01 março 2014

aos pobres, tudo parece caro

Sair do Euro e adotar o Bento ou o Escudo é apenas mudar uma "unidade de medida" e portanto não tem impacto direto nos preços, do mesmo modo que o comprimento de uma régua não muda se for expresso em centímetros ou em polegadas.

Infelizmente, com o chamado "fiat money", os Estados tornaram as unidades (monetárias) de medida bastante elásticas e, como a nossa credibilidade financeira anda pelas ruas da amargura, uma saída do Euro implicaria uma desvalorização de 40 a 50% da nova moeda (face ao Euro).

Logo, todos os preços em Escudos passariam a cerca do dobro do preço em Euros. Os produtos, porém, não seriam mais caros, por assim dizer, o seu valor permaneceria constante - ceteris paribus.

E digo ceteris paribus porque se saíssemos do Euro nada ficaria na mesma. Os salários e as pensões seriam comidos pela inflação e o poder de compra dos portugueses colapsaria. Ora, pergunto eu: que impacto teria no preço relativo dos produtos mencionados neste quadro, uma forte diminuição da procura agregada?


















De um modo geral, uma diminuição da procura "esmagaria" os preços de grande parte parte dos produtos representados na coluna da direita desta tabela (os livros da Amazon ficariam obviamente ao mesmo preço...). A dificuldade de continuarmos a importar, porém, aumentaria a procura de produtos nacionais e o preço destes subiria.

Exactamente o contrário do que é afirmado neste post do vitorcunha. Embora, claro, todos tivéssemos de fazer um esforço muito maior para comprar fosse o que fosse. Aos pobres, tudo parece caro.

PS:

Caro vitorcunha,

Acha que o governo PSD/ CDS vai acabar com a declaração conjunta de IRS?

14 comentários:

Carlos Conde disse...

Com o que afirma neste post vê-se que o Joaquim é médico...

Anónimo disse...

Caro Carlos Conde,

K tal argumentar...

Joaquim

Anónimo disse...

1º Com moeda própria Portugal não teria conseguido endividar-se tanto. O Euro praticamente colocou portugal ao nível crediticio de uma alemanha. Com as mesmas taxas de juro e acesso fácil a massaroca tambem... mas sem a mesma capacidade de reembolso. É essa a razão pela qual o estado se endividou e é essa tambem a razão pela qual os particulares e empresas se endividaram na grandeza que sabemos. Com escudo isso seria IMPOSSIVEL.
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2º As exportações estariam a crescer tres vezes mais. Não 5%, mas sim 10% ou 15%.
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3º As importações diminuiriam acentuadamente, deixando espaço a que a produção nacional as substituisse rapidamente. Ninguem compraria um Danone se podia comprar a metade do preço um Mimosa.
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4º Consequentemente o desemprego baixaria para os niveis da decada de 90. Para uns 5% a 7%.
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5º A despesa com prestações sociais, nomeadamente o subs. de desemprego baixaria do actuais 3 mil milhoes de euros para 1/3, com resultados praticos no defice orçamental.
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6º A politica fiscal poderia reduzir as tarifas aduaneiras qb nos produtos importados para os quais não temos possibilidade de fabricar internamente. Petroleo, Materias primas, essencialmente.
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7º Os salarios nominais manter-se-iam ou cresceriam. Isso quer dizer que o povo teria dinheiro nos bolsos para comprar produtos nacionais.
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8º Os salarios relativos às trocas com exterior decresceriam beneficiando os exportadores e prejudicando os importadores.
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9º Em face da desvalorização dos salarios relativos, mas não os nominais, as fabricas estrangeiras teriam mais interesse em investir em unidades de produção em Portugal. Voltariam todas as fabricas estrangeiras que numa decada e meia desapareceram. E foram tantas...
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10º ... e com elas o emprego.
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11º ... e lá voltariam à pátria aquelas centenas de milhares de pessoas que emigraram.
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12º e com eles e com os outros, mais dinheiro, mais consumo, mais produção, mais investimento, melhores vidas, maior felicidade...
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Rb

Joker Alhinho disse...

Fiquei a saber agora, pelo dr. Joaquim, que esse jovem Vitor Cunha também é caro. Eu já andava desconfiado disso desde que ele assentou praça no Blasfémias. Aquilo é o Real Madrid dos blogs, diria até o Manchester City ou mesmo o Bayern, sei lá. E é cada atleta!

Anónimo disse...

13º Ferias no estrangeiro? seriam mais carotas. Provavelmente voltar-se-ia a passar férias onde a real capacidade dos portugueses pode suportar. Nas nossas praias.
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14º Carros? Durariam mais tempo. O tempo suficiente para reaparecerem velhas marcas portuguesas, como a UMM, que fechou na altura em que se resolveu subsidiar a Autoeuropa.
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15º Lembro-me bem, a este proposito, do Ronald Reagan. Ele disse: enquanto for presidente a Harley Davisson não falirá. E não faliu. Ao contrario do que nós fizemos com a UMM os gringos apoiaram a Harley quando ela precisou. Simbolo e orgulho. Hoje é uma marca superlucrativa. Tal e qual seria a UMM se a tivessem apoiado como apoiaram a autoeuropa. Mas preferem o que é estrangeiro. Não há nada fazer.
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Rb

Anónimo disse...

Na verdade, Joachim, os Austerianos defendem quase o mesmo que os defensores de moeda própria. Mas sem a única qualidade que nos torna seres humanos, as emoções. Eles (austerianos) defendem que os factores de custos de produção devem baixar, nomeadamente Salários. A bem da competitividade com o exterior.
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Os Bentistas advogam o mesmo mas têm resultados práticos muitissimo melhores.
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A diferença reside, porém, no caminho. Enquanto q o austerianos preferem que as pessoas e empresas não tenham liberdade escolha alguma, cortando-lhes salarios à bruta, limitando dessa forma o consumo de importações (e porutos nacionais), os Bentistas advogam que a produtividade e competividade para com exterior se faça dando possibilidade às pessoas de poder consumir produção nacional.
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Ora, bem se vê, o Austerianismo leva tudo na enxurrada. As pessoas com salários reduzidos deixam de ter acesso a produtos importados e nacionais. Consolida-se um lado para desconsolidar do outro. A bem da ideia de mercados mundiais livres. É indiferente para os austerianos o conceito de pátria, nação, povo.
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Para os Bentistas a ideia é que as pessoas tenham mais dificuldade em consumir importações, mas que mantenham massaroca no bolso para consumir o que é nacional, não prejudicando os negocios internos, bem como o emprego que estes possibiltam.
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E vc dirá, epá RB, está certo, mas eu não confio em quem nos governa. Provavelmente os gajos iriam fabricar notas a rodos gerando uma hiper-inflação.
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E está certo, seria essa a tentação dos governantes. Porém se por acaso o escudo regressasse, teria de integrar os sistema Target 2 do BCE que gere a liquidez das outras divisas da 'zona Não-Euro'. E neste sistema não é permitido desvalorização inicial superior a 15%. E as subsequentes tem de ter aprovação dos governadores dos bancos centrais da europa.
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Não poderiam, portanto, os governos produzir a moeda que quisessem como antigamente. Teriam de se sujeitar a um sistema (target) onde estão previstas desvalorizações de moeda mas de forma controlada.
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A ideia desse sistema é que não são permitidas desvalorizações à vontade do freguês(há excessão da desvalorização inicial). A emissão de mais moeda seria efectuada apenas para reposição eventual da perda competitividade com o exterior. Ou ao contrario. Poderiam ser elevadas as taxas de juros de desconto para retirar moeda de circulação qdo se percepciona que a cotação está acima do desejavel. Como faz a suiça, por exemplo.
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O mercado deve ser livre como os passarinhos. A cotação das moedas deve fluir naturalmente.
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Se Portugal tivesse o Escudo, se a cotação fosse livre, se por acaso os governos não imprimissem moeda, em face do desiquilibrio da balança de pagamentos (e mais ainda da PII - posição de investimento internacional), Portugal veria o Escudo desvalorizar naturalmente, por uma simples decorrencia entre oferta e procura de moeda, até à cotação de equilibrio.
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Nem é preciso que os governos imprimam mais moeda. A situação das contas externas (PII) encarregar-se-ia de o fazer de forma natural.
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Rb

Anónimo disse...

Ora, Joachim, vista a nivel macro a coisa é simples.
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Com moeda própria os estranjas que exportem para Portugal recebem em escudos. Os bancos centrais desses países acabam por receber escudos e têm-nos em reserva.
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Por exemplo. Imagine apenas dois países. Portugal e a Alemanha. Um com escudos e o outro com euros.
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Sempre que Portugal (as empresas) exportar para a Alemanha recebe Euros. Que serão colocados em contas bancárias.
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Sempre que Portugal importar da Alemanha paga em escudos.
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Quando as contas externas estão desiquilibradas, a diferença entre aquilo que recebe em Euros é inferior aquilo que paga em escudos.
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Na pratica a alemanha tem reservas de escudos de valor superior às reservas em euros que Portugal tem.
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A única via para a alemanha despachar as reservas em escudos em crescimento é iniciar processo de importação de bens portugueses, usando os escudos em reserva para o efeito. Ou isso, ou usar essas reservas em escudos para investir em fabricas em Portugal.
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Com moeda própria os alemães são, digamos, obrigados a comprar a Portugal ou investir em Portugal já que acumulam reservas de escudos que tem de despachar paulatinamente.
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Ora, este processo acelera o equilibrio no comercio internacional entre os dois países. A prazo as trocas entre os dois países equivaler-se-ão, necessáriamente.
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O comercio internacional entre nações volta a equilibrar-se, apagando os efeitos catastroficos que a actual globalização veio trazer ao nivel do desemprego e das condições laborais e desumanas de produção que se acentuaram, levando mesmo a que se possa dizer que se produzem bens por mãos escravizadas.
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Rb

Anónimo disse...

Agora, com vossa licença, vou gozar um bocadinho do aquecimento global que por estas bandas não deixa margem para dúvidas cientificas. A aguazinha do mar está a... 29º.
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Rb

Anónimo disse...

Ó Rb, és o maior utópico que por aqui anda. E também perigoso porque fazes parecer exequivel uma aldrabice em que nem tu acreditas.
Então esta da Alemanha e Portugal!!!
Olha lá no tempo do escudo, alguém constituia reservas em escudo??? Quem? O que acontecia era que as importações eram pagas em moeda franca convertivel, por exemplo dólares, libras, marcos. Ainda hoje as importações de crude são pagas em dólares, ou não?
Se se voltar para o escudo, ou outra merda qualquer, com um problema de dívida soberana para resolver vai ser o bom e o bonito.
Até tinhamos que fechar as fronteiras, senão só cá ficavam os funcionários públicos, esses grandes "produtores de riqueza"!

Anónimo disse...

"É essa a razão pela qual o estado se endividou"?
Permita-me discordar veementemente... o Estado endividou-se da forma que se endividou porque foi tomado de assalto por gatunos e pelos seus controladores do cimento, alcatrão, bancos, energia, comunicações e sei lá que mais.
O Estado endividou-se porque é um estado corrupto ao nível de uma América do Sul.
Se não nos emprestassem não se endividava. É uma verdade de La Palice. -- JRF

Anónimo disse...

Se assentou no Blasfémias é coisa fina... -- JRF

Anónimo disse...

Oh anónimo como é que vc paga ou pagava em dolares ou em marcos?
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Pense nisso e depois falamos.
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Para os comprar tem de usar a sua própria moeda.
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A aceitação internacional da moeda é ditada pela taxa de cambio e pelos bancos centrais que garantem a transacionalidade da mesma. Daí que eu tenha falado no sistema target 2 que assegura aos países não aderentes ao euro a convertibilidade e liquidez das moedas.
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Para eles (banco central) aceitarem um membro esse membro tem de dar garantias de bom senso na produção de moeda.
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JRF, é bem certo de que são ladrões os governantes que nos endividam e endividaram. Mas a ocasião faz o ladrão. Se não tivessem uma moeda socializante (o euro) que deu crédito com rating AA a quem não o merecia eles não teriam a hipotese de nos endividar. O mesmo é dizer que com o escudo a divida NUNCA teria chegado aquele nível. A privada e pública.
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Rb

manel z disse...

A desvalorização do Escudo face ao Euro assenta no pressuposto que a quantidade de Escudos cresceria a uma velocidade superior que a do Euro?

E se isto não se verificar? Quem garante que o Escudo não valorizaria face ao Euro?

A desvalorização implica que o Escudo é introduzido a uma determinada taxa de câmbio e que essa taxa de câmbio cairia em desfavor do Escudo. Mas por que é que assim seria? Como é que o Joaquim sabe a reacção dos agentes económicos?

Anónimo disse...

Ó RB, essa história da moeda e da taxa de câmbio, não é bem assim e você sabe disso!...
Mas tem razão em relação à dívida e ao facto da "ocasião fazer o ladrão". De facto se não tivesse havido condições especiais e anormais na obtenção de crédito através do euro, nada disto teria acontecido.
Há ainda uma outra máxima popular que espelha na perfeição o que se passou e está a passar. Diz o povo, que "a rico não devas e a pobre não prometas"!
Quando os países "pobres" do sul foram por obra e graça do espírito santo integrados no Euro, de facto, embora indirectamente, ninguém lhes prometeu nada?
É evidente que sim, que lhes prometeram a riqueza e o bem-estar do Norte rico!
Só me admira, no meio disto tudo, como foi que a Europa do norte, demorou tanto tempo a apresentar a conta, ou seja, a mostrar o reverso da cuja!....