Lembro-me vagamente da atitude prevalecente,
nos anos 60, em relação aos pobres. Era sobretudo de cautela porque pobre era
quase sinónimo de delinquente e irresponsável.
Os pobres, para os adultos da época (eu tinha
9 anos em 1960) eram “Feios, Porcos e Maus”. Podiam enganar-nos, roubar e até
transmitir doenças infecto-contagiosas.
A minha família tinha os seus pobres de
estimação, como quase todas as famílias burguesas que se prezavam. Mas seguia
uma regra de ouro: só os ajudava em espécie. Dinheiro nunca, porque gastavam
tudo em vinho e deixavam as crianças rotas e à fome.
Quando cresci, desfiz-me desta visão “maligna”
e transferi-me para o campo oposto: todos fomos criados iguais (Declaração de
Independência dos EUA, 1776) ou “todos somos filhos de Deus”.
Acredito que quase todos os seres humanos são
capazes de buscar a sua felicidade, desde que o Estado lhes garanta a liberdade
para o fazer. E ainda que somos dotados do altruísmo necessário e suficiente
para ajudar os incapazes.
A atitude socialista de redistribuir a riqueza
aos pobres em espécie, recorda-me os aspectos mais reacionários do Estado
Novo. Os pobres, agora designados por desfavorecidos, não sabem tratar da
educação, da saúde, nem da sua segurança na reforma.
Se o Estado lhes deixasse dinheiro no bolso
iam fazer o quê?
- Ó Joaquim, diria a minha avó Georgina, já sabes...
vão gastá-lo em vinho.
8 comentários:
repare lá neste mapa
http://globocan.iarc.fr/Pages/Map.aspx
veja os paises muçulmanos. gostava mesmo de saber a taxa de uso de pílula nesses países. e muito curioso como a desenvolvida africa do sul destoa doente do resto do continente..
saiu o global report e nos países desenvolvidos fast food e medicamentos a quilos e tal a coisa está a ficar cada vez mais preta.
Olá marina,
Tem a ver com a esperança de vida. Nos países em que é maior há mais doenças malignas.
Joaquim
ah , faz sentido .obrigado.
comecei logo a pensar nas mulheres 40 / 50 anos e praga de cancros de foro ginecológico que nem me lembrei dos outros :)
Tá bem, mas nessa altura até os pobrezinhos sabiam que "beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses".
"A minha família tinha os seus pobres de estimação, como quase todas as famílias burguesas que se prezavam." - Joaquim
Recordo-me desses tempos.
Também na minha aldeia havia um mendigo e as mães, na sua ânsia de fazer os filhos comer a sopa, assustavam as crianças com essa personagem barbuda e desdentada.
"Se não comeres a sopa eu chamo o..." dizia-me a minha mãe.
Ficávamos apavorados. Havia algo de desumano, de uma bestialidade e ferocidade que a nós, crianças, nos assustava profundamente.
Sei que fugíamos a sete pés do mendigo.
Hoje penso que aquele ser-humano não cabia nesse nosso mundo de outrora feito de beleza, harmonia e perfeição.
(...)
D. Costa
Calou bem o tosquito
Sobre este tema, havia minha adolescência uma anedota notável.
Dois pobres, pedindo esmola, à porta da Igreja. Passa um tipo que lhes deixa uma moeda de 5$00.
Diz um — Vai ali à tasca do Manel e compra 4$00 de vinho e um escudo de pão.
Diz o outro — É pá! Tanto pão!
zombie
À Marina e a outros interessados chamo a atenção que o site que indicou permite fazer uma interessante pesquisa por sexos.
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