Os portugueses não têm qualquer sentido de humor, lamentável mas verdade. São bem-dispostos, brejeiros, de certo modo até
infantis, mas nicles de sentido de humor.
Os chamados humoristas que por aí andam não
passam de uns encostados com teias de aranha no cérebro, a gritar e a dizer
palavrões, como se isso pudesse passar por humor. Uma miséria.
Como eu cultivo a ironia e o cinismo, faço
muitas vezes figura de extraterrestre, deixando os meus interlocutores embasbacados.
Normalmente só me apercebo destes lapsos por via de um olhar cúmplice feminino
a dizer-me: ‹‹Ó Joaquim, olha que nem toda a gente aprecia o teu sentido de
humor››. Pois não, que vão fazer um estágio a Londres, a ver se perdem “o pelo
na venta”.
Esta falta de sentido de humor radica em duas
características da nossa cultura: a paroquialidade e a literalidade.
Vamos à paroquialidade. Os portugueses têm um
grande sentido de comunidade (PA), de paróquia, digo eu. Tudo o que ouvem,
portanto, é imediatamente aferido à paróquia. Uma piada sobre gatunagem, por
exemplo, é entendida como uma ofensa. Estão a gozar connosco, ou até, estão a
gozar comigo – autorreferência.
A literalidade é outra característica
relevante, levamos à letra tudo o que lemos ou ouvimos. Aqui na caixa de
comentários do PC, é frequente surgirem críticas que resultam de leituras
literais dos posts, normalmente acompanhadas de insultos boçais.
Esta literalidade não revela estupidez (estou
a ser cínico). É uma característica das sociedades com grande distância ao
poder, a palavra – a palavra do chefe – é para ser cumprida à regra. Daí sermos
literais, queremos agradar ao poder.
Não julgo que esta falta de sentido de humor
desapareça de um dia para o outro. Basta ver o comportamento dos jovens, nas
praxes por exemplo, para perceber isto mesmo. O que o berço dá, a cova tira.
Por fim, uma característica curiosa para a
qual não encontro nenhuma explicação plausível (estou a ser irónico): os portugueses acham que têm um
grande sentido de humor.
Ahahahah
9 comentários:
Convém não confundir o espelho com uma janela.
O Euro2cent disse tudo.
Bastava recordar a capacidade de encaixe que o Birgolino teve quando o Dragão fez ironia com ele.
O Birgolino nem sabe o que é ironia.
Creio que só o João Miranda a pratica, aqui na blogo, depois de o Dragão ter fechado o estaminé.
De todo o modo, sím, é verdade. Os tugas são demasiado sentimentais para poderem cultivar o humor negro ou a ironia que é uma coisa cool.
Mas olhe, v. diz que os tugas tomam tudo como "autorrreferência".
Pois então explique lá onde estava o seu sentido de humor quando acusou as outras sujeitas do paper de estarem a difamar todos os cirurgiões por dizerem que há menos cesarianas no Estado?
Quem é que toma tudo o que diz respeito a médicos como ataque pessoal?
Por que é que todas as demais pessoas podem ser corruptas e isso é tido por natural, e um médico não só não pode como dizer que se baldam e se encostam ao estado é uma calúnia?
Não têm... mas como diz o PA, há sempre a excepção, porque na nação há de tudo: o Joaquim!
Grande sentido de humor aí vai... As suas piadas são fracas e o cinísmo e a ironia da boa (PA, again), afinal é fraca. Depois há o caso corporativo, que lhe dói todas as vezes e há os diversos casos em que não se pode confundir a simples bacorada com ironia...
Por fim, falta-lhe entendimento do meio. Se os seus leitores não o entendem sistematicamente, é óbvio que o defeito está neles, esses grandes broncos. Note que já me estou excluir, porque também sou uma excepção... -- JRF
E quanto a olhares cúmplices femininos, até podiam ser masculinos (não que tivesse algum mal!)... aqui nós não vemos o seu sorriso sibilino, para sabermos, sem margem para dúvida que não é mais uma bacorada, mas apenas outra tentativa para a inalcansável ironia do boa! :)
Mas continue a treinar! -- JRF
Jaquim, nao sei de este post e de um sarcasmo extremamente avancado ou e de uma totozice que ate doi.
Entao o gajo das mulas e dos trocadilhos a la quim barreiros agora queixa-se que o pessoal e uma cambada de brejeiros sem sentido de humor...Em Londres? Deixa-me adivinha a tua referencia de humor britanico e o Benny Hill? Acertei?
https://i.chzbgr.com/maxW500/4551943936/hEB892DB7/
Elaites
A tese do coelho. Era um dia lindo e ensolarado o coelho saiu de sua toca com o notebook e pôs-se a trabalhar, bem concentrado.
Pouco depois passou por ali a raposa, e, viu aquele suculento coelhinho tão distraído, que chegou a salivar. No entanto, ficou intrigada com a actividade do coelho e aproximou-se, curiosa:
- Coelhinho, o que está a fazer aí, tão concentrado?
- Estou a redigir a minha tese de doutoramento - disse o coelho, sem tirar os olhos do trabalho.
- Hummmm... e qual é o tema da sua tese?
- Ah, é uma teoria para provar que os coelhos são os verdadeiros predadores naturais das raposas.
A raposa ficou indignada:
-Ora!!! Isso é ridículo!!! Nós é que somos os predadores dos coelhos!
- Absolutamente! Venha comigo à minha toca que eu mostro a minha prova experimental.
- O coelho e a raposa entram na toca.
Poucos instantes depois ouvem-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois silêncio.
Em seguida, o coelho volta, sozinho, e mais uma vez retoma os trabalhos de sua tese, como se nada tivesse acontecido. Meia hora depois passa um lobo. Ao ver o apetitoso coelhinho, tão distraído, agradece mentalmente à cadeia alimentar por estar com o seu jantar garantido.
No entanto, o lobo também acha muito curioso um coelho a trabalhar naquela concentração toda. O lobo resolve então saber do que se trata , antes de devorar o coelhinho:
- Olá, jovem coelhinho! O que o faz trabalhar tão arduamente?
- Minha tese de doutoramento, seu lobo. É uma teoria que venho desenvolvendo há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos os grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive dos lobos.
O lobo não se conteve e farfalha de risos com a petulância do coelho.
- Ah, ah, ah, ah!!! Coelhinho! Apetitoso coelhinho! Isso é um despropósito; nós os lobos, é que somos os genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa...
- Desculpe-me, mas se você quiser eu posso apresentar a minha prova experimental. Você gostaria de acompanhar-me à minha toca?
O lobo não consegue acreditar na sua boa sorte. Ambos desaparecem toca adentro. Alguns instantes depois ouve-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e ... silêncio. Mais uma vez o coelho retorna sozinho, impassível, e volta ao trabalho de redação da sua tese, como se nada tivesse acontecido. Dentro da toca do coelho vê-se uma enorme pilha de ossos ensangüentados e pelancas de diversas ex-raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e restos mortais daquilo que um dia foram lobos. Ao centro das duas pilhas de ossos, um enorme leão, satisfeito, bem alimentado, a palitar os dentes.
MORAL DA HISTÓRIA:
1. Não importa quão absurdo é o tema de sua tese;
2. Não importa se você não tem o mínimo fundamento científico;
3. Não importa se as suas experiências nunca cheguem a provar sua teoria;
4. Não importa nem mesmo se suas ideias vão contra o mais óbvio dos conceitos lógicos.
5. O que importa é: QUEM É O SEU PADRINHO...
Humoristas? Neste pais só há palhaços. A porra é que estão no poder. Há muitos anos.
ahahah!
Bem esgalhado Elaites!
Susceptibilíssimo dr., não se apoquente. O Dragão estará sempre fora da sua liga (ou o susceptibilíssimo dr. fora da dele), quanto mais não seja porque lá, lá não havia cá pudores.
Que me perdoem as improváveis senhoras que ainda arrastem os olhos para ler estes posts, mas enquanto aqui se mostram umas carinhas larocas de umas "mulas", lá, lá mostravam-se as conaças bem explícitas de mulheres.
A analogia aplica-se a tudo o de mais...
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