10 janeiro 2014

amar a Deus e ao próximo e respeitar todos os seres vivos e o meio ambiente


Para os católicos, o comportamento moral é o que obedece à Lei Eterna, à Lei de Deus. Lei que está inscrita no coração dos homens, crentes e não crentes (S. Paulo, S. Agostinho). É a chamada Lei Natural.
Este princípio não colide com a hipótese de fundar a moral na biologia ou até na física. Em termos biológicos, o Homo Sapiens é o produto de uma evolução de 3,5 MM anos. Tudo o que está “inscrito no seu coração” é fruto dessa evolução. Em termos físicos, recuamos até à origem da própria vida e ao modo como esta emergiu da matéria inorgânica, para atenuar um gradiente de entropia. Tudo o que está “inscrito no seu coração” é fruto dessa origem.
Quando perguntaram a Jesus quais eram os mandamentos mais importantes do Decálogo (Mateus 22:36-40), Jesus respondeu: amar a Deus e ao próximo. Foi uma resposta que sintetizou, de forma admirável, os mandamentos do antigo testamento (Êxodo 20:2-17). Destes, os primeiros quatro descrevem como “amar a Deus” e os seis seguintes “como amar o próximo”. Honrar pai e mãe, não matar, não furtar, não cometer adultério, não prestar falso testemunho e não cobiçar os bens alheios, são uma expressão obrigatória de amor ao próximo.
Quando nos focamos na biologia, vemos que toda a vida procura replicar-se e que esse é o grande “propósito biológico”. O Homo Sapiens procura o mesmo e, para o realizar, necessita de respeitar a Verdade (amar a Deus) e todos os indivíduos da sua espécie (amar o próximo). Este comportamento moral, já vem inscrito nos genes - no coração dos homens - para realizar os seus próprios fins.
Relativamente à física, a necessidade de reduzir um gradiente de entropia determina que os seres vivos cresçam e se multipliquem o máximo possível. Dentro de um equilíbrio com o meio ambiente que não comprometa o propósito inicial porque exaurir os recursos naturais ameaçaria a existência de vida. Uma moral radicada na física obrigaria o homem, mais uma vez, a respeitar a Verdade e amar o próximo.
Todas as vias, religião, biologia e física, convergem para o ensinamento de Jesus: amar a Deus e ao próximo. Não poderia ser de outro modo porque antes de haver biologia e física, a nossa espécie já tinha tido sucesso apenas com a Tradição.
Agora, a biologia e a física abrem-nos novas fronteiras. Dentro de um equilíbrio fundamental, se Jesus fosse contemporâneo e tivesse estudado biologia e física, poderia ter respondido: os mandamentos mais importantes são ‹‹amar a Deus e ao próximo››, mas também respeitar todos os outros seres vivos (biologia) e o meio ambiente (física).
À luz da biologia e da física, a moral não pode esquecer todas as formas de vida e a Terra mãe.

4 comentários:

zazie disse...

E santificar baratas e ratazanas, já agora, juntamente com todos aqueles vírus bacanas que os médicos desrespeitam a antibiótico.

Francisco disse...

Se a conformidade com as leis da natureza fosse a única fonte para determinar a ética, e se tudo o que eu faço segue as leis da natureza, não haveria forma de distinguir quais das minhas acções são eticamente aceitáveis. Ou eram todas ou não era nenhuma.

Anónimo disse...

Caro Francisco,

O seu raciocínio está correcto, mas é parcial. O homem é um ser dotado de livre-arbítrio e nem tudo o que faz está de acordo com a Lei Natural (ou até leis da natureza).
Matar, de um modo geral, não está de acordo com a lei natural, ou está?

Joaquim

Francisco disse...

Joaquim,

presumi erradamente que fosse reducionista: tudo é deterministíco e segue as leis imutáveis da natureza.

Não sendo, certamente que o que eu disse não interessa.