01 agosto 2014

o triplo choque

Um doente tem anemia, artrite reumatóide e depois aparece-lhe um linfoma, mas negligenciou todos estes graves problemas. O verdadeiro médico faz o ponto da situação actual e propõe um tratamento, não fica a remoer na história pregressa.

Vem este exemplo a propósito da crónica do Pedro Braz Teixeira sobre o manifesto eleitoral do António Costa - uma Agenda para a Década. Costa identifica, e bem, ‹‹a criação do euro, o alargamento da União Europeia a leste e a entrada da China nos mecanismos internacionais do comércio livre›› como, ‹‹um triplo choque, brutal para as debilidades estruturais da economia portuguesa››. É um facto.

Não adianta ficar a dissecar a negligência dos governos do PS em relação a estes problemas, o que é necessário é atacá-los. O Pedro Braz Teixeira é exímio no chamado "problem thinking" (ver também aqui e aqui) mas claudica no "outcome thinking".

Os portugueses não mereciam a governação miserável dos últimos 20 anos, é verdade. Mas também é verdade que a coligação PSD/CDS não atacou nenhuma das fragilidades referidas. Metade da economia continua sovietizada e a outra metade sufocada pelo "enorme aumento de impostos".

É altura de começarmos a pensar em soluções e de nos deixarmos de recriminações.

1 comentário:

sampy disse...

Assim não, caro Joaquim. Então você reconhece como factual o diagnóstico feito pelo Costinha e, na mesma pernada, elogia o Braz, que trata de desmontar o dito diagnóstico?

As soluções já estão pensadas. Falta é encontrar a pessoa (e as condições) para as aplicar.

E que fique claro: nesta história, o Costinha não é o médico; é o vírus.