14 março 2014

Cavaco arrasa lobby anti-ADSE

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Na nota que acompanha o veto, o chefe de Estado considera que o aumento dos descontos visa “sobretudo consolidar as contas públicas” e manifesta “sérias dúvidas” sobre a necessidade de aumentar as contribuições dos trabalhadores e aposentados para garantir a auto-sustentabilidade dos subsistemas de saúde da função pública.

"Numa altura em que se exigem pesados sacrifícios aos trabalhadores do Estado e pensionistas, com reduções nos salários e nas pensões, tem de ser demonstrada a adequação estrita deste aumento ao objectivo de auto-sustentabilidade dos respectivos sistemas de saúde", refere o Presidente. Tendo por base a nota informativa enviada pelo Governo, refere ainda o comunicado de Belém, os 3,5% permitirão arrecadar uma receita que excede significativamente a despesa prevista no orçamento da ADSE.

"Verifica-se até que, mesmo que o aumento pretendido fosse apenas de metade, ou seja, de 0,5 pontos percentuais, ainda assim haveria um saldo de gerência positivo não despiciendo", justifica Cavaco Silva, "sendo indiscutível que as contribuições para a ADSE, ADM e SAD visam financiar os encargos com esses sistemas de saúde, não parece adequado que o aumento das mesmas vise sobretudo consolidar as contas públicas", argumenta o chefe de Estado.

Público

Comentário: Depois de todos os estudos tornados públicos, da análise do Relatório e Contas da ADSE e da fundamentação do veto do Presidente, só mesmo quem estiver de má fé é que pode continuar a argumentar que a ADSE é ruinosa para o OE.

5 comentários:

tric disse...

temos uma guerra entre Cavaco Silva e Passos Coelho...Cavaco defende o programa cautelar e está contra a entrega a privados da ADSE, enquanto que o sistema financeiro português defende uma saida à Irlandesa e a privatização da ADSE...

luis disse...

Acabe-se com a ADSE de uma vez. Todos os portugueses merecem ser tratados da mesma forma!

Anónimo disse...

Comuna!

Anónimo disse...

Às vezes pergunto-me se o que alguns escrevem ou dizem sobre factos de um passado recente é distorcido de forma deliberada ou devido a pura perda de memória.

Um dos pontos que constava no memorando da troika era a redução progressiva das contribuições para todos os subsistemas de saúde e o seu desaparecimento a curto prazo, com a integração de todos beneficiários no Sistema Nacional de Saúde. Chegados a 2014, vemos que o Governo aumenta para 3,5% o contributo dos beneficiários da ADSE e quer alargar o leque dos “felizardos” abrangidos pelo sistema a “todos os que trabalham para o Estado”, aos funcionários dos correios e talvez aos trabalhadores da justiça e aos militares.

A intenção – Ao contrário do que pensavam os grandes investidores da área da saúde (a maioria bancos), não foram os seguros os maiores fornecedores de clientes/doentes. A ADSE corresponde hoje a mais de 70% da faturação de todos os Hospitais Privados e o seu desaparecimento iria conduzir á insolvência de todos eles. O Estado paga ao Hospital do SNS um valor muito inferior ao que o mesmo Estado, através da ADSE, paga ao Hospital Privado pelo mesmo episódio. Portanto, a verdadeira intenção das medidas anunciadas é a proteção descarada dos grupos privados de saúde, através do reforço da ADSE, travestida de “seguro solidário”. Para quem conhece o sector da saúde, é risível o argumento da cândida proteção á população, para evitar o aumento das listas de espera no atendimento do SNS.

João Araújo Correia

Anónimo disse...

A consequência – O alargamento inusitado dos beneficiários da ADSE vai reduzir a prazo o número de utentes do SNS e tenderá a vir-lhe a reduzir o investimento. Recorrerão aos Hospitais Públicos apenas os que não têm subsistemas e aqueles, como sempre, que têm doenças muito graves e complexas, que não são “rentáveis” para o Hospital Privado.

A falácia – Dizem-nos que a subida da contribuição para a ADSE tornará o “sistema auto-sustentável”. Aquilo que sabemos é que até agora sempre foi deficitário, que sempre recorreu ao Orçamento de Estado para tapar um “buraco” anual, que nunca foi tornado público. Por isso, lhe chamei em tempos “um seguro de saúde para alguns pago por todos”. Mesmo que a ADSE se pague a si própria com a subida da contribuição, tal não se vai manter por muito tempo. Primeiro porque haverá um número significativo de beneficiários com contribuições mais altas que saem da ADSE e adquirem com vantagem um verdadeiro seguro de saúde. Por outro lado, ainda mais importante, é a falta de controlo da ADSE, nas decisões terapêuticas e nos exames realizados. Os doentes do foro oncológico ou reumatológico, muitas vezes com necessidade de uso de terapêuticas muito caras, têm tratamento diferenciado no hospital público ou privado. No primeiro, o doente é apresentado em Consultas de Grupo Específicas e ponderado caso a caso o custo benefício da opção terapêutica. No Hospital Privado o Especialista prescreve e, sem mais delongas, o doente acede á terapêutica.

Sou médico, especialista de Medicina Interna, trabalhador em regime de exclusividade no Serviço Nacional de Saúde, que tem indicadores de qualidade e eficiência, que a todos devem orgulhar. Os serviços, as equipas e as práticas médicas de excelência, são muito mais importantes do que os edifícios de mármore reluzente. Não sejamos ingénuos, para que não venhamos a perder aquilo que já conseguimos.

Médico
João Araújo Correia