O que é que a termodinâmica tem a dizer sobre
a morte do Eusébio (e já agora do Nelson Ned)?
Muito! A morte representa sempre um aumento de
entropia, a transformação de um sistema organizado (vivo) num desorganizado
(morto). Isto é inquestionável.
Mas não representa apenas um aumento da
entropia física. O desaparecimento de um marco social, neste caso desportivo
(ou da música pop), desorienta e produz "caos" na sociedade.
É como eliminar um farol costeiro, a navegação
torna-se potencialmente mais perigosa. Até agora, os miúdos podiam sonhar em
ser uns Eusébios, mas a morte do ídolo torna mais virtual essa aspiração. Agora
podem aspirar a ser Ronaldos ou Messis, mas estes ainda não demonstraram o que
valem “fora do campo”.
As situações de aumento de entropia também
representam oportunidades, podem ser uma espécie de “destruição criativa”. Neste caso é uma
geração que simbolicamente se despede.
Quando o meu pai morreu, a minha filha mais
velha, vendo-me triste, disse-me: ‹‹O teu pai estava cansado, já tinha cumprido
a sua missão. Deixa-o ir...››. Foram palavras que me deram grande consolo num
momento difícil.
A geração do Eusébio também já deu o que tinha
a dar ao País. Está cansada e está a despedir-se. O aumento de entropia, como disse, também é mais liberdade para mudarmos o que tem de ser
mudado.
1 comentário:
Desta vez andou bem perto de dizer algo de jeito.
É um facto que é uma despedida de uma fabricação de mito dos tais tempos das trevas do facismo.
Quem disse tudo foi o José (para variar)
http://portadaloja.blogspot.pt/2014/01/e-sempre-meme-coisa-o-mito-de-eusebio-e.html
Enviar um comentário