1. Estará claro, creio, que o processo de crescimento económico se traduz numa redução de custos e preços reais, que se tornam visíveis nominalmente, se não existir um processo inflacionário a contrariá-lo.
2. Assim, qualquer objectivo de estabilidade de preços ou de inflação no consumidor a 2.5% terá de contrariar a tendência de deflação benigna derivado de ganhos de produtividade.
Há no entanto muitos problemas à partida com este objectivo:
- os efeitos da entrada de novas quantidades de moeda nunca são neutrais ou igualitárias no mecanismo de preços. Estas novas quantidades entram na economia em pontos específicos distorcendo uns preços antes de outros, sendo impossível de prever quais. Ou seja, todos o inflacionismo altera a estrutura de preços baralhando o calculo económico e a função emprendedora.
- num efeito conhecido desde os clássicos, mas sempre ignorado, as novas quantidades de moeda beneficiam os primeiros receptores capazes de o primeiro "gastar", precisamente por poderem contar com preços que ainda não acomodaram a nova relação de quantidade total de moeda. Outros serão perdedores, porque estando no final do mecanismo de transmissão de preços, terão provavelmente o mesmo rendimento nominal a ser gasto já quando os preços estão já inflacionados.
(já agora, há motivos para pensar que é o sector primário, agricultores, etc, que mais estão sujeitos a este efeito de empobrecimento em termos reais. E historicamente em crises, é quando estão sujeitos a perder a sua propriedade para a banca...por alguma razão existe uma desconfiança crónica popular com os bancos e a finança e estas pessoas tendem a ser altamente ortodoxas no seu entendimento ainda que intuitivo da gestão da sua poupança e da sua relação com os bancos).
Mais mais relevante ainda:
- o inflacionismo também se materializa pela expansão de crédito por criação monetária, sendo este factor a origem das bolhas temporárias tornando inevitável o aparecimento de crises (onde será necessário e inevitável a baixa de rendimentos).
- ou seja, a suposta vantagem de flexibilidade (a analisar mais tarde) de um sistema moderadamente inflacionário parece estar na origem do próprio problema que pretende resolver.
Ter em conta que este aspecto se torna relevante em alturas de grande crescimento económico pelos melhores motivos, ou seja: quanto maior o aumento real ou sustentado de produtividade (que faz descer os preços nominais) mais a manutenção de um dado objectivo de inflação nos 2.5% tem de ser conseguido por uma maior expansão monetária, ou seja, maiores serão os malefícios, se aceitarmos que os malefícios (sejam quais forem) serão de algum forma proporcionais ao grau de inflacionismo introduzido.
2 comentários:
Aumentar a quantidade de moeda na fase de ciclo recessivo e diminui-la qdo há sinais de recuperação sólidos.
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A razão é simples e intuitiva. Em crises provocadas por colapso na procura (quebra de confiança, receio do futuro etc) e não por motivos de ineficiencia tecnologica, o aumento da quantidade de moeda substitui artificialmente essa quebra na procura.
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As empresas continuam a vender o mesmo e não abrem falência como na lógica austeriana europeia.
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Debelada a crise, e retomado o crescimento, a quantidade de moeda é diminuida paulatinamente, por vários metodos, como o aumento da taxa directora. A economia não entra assim em colapso, o desemprego não aumenta e todos vivem felizes até à proxima crise.
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De outro modo, o austerianismo, tambem se chega lá, mas os custos sociais e politicos são potencialmente elevados e, voltar aos patamares pre-crise, demora decadas. Debelar o desemprego atual é tarefa para decadas.
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Rb
Ora bem, neste fim semana que passou, apeteceu-me ver o ultimo filme de ficção da série Star Trek.
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E vi, claramente, que numa certa ocasião o comandante Kirk tomou uma medida de usar o Warp Speed para fugir de uma crise bélica.
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Na verdade, se dispunha desse instrumento, seria estúpido se o não usasse.
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Não o pode usar muito tempo senão os motores gripam. Mas a medida aplicada no tempo certo acelera a nave e permite uma via rápida para escapar dos conflitos.
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Se navegar em Warp Speed sem sobreaquecer os motores é, pois, uma solução eficiente.
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Da mesma forma que, dispondo a economia de uma forma de acelerar a passagem das crises, a inflaçãozinha, torna-se estúpido não a usar. Não usa-la é enfrentar o inimigo sem ter boas condições de o vencer.
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Já no Star Wars a mensagem é clara e directa:
- May the Force be with you. Como quem diz deixa-te de merdices e agarra naquilo que podes usar. A Força.
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Rb
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