Esta semana dei uma entrevista à RTP para ser incluída num programa sobre o Papa Francisco.
A certa altura, falava do Kant (a propósito da formação jesuíta do Papa) e dizia que o Kant era um choninhas, um pacóvio que nunca tinha saído da sua parvónia ao mesmo tempo que emitia sentenças com pretenso carácter universal, um tipo que não parou de dizer asneiras de forma dificilmente compreensível, inclusive para ele próprio, que se tivesse nascido em Amarante, e não em Konisberga, que é no estrangeiro, nunca teria escrito nada daquilo ou, se tivesse, ninguém lhe ligava e teria ficado para a história como o tolinho de Amarante...
Só nesta altura reparei que a jornalista que me entrevistava tinha entrado em estado de riso compulsivo. Nesse momento parei até que ela se recompusesse.
Este troço da entrevista provavelmente não sairá a público, mas durante esse dia eu não consegui deixar de pensar continuamente neste episódio. Teria eu cometido alguma injustiça em relação ao Kant?
Não, estou convencido que não. Aquilo que concluí é que tem de haver algo de muito errado, e de profundamente irracional, na filosofia moderna (ou protestante) para elevar ao estatuto de grandes filósofos um choninhas como o Kant, um doente mental como o Nietzsche, um brutamontes como o Marx ou dois panascões como o David Hume e o Adam Smith.
6 comentários:
"Não fulanizemos a questão" é uma frase que circulou por cá já faz uns anos largos. A cena do "ad hominem", etc., etc et tal.
Tal como aquela de até o porco cego encontrar bolota, a teoria não exclui a hipótese de um choninhas topar com a chave para a verdade universal.
Não quer dizer que cérebros desembestados não continuem à procura de reconhecer padrões - é práticamente a única coisa que sabem fazer. Se calhar o truque é não haver chave, ou universo, ou choninhas.
Concordo.
Existe um afunilamento terrível da conhecimento.
Será que próprio papa conhece o pensamento dos antigos escolásticos Ibéricos (também eles jesuítas)?
Mas ainda não se tinha apercebido que uma boa parte do que diz é para rir?... nem é uma crítica... nesse aspecto sou como as mulheres, se há coisa que aprecio é um homem com sentido de humor... -- JRF
Mas foram os portugueses a dar a esses estrangeiros todos o estatuto de grande filósofos ou coisa que o valha?... Ena. Ou para si os alemães na Alemanha também são estrangeiros?...
De uma coisa pode ter a certeza: não é da burguesia e dos bem instalados que sai alguma coisa de jeito, seja nas arres, seja nas humanidades... não é dos broncos preocupados com o que vão vestir para sair logo ou com o próximo carro que vão comprar que sai alguma coisa de jeito... -- JRF
Mesmo os de grandes famílias, endinheirados e sem problemas materiais, eram atormentados... só de homens atormentados sai alguma coisa que se veja... não é de balofos a roer coxas de frango... -- JRF
A parte que ainda é mais para rir é nem perceber porque é uma anedota.
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