uma voz feminina

Se fosse um homem, ainda que meu irmão,  a informar-me acerca de quem é o meu Pai, a minha reacção seria de dúvida:

-Como é que tu sabes?

Nenhum ser humano, que seja verdadeiramente racional,  está preparado para aceitar o  Pai excepto quando esta informação lhe é transmitida por uma figura de mulher e  dita por uma voz feminina.

Um figura de homem e uma voz masculina não dão. Geram dúvida e a dúvida produz discussão, divisão, às vezes luta. Quando todos estiverem cansados, a dúvida produz cepticismo ("Esse não é o  Pai") ou indiferença ("Quero lá saber quem é o  Pai") - ateísmo ou agnosticismo.

Ponha Cristo como o Mediador, o único Mediador, entre o homem e Deus - e tire de lá Maria - e é isso que vai ter - divisão, ateísmo, agnosticismo.

Mais de trinta e três mil seitas cristãs desde que Cristo se tornou a figura central do Cristianismo e uma vaga de agnosticismo e de ateísmo como provavelmente já não existia no Ocidente desde o tempo do próprio Cristo.

Será que os teólogos do Concílio Vaticano II não sabiam que uma comunidade não se faz sem ter ao centro uma mulher? Não, não sabiam. Estavam muito concentrados nas Escrituras, desvalorizaram a tradição das famílias, provavelmente porque nunca fizeram uma.

Acreditar no Pai só porque o meu irmão Cristo me diz que Ele é o Pai?

Nem pensar. Isso é uma fé cega. Fico na dúvida.

Só acredito se a  Mãe o disser. Esta é uma fé racional - e o Cristianismo é uma religião do Logos.

Está certa  a tradição portuguesa. Maria é a figura central do Cristianismo. Sem ela ao centro, todo o edifício cristão vai por água abaixo. Como tem ido nos últimos cinco séculos. O Concílio Vaticano II bem escusava de ter dado mais um empurrão.