  de conta para preços e contratos. A boa moeda afasta assim, a má moeda.


Não será de somenos de referir que o fenómeno espontâneo e privado do Bitcoin corresponde por natureza a um meio de troca de 100% de reservas.


[1] Um exemplo simples (mas real na história da moeda) desta lei: quando num sistema de curso legal bimetal de prata e ouro é fixada legalmente e de forma sobrevalorizada a cotação relativa da prata, isso induz que todos os pagamentos sejam feitos com a prata (a má moeda) e as pessoas guardem o ouro para si (a boa moeda). O mesmo se pode aplicar a moeda física com conteúdo cada vez inferior de ouro ou prata (a forma original de inflação) tentando-se legislativamente que o seu valor de circulação se mantenha. Essa moeda (a má) passa a ser racionalmente utilizada para os pagamentos e liquidação de dívidas e impostos, enquanto a boa é guardada (as anteriores com maior pureza), desaparecendo de circulação. Essa de resto é a história conhecida do declínio do Império Romano - a sucessivamente menor quantidade de prata de 97% para 2% (ver a sua evolução em http://www.tulane.edu/~august/handouts/601cprin.htm 17-12-2012), cujos efeitos posteriores de tentativa de controlo administrativo dos preços de mercado, já que estes se ajustavam em subida, ajudou a operar a desagregação económica de Roma.

48 comentários:

zazie disse...

O Morgadinho já lhe exsplicou que a má moeda afasta a boa.

Só um toino ia desperdiçar outro podendo adquirir o mesmo com papel

Anónimo disse...

Se o amor é cego, o que é preciso é apalpar...

zazie disse...

desperdiçar ouro.

Os metais preciosos são valiosos por si mesmo. Por isso servem para arrecadar e não para se gastarem na mercearia.

zazie disse...

Portanto, pela lógica do CN é preciso um ditador mundial para proibir o papel-moeda e impõr apenas uso de prata e ouro, com percentagens de lei e cunhados por banco mundial.

CN disse...

Podem usar o que quiser, ouro, prata, bitcoins, o que seja, mas "certificado de posse" de ouro/prata/bircoin é um título contratual diferente de "promessa de entrega ou pagamento" de ouro/prata/bitcoin.

Podem ser usados um ou outro, trocados, mas são diferenciados. Qual é que sobrevive?

Assim só é preciso que alguém faça cumprir o direito civil.

Talvez para isso seja preciso que alguém mande. Posso ser eu.

CsA disse...

Se o zazie fizer trading com a mesma frequência com que comenta sem acrescentar nada ao tópico, não o queria como meu PFA ;)

zazie disse...

O?

Raymond Queneau, não lhe diz nada, aposto.

muja disse...

O Morgadinho já lhe explicou que a má moeda afasta a boa.

Só um toino ia desperdiçar outro podendo adquirir o mesmo com papel


Hmm... será? Um mercado tem compradores mas também tem vendedores.

De "La Guerre des Monaies", de Hongbing Song:

Le principe, auquel beaucoup de gens croient, selon lequel la « mauvaise monnaie » remplace la « bonne monnaie » dans la masse monétaire, dépend d’une condition importante, à savoir l’intervention du gouvernement, lequel force la valeur de la « bonne » et de la « mauvaise » monnaie. Dans un marché naturel, la situation est exactement inverse, la « bonne monnaie » y chasse la « mauvaise », car personne, sur le marché, n’accepterait de « mauvaise monnaie ».

Portanto, se nenhum toino desperdiçaria moeda boa quando podia gastar a má, qual seria o "toino" que, em podendo receber moeda boa pela sua mercadoria, aceitaria a má?

Anónimo disse...

Keynes deitou abaixo a estrutura do edificio de pensamento da escola austrica.
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Vcs têm-lhe um pózinho que nem conseguem disfarçar.
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Curiosamente pegam-lhe sempre pelo lado errado e frequentemente põe coisas na boca dele que ele de facto não disse.
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Então quando começam a desvalorizar o homem a chamar-lhe socialista é de bradar aos céus. Gajo mais capitalista não pode haver. Até exagera.
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O que se passa é que foi um tipo extremamente pragmatico. Há um problema e ele dá caminhos para os resolver. Os caminhos que não são nada ortodoxos, mas que resultaram em boa parte das vezes. Ele tambem não tem culpa que existam governantes que o usem para fins menos correctos, não é?
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Agora, os Austricos tem um problemas de base. Nunca propõem resolver um problema. Dizem sempre que a crise é a solução do problema. É como se um gajo tivesse febre e vcs dizerem para um gajp não tomar nada porque a febre é reação e processo de cura à doença.
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Ora, um gajo sabe disso, mas se existem formas de baixar a febre e o sofrimento por que raios não o haveremos de fazer.
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Ainda outro exemplo do Austriaco tipico: um tipo tem frio e o corpo treme. Keynes arranjava forma de o aquecer. Os Austricos acham que a tremedeira é suficiente para aquecer o corpo.
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E quando se discute com gente que pensa assim não há grandes argumentos que sirvam. Nenhum serve, aliás, porque de facto a tremedeira é uma reação ao frio que faz aaquecer o corpo, como a febre é processo de cura de uma infecção.
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Hayek disse claramente aos seus 'disciplos' que estavam perto do poder de governo para evitarem governar. Porque realmente a pureza da ideologia não se compadece com coisas comezinhas como aplicar as teorias à vida real. A realidade suplantaria a teoria.
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De resto, nas correspondencia que Keynes e Hayek trocaram eu ri-me perdidamente quando Hayek confessou que não conseguia calcular a Taxa Natural, ao que Keynes lhe responderu que podia sempre fazer uma média e usa-la para prosseguir o raciocinio.
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Rb

zazie disse...

Mas é claro que o ouro é sempre aceite para arrecadar.

Ao ponto de até andarem derreter ourivesaria para o vender.

Qual o toino que vende ourivesaria ao preço do metal?

O mesmo que precisa de dinheiro com urgência

Nada disto tem a ver com valor de moeda de troca que tem de ser aferido de outra maneira.

O ouro e a prata são ligas. Valem de acordo com a percentagem de metal puro. Os kilates têm de ser atestados por contrastaria- o chamado ouro de lei.

Como é que querem fazer de uma coisa destas um padrão?

V.s são malucos. Andam para trás. Isso já se fez e deu bode.

O papel também dá bode mas de outra maneira. Daí agora ter de haver controle e serem proibidas certas operações financeiras.

Os ancap querem que valha tudo, incluindo tirar olhos e depois acreditam que vão ser os tribunais a resolver as vigarices.

São malucos. São os alentejanos da neotontice.

zazie disse...

Eles não acreditam nem deixam de acreditar.

É a cartilha da coisa e pronto.

Mas, até dizem algumas coisas certas ao ponto de os comunas gostarem, por parecer que estão a criticar o sistema.

E estão. Mas com zero de alternativa, a não ser utopia para o dia de S. Nunca à Tarde.

zazie disse...

O Morgadinho já deitou isto abaixo há vários anos.

O problema é que isto é como falar com testemunha de jeová- passam à frente da crítica e repetem o mantra.

zazie disse...

Por exemplo- quando dizem que o ouro sempre foi usado por todas as civilizações como moeda por ter características boas para tal, estão certos.

e enumeram correctamente as características que tornam o ouro diferente de qualquer outra convenção a que se atribua um valor.

É verdade.

Até esteticamente é verdade. Pela quantidade existente , idem. Pela facilidade de trabalhar, idem.

Deveriam retirar daqui que o ouro e o seu valor não é uma convenção como o valor do dólar ou do euro, ou de outra moeda virtual.

Mas não retiram.

Acabam a dizer que é o mesmo e assim nem têm explicação para o facto de quem tem ouro arrecada e quem quer comprar casas ou electrodomésticos, ou carros, ou propriedades, compra com plástico ou papel.

zazie disse...

Em existindo as duas possibilidades em pé de igualdade, uma ia servir para lavagem, como sempre foi, em todas as épocas, em toda a parte.

Para existir apenas uma, tem de haver imposição e as minas não são virtuais.

A Guerra aconteceu por isto. Mas não aprendem nada de nada.

muja disse...

Pois. Mas qual é o toino que podendo receber em moeda boa aceita a má?

muja disse...

Qual guerra?

zazie disse...

As 2. Ou as 3.

":OP

A segunda Grande Guerra foi produto da Grande Depressão.

A Revolução Francesa também está ligada ao John Law e cenas assim.

Os bacanos dos yodelings têm um excelente site acerca das bolhas financeiras.

zazie disse...

Mas explique lá como é que o ouro se transforma em moeda de troca.

Qual é o padrão?

È aferido em função de quê?

E acha que mesmo que se chegasse a acordo mundial quanto ao padrão, alguém se desfazia de ouro para comprar batatas, podendo-as comprar com plástico, ou qualquer treta menor?


Receber, até eu queria. Trocava já até a minha casa pelo seu peso em ouro

":OP

zazie disse...

Porque é que julga que em todas as crises há quem faça usura e apanhe o ouro de quem precisa de pagar dívidas?

muja disse...

Eu não julgo nada.

V. argumentou que não é a boa moeda que expulsa a má porque ninguém compra coisas com moeda boa se tiver da má para gastar.

E eu pergunto-lhe que é que vende coisas por moeda má se tiver da boa para receber.

E ainda acrescento: há algum exemplo de tal alguma vez ter ocorrido? Moeda má expulsar a boa?

Porque assim de repente ocorrem-me dois casos onde foi preciso intervenção do Estado para expulsar a moeda boa: as greenbacks e o dólar-prata.

zazie disse...

Elas foram logo expulsas quando os chineses inventaram o papel moeda no séc. VII.

Os próprios que as recebiam, tratavam rapidamente de as arrecadar em troca de simulacros.

O simulacro, como o Mujah deve saber, é mais real que a realidade (já vem na Bíblia)

muja disse...

Quanto a padrões, isso já existiu. Dantes a quantidade de dinheiro era proporcional ao ouro que a "garantia".
No caso de Portugal funcionou perfeitamente, enquanto tivemos contas sãs. Quando não há contas sãs, nada funciona.

E no que toca a guerras, curiosamente, o Reichsmark não estava indexado ao ouro durante o nazismo. Estava garantido por notas de comércio e indústria e pelos contratos de trabalho dos trabalhadores.

O dólar, hoje, é parecido. Mas é a dívida que o garante. A dívida do Estado - logo, dos contribuintes, ao banco privado que o emite.


zazie disse...

A expressão- "entregar o ouro ao bandido" deve vir daí

";O)

zazie disse...

Nós não tivemos um sistema autónomo em relação ao praticado no resto da Europa.

O que tivemos e os bancos têm era outra coisa- reservas guardadas.

Mas, o CN baralha tudo, porque ele sabe muito bem o que são operações de especulação financeira e que essas são mais virtuais que os jogos virtuais.

E não pode haver especulação financeira absolutamente livre, com os lingores das poupanças reais a garantirem o que quer que seja.

Ele sabe que os bancos comerciais foram separados dos de investimento para preservar aquilo que ele quer fazer passar como o único problema- a falta de reservas nas contas a praso.

Ora, as bolhas são provocadas por operações de alto risto, globais, com dinheiro sem cara, apesar de ter haver investidores e, nada disto corresponde a garantias do valor ter de estar guardado na casa-forte com barra de ouro equivalente.

O dito outro podem ser fracções de segundo feitas por um computador em compras de tradding.

zazie disse...

O paleio dos ancap é apenas para chegarem a um único lado-

O dinheiro poder ser feito pelos banqueiros, como no Texas, cada um usar a moeda que quiser, como nos gangs de NY e da mafia e depois salve-se quem puder.

Desde que o Estado não entre, vale tudo. Incluindo tirar olhos.

E tudo em nome da utopia de micro-poder por condomínio familiar.

Pré-História, meu caro. Isto tem ar de cena académica mas é mais à Planeta dos Macacos.

zazie disse...

Errata- a falta de dinheiro nas contas á ordem.

Toda a maluqueira utópica deles se resume a uma cópia da caixa-forte do Tio Patinhas e apenas para contas à ordem.

Até a prazo o cliente sabe que o dinheiro não está lá e tem de haver alavancagem para poder haver lucro.

zazie disse...

E nem falam dos edge-funs nem dos bancos de investimento.

Para convencer papalvo.

Papalvos não faltam. No Brasil já têm papalvo a fazer curso superior destas maluqueiras.

zazie disse...

edge funds e outras gralhas. Estou a fazer outra coisa.

Esta conversa tem barbas.

Era mais prático botar-se link para as dezenas de vezes que já se ouviu e se refutou tudo isto.

zazie disse...

Para Portugal tem uma boa História da Numismática do Leite de Vasconcelos.

Para uma micro ideia, veja aqui:

http://tudosobrenumismatica-dicas.blogspot.pt/2009/11/historia-da-moeda-portuguesa.html

zazie disse...

Mas no Estado Novo houve variações que tiveram de acompanhar os tempos.

A centralização para o Banco de Portugal, com ligação à libra.

Nos anos 40 já os bancos tinham de ter reservas de 50%. Nunca foram reservas totais.

Depois o dólar foi-se impondo em toda a parte.

E depois vieram os bandidos que levaram o outro e destruíram a economia.

Não precisamos da História do Texas para entender a nossa História.

muja disse...

Eu não sei de que reservas fala o CN. Ainda não percebi exactamente.

Parece-me que ele quer dizer que os bancos possam emprestar apenas o dinheiro que têm depositado, ao contrário do que acontece com as reservas fraccionárias em que emprestam 9, 10 ou 100 vezes mais - por isso é que se diz que criam dinheiro do "nada". E é verdade.

O dinheiro poder ser feito pelos banqueiros, como no Texas, cada um usar a moeda que quiser, como nos gangs de NY e da mafia e depois salve-se quem puder.

Isso já acontece. Aliás, o dito sistema de reservas fraccionárias é exactamente isso: o dinheiro é feito pelos banqueiros. Mas usam todos a mesma moeda.

E também é o que acontece nos bancos centrais, particularmente na FED, que é completamente privada e cujo capital é detido pelos principais bancos (hoje em dia também só há esses).
E mesmo o BCE V. sabe de quem é? Eu li algures que o capital é detido pelos bancos centrais dos países da eurozona, mas não sei se é a totalidade, ou sequer a maior parte. E resta saber depois quem é dono desses bancos centrais...

zazie disse...

V. não sabe mas sabemos nós que já lemos esta treta dezenas de vezes.

Ele é ancap. Defende tudo fora do Estado.

O dinheiro podia ser feito pelos próprios banqueiros.

Depois inventaram uma anedota de esses mesmos que passavam a cunhar moeda, livremente, também só podia emprestar mantendo 100% das reservas.

Depois, para repetir a cena à Texas, não havia aldrabice que se safasse porque qualquer pessoa podia pedir em tribunal para verificarem se a reserva correspondente estava lá.

Se não estivesse e tivessem feito o que faz qualquer banqueiro. deixava-se ir tudo à falência e, em vez de ser o Estado a imprimir papel, era a maralha a vender ouro verdadeiro ou falso a cada esquina.

E bitcoins.

Vai um bitoin ó freguês?

zazie disse...

Eu confesso que, de início, ainda dei ouvidos à coisa.

Porque eles sabem ir vendendo o peixe aos bocadinhos e não contam logo a cena toda para não espantar a clientela.

zazie disse...

o FED é dos mesmos que levaram à falência e depois tiveram de inventar um regulador para não irem sem terem o Congresso na mão.

E puseram presidente no poleiro para o aprovar.

É dos pencudos, de quem é que queria que fosse.

Para o caso, o problema não ser de quem é, é haver possibilidades de jogos que ultrapassam a própria forma de os controlarem.

Ora os neotontos, sejam yodelings, sejam de Chicago, têm a mesma fé nas leis da economia que tinha o Marx.

E acreditam na mãozinha invisível a aparar tudo naturalmente.

São todos cientóinos. O problema é esse de base.

zazie disse...

Uns acham que é tudo natural e todas as destruições são criativas e a ganância é boa.

Outros acham o mesmo mas sonham com a destruição total para que a utopia deles tenha lugar.

Quando tivermos regressado à Pré-História, claro.

zazie disse...

Os yodelings vivem com a esperança de recomeçarem o mundo de novo.

E quando recomeçarem vai ser paraíso que nem comuna imaginou.

zazie disse...

O BCE nem pode emprestar dinheiro directamente.

Por isso é que os juros são mais altos.

É o contrário do que v. diz.

muja disse...

Eu não digo nada. Só perguntei de quem é o BCE.

Anónimo disse...

Esta Zazie é mesmo impagável, ninguém que a conheceu de perto se esquece das traquinices endiabradas dos tempos de Zita.

Tudo, já nessa irrequieta idade (Bressão), fazia advinha a cretina que vinha aí. E que cá anda.

Beijocas.
Populaça, o tal do IP6

Unknown disse...

Nã há desperdício algum.

Num sistema de reserva fraccionária, o banco comercial empresta uma quantia que não dispõe nos seus depósitos.

Para além do risco moral sassociado, preocupa-me muito mais o risco sistémico provocado por uma corrida aos bancos que nem o banco central, o emprestador de última circubstância, consegue evitar.

Sobre o crash de 29, vejam o que disse Milton Friedman sobre as suas causas: redução rápida da oferta monetária ao sistema.

Não, a culpa não foi do mercado livre.

http://pensamentoliberalelibertario.blogspot.pt/

CN disse...

"Num sistema de reserva fraccionária, o banco comercial empresta uma quantia que não dispõe nos seus depósitos."

Não é só isso. Por cauda da reserva fraccionária é que os Bancos conseguem criar depósitos do nada, no acto de concessão de crédito.

Anónimo disse...

Num sistema de reservas fraccionária, o banco empresta o que dispõe em activos.
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Se liquidar um banco ele tem dinheiro para pagar os depositos todos.
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O Único risco é o banco emprestar mal o dinheiro e faze-lo de forma sistematica. Mas mesmo aí existem regras para emprestar. Os bancios tem de obedecer a certos critérios para emprestar as massas.
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E se não o fazem e se ninguem dá por isso a culpa é de quem audita as contas.
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Banqueiros, empresarios, electricistas, motoristas desonestos sempre houve e haverá e não é por isso que deixamos de contratar electricistas e motoristas.
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Rb

muja disse...

Empresta o que tem em activos o tanas!

Como é que tem em activos simultaneamente nove a dez vezes o que tem em activos?! - que era a razão no tempo do padrão-ouro?

Isso nem tem lógica nenhuma o que V. diz para aí.

É uma intrujice é o que é.

Uma intrujice que só é possível porque o dinheiro nem sai dos cofres. São números que inscrevem em folhas de papel.

Se o bancos tivessem de emprestar em numerário, esse sistema não era possível.

Anónimo disse...

É o que é. Vc não pode inventar o que quer e lhe apetece.
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Está a fazer confusão.
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Um banco, como qualquer empresa tem um balanço. Um activo e um passivo e mais os capitais próprios.
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O que tem em Activo é financiado pelo Passivo + Capitais Próprios.
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Se a empresa ou banco não estiverem falidos (isto é, com Capitais Próprio Negativos - acumulação de prejuizos) e se pretender liquidar todo activo tem valores para pagar o seu passivo.
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Num banco é igual:
Tem passivos que são os Depositos
Tem Activos que são os Emprestimos
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Se liquidar os emprestimos de supeton paga os depositos todos.
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O risco é que os emprestimos concedidos sejam persistentemente de má qualidade, bem como se toda a gente quiser levantar a massa dos depositos ao mesmo tempo. Não o podem fazer enquanto o banco não liquidar os activos.
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Percebeu ou quer que lhe faça um esquema?
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Nas empresas é exctamente a mesma coisa. A diferença é que as mercadorias não são dinheiro.
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Num sistema de reservas a 100% esse risco era semelhante. Quer dizer, se vc que só tem depositos no banco quiser levantar o seu dinheiro de um só vez iria ter de esperar que o banco cobrasse os emprestimos que fez.
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O que o CN não gosta é de outra coisa. Que a actividade bancária possa expandir a massa monetária. Mas isso é problema ideologico dele, já que a massa monetária máxima possivel é matematicamente calculavel.
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Olhe, se eu alugar um carro a si e vc durante a noite que não usa o emprestar o carro a outro marmelo que precisa dele durante a noite, vc paga-me o aluguer devido e ainda recebe o aluguer do outro marmelo. O aluguer fica-lhe mais barato por isso. E o CN diz ahh mas estão a inventar um carro do nada. Não estão nada. Estão a usar aquilo que vc não usa durante a noite. Quando acabar o contrato de aluguer o marmelo devolve-lhe o carro a si e vc devolve-mo a mim.
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Pronto é isto o sistema fraccionáriode reservas.
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Rb

Anónimo disse...

A coisa é tão bizarra quanto a de perguntarmos onde está a materia prima que eu vendi ontem ao meu cliente e exigi-la de volta.
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O meu cliente já a transformou em produto acabado. Provavelmente já a vendeu.
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Eu não posso ir ter com ele olhe lá devolva-me a materia prima. E ele diz-me epá eu devolvo mas ela está algures no meu activo. Algures entre o processamento, armazem ou mesmo vendida a clientes.
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Se fosse o Muja ou o CN a conversa continuava, epá mas eu quero a minha pequerucha materia-priminha. É claro que o seu cliente não lhe volta a comprar porque vcs mostravam ser maluquinhos.
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No caso do dinheiro a coisa é semlehante, a materia-priminha está algueres no activo do banco. E para a receber tem mesmo que esperar.
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Bom, não é bem assim, na verdade ninguém espera para receber o seu dinheiro.
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Porquê?
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Porque existem bancos centrais que fazem a ponte e injectam liquidez nesses bancos quando estes precisam de ocorrer a reembolsos de depositos mais avultados, nomeadamente me situações de desconfiança.
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É para isso que eles servem.
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Daí que o CN ao bater no sistema fraccionario tambem tem de bater nos bancos centrais senão a coisa não fica completa.
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Rb

zazie disse...

Mas ele bate.

O que ele quer é precisamente que não existam bancos centrais.

Depois considera o dinheiro apenas um bem de troca. Sem ser matéria passível de ter valor por si mesmo.

Mas, como aceita tudo, incluindo tirar olhos, nos bancos de investimento, o bem de troca torna-se matéria virtual sem espinhas.

zazie disse...

Sem bancos centrais, apenas com banqueiros privados a imprimirem notas por ouro e cada uma a usar o que bem quer como bem de troca.

Depois, em havendo azar, vai-se a tribunal privado, pagando à máfia privada que se contratou para tal.

Anónimo disse...

Pois, mas trocar governadores de bancos centrais que ainda vão sendo eleitos por nomeação das governanças (a conselho dos accionistas) por proprietárior de minas de ouro não me parece ser sistema bom. Principalmente tendo a noção de que o mercado do ouro é perfeitamente cartelizado.
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Daí que eu não ache piada a padrões-moeda com base em cenas preciosas, senão em periodos pequenos onde isso seja imperioso por qualquer motivo.
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Em termos puristas sempre achei que a produção de moeda devia ser coisa indexada a pessoas e não a bens.
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Porque são as pessoas que usam moeda. Um regra que tivesse em conta o crescimento e decrescimento da população parecia-me bem e correcto.
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Grosso modo, e só para ilustar a coisa, nasce um rapaz faz-se uma nota. nascem mil imprime-se mil notas. As excepções são apenas as ocoasiões de guerra onde há baixas avultadas e é preciso dinheiro antes de novas pessoas nascerem.
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Eu devo ser o único a defender este sistema. Há os bitcoisos, o padrão-ouro, zinco, moeda, nota, inflação, deflação ou a la gardere, mas ninguém é suficiente maluco para me ouvir.
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É uma pena. os liberais até ficavam bem servidos com esta minha tese. Mas eles sitiam-se no castelo...
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Rb