uma perspectiva diferente

Num ECG, o médico olha para a atividade elétrica do coração de diversos ângulos. É por isso que os eléctrodos são colocados em várias posições, para obter perspectivas diferentes.

Nas ciências humanas também são necessárias várias perspectivas para consolidar uma determinada visão ou narrativa do Universo. A física, com as suas Leis Universais, dá-nos uma perspectiva diferente e aliciante.

Especialmente aliciante porque é distanciada e teórica. Parece que não tem nada a ver com o dia-a-dia, mas tal como a força da gravidade, ninguém lhe escapa.

Ao refletir sobre a moeda única, eu afirmei que o Euro tem menos entropia do que o conjunto das moedas nacionais e que, portanto, nos deixa com menos escolhas (liberdade), em termos de política económica.

Penso que proferi um juízo sensato, com que poucos discordarão. Quando muito podem aparecer por aí uns senhores engenheiros a afirmar que a moeda não tem entropia, porque tal não consta da sebenta de termodinâmica do IST. E que eu estou chalado, e até é possível que esteja, embora uma licenciatura em engenharia não dê competências em psiquiatria.

Agora, imaginem que eu tinha dito que o Euro era incompatível com o Estado Social, na sua versão pós-25 de Abril. Os insultos passavam de chalado a tosco, rústico, inculto, neoliberal e até “fássista”, não esquecendo o asqueroso, malcheiroso e o filho desta e daquela.

Ora eu prefiro ter uma imagem de chalado do que de “fássista”. Por outro lado, é possível que alguns compatriotas compreendam e aceitem que o Euro nos retira liberdade.

Se assim for, a termodinâmica já prestou um serviço útil ao País.