Se olhar para os principais filósofos modernos desde Descartes, incluindo os mais recentes, quer aqueles que vão buscar a sua inspiração à teologia luterana (ou socialista ou germânica) quer aqueles que a vão buscar à teologia calvinista (ou liberal ou anglo-saxónica), vai observar uma constante - a sua extraordinária inaptidão para constituírem uma família, a mais simples e a mais pequena de todas as comunidades humanas.
Descartes, Hobbes, David Hume, Adam Smith, Kant, Nietzsche morreram solteiros e sem filhos. Rousseau teve cinco, que abandonou. Alguns casaram, mas nunca tiveram filhos - John Stuart Mill, ou mais recentemente, Ayn Rand, Murray Rothbard, von Mises. Milton Friedman teve apenas um, Hayek abandonou os seus dois filhos e é conhecido que Marx, que teve dois filhos, não cuidava bem da sua família.
São estes homens que, como regra geral, foram incapazes de criar, fazer feliz e governar a mais pequena e a mais simples de todas as comunidades humanas que, no entanto, produziram as ideias que nos servem hoje para nós sabermos como se deve governar um país ou mesmo a humanidade inteira.
Vão pentear macacos.
Vão pentear macacos.
58 comentários:
Rousseau escreveu especificamente um livro sobre educação, coisa que recusou aos seus filhos. Há o génio maluquinho, e depois há o génio parvalhão, para usar um termo simpático.
E mesmo assim todo este bando de inaptos socialmente conseguiu produzir coisas admiráveis.
o padre filosofo Rosmini acerca do Kant
"llama el problema del puente entre
lo interior y lo exterior, cuando en verdad para él no hay tal problema. Lo que
Kant hace, según Rosmini, es separar los sentidos del intelecto y, así, al
separar el intelecto de los sentidos pierde la conexión con la realidad "
um aluado , em suma , que separa a razão da emoção :)
Pois é Francisco.
Há quem diga que os homens produzem obras porque quem choca filhos são as mulheres.
De resto, não imagino em que planeta o Rousseau, o Stuart Mill, o Adam Smith; o Hayek e mais o Frideman e o psicopata do Rothbard ou Marx foram alguma vez na vida filósofos.
Marina,
Não copies imbecilidades que padres ignaros também os há.
Eu não sei como v.s não se enxergam a falarem de uma coisa que desconhecem em absoluto.
É da mesmísisma ordem que eu ir à tv dar uma entrevista acerca de teoria de cordas.
Só que a tv também é outra anedota que gosta de palhaços de graça.
Repete assim 20 vezes, mesmo sem perceberes, porque isso nem merece a pena:
O Kant foi o filósofo moderno que teorizou acerca da impossibilidade de se separar os sentidos da razão.
Pronto- foi isto. Explicar nem merece a pena mas ao menos decorem coisas correctas.
pode ser Zazie , mas bolas , entradas com Kant"errors são às paletes e uma pessoa tem de ver os dois lados , não achas ?
Também seria engraçado pedir a quem é maluco mas nem sabe, que citasse em que parte da obra o Nietzsche ou o Descartes propuseram teorias para se governar o mundo e maila humanidade inteira.
Conta lá como é que tu podes ver dois lados de uma coisa que nem de frente enxergas.
Nem de frente; nem de trás, nem de lado, nem de perto, nem de longe.
É chinês em absoluto. Não tens a menor ideia de que se trata a Filosofia e zero do que poderá ter sido a filosofia de Kant.
Ora isto é do caraças. Gente que está completamente out de algo, achar que pode ser imparcial e papaguear imbecilidades para mostrar "os dois lados da filosofia de Kant".
tá certo :) nem sei ver se a critica é boa , mas enfim . bom , pelo menos vou ver as credenciais dos críticos, olha que o padre até é jeitoso,
E esta é para o PA mas não merece a pena contrariar malucos.
Vai a tv e essa é que essa. A ver se a ti te convidavam a palrar de sociologia.
o tanas. Em Portugal é assim- o que é preciso é ser palhaço para dar nas vistas.
Tu precisavas apenas de perguntar a ti própria em que consistirá essa dita separação entre sentidos e razão.
Depois fazias uma pesquisa histórica de filósofos que separaram ou tentaram equacionar a ligação entre ambos, ou até menos- em que consiste o conceito de razão e conhecimento racional, e o conceito de conhecimento empírico.
Isto é a base. Ninguém pode falar sem conhecer as palavras e ninguém pode usar as palavras sem perceber o que querem dizer.
Depois disto- e tinhas trabalho para o fim de semana para teres umas noções por alto da questão de que julgas estar a falar, depois, sim- ias ver o que é que o Kant propôs acerca dela.
E aí esbarravas com a crítica da razão e pura e tinhas de perceber o que é que era crítica e o que era razão pura.
Depois esbarravas com os esquemas apriorísticos.
Em entendendo isto, podias começar a ter uma noção da imbecilidade que é alguém comparar estas coisas com literatura de cordel à hayek ou rotbhard ou rand ou friedman ou toda essa tropa fandanga de pseudo-ciências de caca.
O padre pode ter razão no mero facto do Kant ter achado que existe uma coisa que é a Razão absoluta e universal que dita ditames de conduta sem que nada disso se prenda com os nossos sentimentos.
Ou seja- o padre podia estar a falar da razão prática- da moral- da crítica do fundamento dos costumes (do Kant) e não de teoria do conhecimento.
Porque ele bem tentou ligação entre razão e sentidos. Foi mesmo por criticar os que separavam que lá teorizou todo aquele sistema filosófico.
Que, por muito que seja mais que criticável nos fundamentos, não é treta da carochina com a menor comparação às tretas de economia que se podem ler e perceber como literatura de cordel.
Caro Pa,
Penso que está ser simplista. Repare que Jesus Cristo também não criou filhos nem sustentou uma família, e no entanto deixou a obra que hoje admira (como tantos papas e santos, a quem reconhece autoridade).
O simplismo essencial é o de que "regra geral, foram incapazes de criar, fazer feliz e governar a mais pequena e a mais simples de todas as comunidades humanas (uma família)". Ora criar uma família pode ser muitas coisas, mas "simples" não é uma delas. Gerar e criar uma família é uma das tarefas mais absorventes e complexas. E não só na humanidade, como em toda a natureza: basta ver o National Geographic para saber que qualquer animal dedica a vida ao sucesso da reprodução e sobrevivencia da prole. Talvez com essa intuição, Jesus e outros antes defenderam o celibato e a castidade.
Não por uma questão moral, mas porque sabiam a dificuldade de os compatibilizar as missões a que se propunham... e aliás, isso é válido para filósofos, pintores, músicos escritores, heróis, lutadores,cientistas expoentes das obras humanidade: todos os que dedicam uma vida a uma missão. Compatibilizar ambas parece-me sobre-humano. E se for ver bem, até sociedades não humanas reflectem essa dificuldade (nas formigas por exemplo, que evoluiram para uma unica procriadora e uma legião de obreiras)
Je
Sim, o facto de este blog ser "de cultura libertária" (o PA também começou por aí), faz com que tenham uma ideia muito enviesada daquilo que é filosoficamente influente nos dias de hoje. Ayn Rand, Adam Smith, Rothbard, Hayek, Mises, Friedman não têm influência absolutamente nenhuma sobre nenhuma área mainstream de filosofia, só em pequenos circuitos fechados de libertarianismo (dos quais a escola austríaca é um deles). É também por isso que o mini-culto da Ayn Rand me fascina: eles acham que ela é uma filósofa notával, mas ninguém de fora lhe liga nenhuma.
O único autor libertário que eu me lembre que teve alguma influência nos circuitos de filosofia mainstream foi o R. Nozick. E mesmo assim acho que só teve influência practicamente nos EUA.
Caro PA, tem no mesmo parágrafo um Kant, um Nietzsche e uma Ayn Rand (quem?)... discutir o quê? Isto é que é filosofia e da barata... não faltam homens com filhos, que além da prole pouco ou nada produziram... -- JRF
Ainda sobre o argumento do texto: repare que é exactamente o mesmo de muitos ateus, quando argumentam que padres e papas que nunca tiveram experiencia como pais não podem arrogar-se o direito de ditar regras aos restantes...
Até pode ser válido. Mas se retirar autoridade a quem se dedicou apenas a obras de cultura, estará a deitar fora grande parte da cultura e evnçaos humanos.
De Jesus e Miguel Angelo e Da vinci, Papas, Salazar e Hitler incluidos...
Je
Gostei do convite para irem ao cabeleireiro de macacos.
abraco do eao
olha . Zazie , o Ortega tb diz qualquer coisa parecida com o padre :
Este trabalho apresenta a contribuição de Ortega y Gasset para uma reflexão ética fundamentada na
vida humana. Ortega parte da crítica à moral Kantiana, por reconhecer que a vida não pode ser pensada a partir
de um modelo de razão pura, visto que esta só reconhece como boa uma ação que esteja relacionada logicamente
a princípios fundamentados numa razão isenta das influências sensíveis. Ortega entende que a razão pura é um
instrumento excelente para conhecer a natureza, mas revela-se inadequada para captar a realidade temporal e
ondulante que é a vida humana,
ou seja , o Kant do homem real não pescava nada , diz Ortega
e diz mais adiante o tipo do artigo:
tem como pano de fundo a superação da subjetividade kantiana2
que se
constitui mediante a cisão entre o sujeito cognoscente e a realidade fenomênica.
é como diz o padre : cisão entre razão (cognoscente ) , sentidos ( fenómenica )
mas continuo com o conta km a zero , conste :)
Aquilo que eu resumo atabalhoadamente da moral do Kant é mais ou menos o seguinte:
"Ora temos 2 fontes de conhecimento complementares: a posteriori (empírico) e a priori (razão). Agora destas 2 de onde podemos extrair a moral? Ora, o empírico não pode ser, porque as acções humanas sobre a natureza são absolutamente imprevisíveis, e por isso não se podem prever até às ultimas consequências. Aquilo que achamos que têm consequências benéficas pode mais tarde revelar-se não ser bem assim, porque o conhecimento empírico está sempre contaminado por erro, e ainda mais quando mete o homem à mistura. Excluindo o empírico, exclui-se também toda a razão que tem como origem o conhecimento empírico (a priori analítico). A única coisa que resta como fonte para a moral parte de dentro do próprio indivíduo (boa vontade) e tem como única restrição a razão pura (o mítico a priori sintético). Isto, é:
- a moral toma todos os indivíduos por igual
- a moral não se pode contradizer a ela própria
Ora o que é que isto nos diz sobre a moral? Não diz grande coisa, se é que diz alguma coisa sequer. Mas é tudo o que podemos saber, e quem vai mais além está errado."
Não tomar à letra p. f., mas é a ideia geral. Ah, ele também achava que o a priori sintético demonstrava que mentir é imoral, mas eu nunca precebi verdadeiramente esse raciocínio (ou isso ou está errado).
A questão que a Marina está a confundir é empírico com sentimento.
A moral, para kant, não vem apenas do hábito dos costumes, acha ele que vem de um ditame puramente racional que dá uma ordem apra fazermos o que até pode ser contra as nossas inclinações.
A questão é que ele quase trata este imperativo como se tratasse de um instinto e depois coloca de fora dele tudo o que é instintivo e sentimento.
Esse imperativo, na volta, é mais uma lei a imigtar as leis newtonianas, que tem de ser universal, porque as leis também são universais.
Esta frase está errada:
«ue se
constitui mediante a cisão entre o sujeito cognoscente e a realidade fenomênica.»
É falso- a unidade faz-se pela ponte dos esquemas transcendentais.
o problema é que ele achou que apenas podiam existir esquemas apriorísticos racionais e que o conhecimento sensível os não tinha.
O Eco, no Kant e o Ornitorrinco, dá exemplos muito giros acerca deste erro.
Mas não existe qualquer cisão entre sujeito cognoscente e realidade fenoménica.
nem percebi quem foi meco que disse este disparate.
O Kant tentou precisamente explicar a ligação entre um e outro.
O que o Kant fez de mais curioso foi libertar o tempo dessa relação. O tempo e o Espaço.
E isso vai ser bem importante na perspectiva de Shopenhauer e até na de Nietzsche.
O Ortega é caca.
O Kant resumiu essa ligação nesta frase:
«“Pensamentos sem conteúdo são vazios; intuições sem conceitos são cegas»
E depois explicou.
Mas deixou o tempo e o Espaço de fora dela.
Mas o Eco dá exemplos muito fáceis de se perceberem acerca desses esquemas transcentais.
Por exemplo. Se pedirmos a um grupo de pessoas para reconhecerem determinada música que se ponha a tocar, ninguém a reconhece pelo somatório de toda ela mas apenas por pequenas passagens esquemáticas que a representam.
Esse reconhecimento é sensitivo e racional e não é universal.
Outro exemplo- pede-se a um grupo de pessoas para representarem um rato e nenhuma vai desenhar um rato concreto mas um esquema de rato, simplificado, que também não é igual para todas.
Os esquemas de música são sensitivos, vêm da memória da música conhecida mas não são apenas isso. São uma construção racional esquemática que cada um faz para a sintetizar e reconhecer.
Não reconhecemos a realidade por ela nos entrar pelos olhos dentro "tal qual é"; porque interpretamos e organizamos mentalmente a realidade.
Foi isto que Kant disse e já o Aristóteles o dizia de outro modo.
Dizer-se que isto é cena à Damásio de incapacidade de entender que a razão e as sensações estão ligadas, é lobotomia de cientóinos.
"O que o Kant fez de mais curioso foi libertar o tempo dessa relação. O tempo e o Espaço."
Este é para mim um dos aspectos mais curiosos da filosofia do Kant, porque vai de encontro a uma das principais ilusões do iluminismo: a física de Newton e a geometria euclideana.
Estas 2 noções estavam tão intrincadamente em sincronia com a realidade da altura que era perfeitamente tentador usar o tempo e o espaço como noções absolutamente definidas. Era tentador concluir que o espaço e o tempo tinham uma estrutura a priori independente de tudo.
O Kant demonstrava que mentir é imoral de forma asolutamente simples- se eu desejar para os outros o mesmo que para mim próprio e fizer disso algo como uma "lei da natureza", então sei que mentir é errado e não é uma forma de atingir o Supremo Bem.
Ele nem é complicado de entender. Pode ser complicado é entender-se a que título o imperativo categórico é um juízo sintético a priori.
Sim Francisco. È verdade. Ele faz uma filosofia tendo por modelo a física do Newton.
Mas essa ideia de um tempo livre é muito curiosa no Shopenhauer, por exemplo.
O sentido de vontade de representação vem daí.
E o Nietzsche depois ainda lhe dá uma leitura muito mais interessante porque lhe retira o pessimismo.
Essa vontade é dionisíaca.
É união dos contrários. O que significa que ele entende o sentido primordial da tal separação entre logos e pulsões que o Ocidente fez desde o Sócrates, ou assim.
"Dizer-se que isto é cena à Damásio de incapacidade de entender que a razão e as sensações estão ligadas, é lobotomia de cientóinos."
O Damásio (presumo que se esteja a referir ao Erro de Descartes) faz a separação entre razão e emoções, e não entre razão e sentidos. Bem ou mal, tem mais a ver com o que a neurologia diz sobre o dualismo, e pouco com teoria do conhecimento.
"O Kant demonstrava que mentir é imoral de forma asolutamente simples- se eu desejar para os outros o mesmo que para mim próprio e fizer disso algo como uma "lei da natureza", então sei que mentir é errado e não é uma forma de atingir o Supremo Bem."
Pois, eu já andei às voltas com isto, mas o Kant insiste tanto que tem que ser uma contradição lógica e que considerações consequencialistas hipotéticas não interessam para nada. E eu não vejo nenhuma contradição lógica que não resulte de construir frases de uma certa maneira. Parece que anda a brincar com as palavras.
O Damásio diz bacorada porque nem entendeu que o Descartes procurou precisamente explicar a ligação entre sensações e pensamento.
O Damásio fala como falo o Birgolino- acha que filosofia é descoberta de cenas científicas e nem entende as perguntas filosóficas.
Por muito que o Damásio tenha dado conta de ligações de neurónios e interpretação delas, em nada resolve a questão da pergunta que se mantém.
Como se liga essa interpretação com as intuições puramente racionais?
Não explica nem pode explicar- porque filosofia é uma arte de saber fazer as perguntas que estão subjacentes a tudo.
Francisco: v. tem formação em filosofia?
A separação do Damásio tanto faz. Ele apenas descobriu ligações nos hemisférios e isso é importante para se saber como o cérebro funciona.
Mas a questão filosófica não depende disso e mantém-se.
O problema dele é que nem entendeu a questão filosófica.
E isso sim, é grave e estúpido para vender um livro como se estivesse a corrigir o que nem entende.
As considerações hipotéticas, para o kant não interessam nada, na ideia que ele construiu de dever moral, porque, se algo depende das circunstâncias nunca pode ser uma ordem absolutamante válida sejam quais forem as circunstãncias.
Como uma lei da Natureza- é assim que ele coloca a questão.
Está bem construída. O problema é a base ser falsa
eehhehe
Os grandes filósofos não têm erros de construção de teorias. Podem é partir de pressupostos que estão sujeitos a não serem assim.
Os filósofos desconstroem-se uns aos outros deste modo. Indo à base.
Com o Kant seria disparatado encontrar falhas no edifício. Só indo aos alicerces.
A Ciência é incapaz de se explicar.
Por isso mesmo é que existe Filosofia
":OP
A verdade é uma só. Os grandes homens nao podem ser pessoas normais.
.
Por causa de negocios do meu primo conheco algumas pessoas ligada às artes, pintores e escultores etc. Nao ha um q seja normal. Todos tem uma certa pancada.
.
Os poetas, por exemplo, que tambem podem ser pensadores, tem todos uma alma diferente, sofrida, sensivel.
.
Os grandes pensadores, os filosofos e cientistas, tambem nao podem ser pessoas comuns. Tem de ter uma exentricidade qualquer que os leva a desconsiderar aquilo q é normal e fixarem-se nos seus objectivos.
.
Nao me parece crivel q se encontrem grandes pensadores com uma vida comum de familia. O Einstein parece q se perdia no caminho q fazia da universidade para casa. Nunca o sabia. Como é q um gajo desses pode cuidar dos filhos e da mesada e pagar o colegio no dia 30 de cada mes?
.
Isso é para gente comum, normal.
Rb
Por isso é que o PA é um bom contador de histórias.
";O)
Quando achou que podia ser teórico, copiou os que agora desdenha.
Mas tornou-se um bom contador de histórias (possivelmente por viver centrado na família. E isso é bom. Mas não é para comparar).
Mas tem razão quando aplica isso à economia.
"Francisco: v. tem formação em filosofia?"
Não
Palavra que gostava de entender melhor essa cena da mentira. Quer dizer, mesmo que não sirva para nada, é um resultado admirável derivar tal coisa com tão poucas assumpções. Eu entendo isso de as consequências não interessarem, e das 3 formulações que são todas a mesma coisa.
E como se eu formular o princípio "devo quebrar uma promessa se me convier" entra em contradição se for universalizada, porque "promessa" deixa de ter significado. Mas sempre achei isto uma questão de como construir o princípio, e também sei que devo estar errado, porque claramente não é a interpretação corrente que se faz do princípio categórico. Mas pronto, também não vou insistir muito que há coisas mais divertidas que o Kant.
PA:
Eu penso precisamente o mesmo acerca dos teóricos da economia, esse ramo espúrio da especulação filosófica.
Já agora, que é isso das "intuições puramente racionais"?
A pura racionalidade não existe.Ponto.
Francisco- essa questão da possibilidade da mentira foi um debate mais político que outra coisa.
Ainda assim, tem aqui um link que sintetiza o ponto de vista do Kant.
http://logistikon.blogspot.pt/2008/07/mentira-kant-ou-sobre-o-direito-de.html
Dentro da lógica do sistema dele, está consequente.
Não se esqueça que ele foi totalmente opositor à moral utilitária.
Como interpreto de algo que escreveram lá em cima, algo que me incomoda, o desprezo a que o factor tempo é votado nas "ciências" sociais, como se o comportamento humano fosse semelhante ao estudo da queda de um objecto do alto de uma certa torre em Pisa
Coisinho do Ponto- para o Kant o Espaço e o Tempo eram intuições puras. Ponto.
Estamos a falar do que ele disse e não do que nós achamos. Ponto.
CCz- a questão do Tempo, em termos filosóficos não tem rigorosamente nada a ver com isso.
Mas, se quiser recuar até ao pensamento mítico dos gregos, encontra uma noção idêntica que é até a base deles do devir do mundo e da Ordem de tudo:
O Cairos é a medida- o momento oportuno- o que rege as estações. Antes dele a capacidade de geração era desmedida e brutal- daí os deuses serem monstruosos e terem de ser destruídos pelo próprio Uranus.
O Tempo trás a regra. A justa medida de todas as coisas é a Ordem a que o Mundo e também todos os deuses devem estar submetidos.
A ética grega funda-se nesta ideia de regra- ser regrado é ser justo e o bem é isso e também a capacidade de agarrar esse kairos- momento oportuno- para se ter sucesso.
Este Kairos depois torna-se o Tempo de Deus que os humanos não podem medir.
errata: traz- de trazer.
"a Ordem a que o Mundo e também todos os deuses devem estar submetidos"
.
Por que estavam no Mundo?
Esse mundo ainda não tinha tempo. Era o mundo da terra e do céu e o Uranus da criação. Da vontade de criação desregrada.
Sem Tempo. é morto pelo filho que instituiu o Tempo- a cronologia- o Cronos e é daí que aparece o "Mundo" em devir- com História, tal como nós o conhecemos.
Os gregos tinham uma noção diferente de Mundo da que nós temos.
Os humanos nascem no fim, das cinzas dos titãs.
Portanto, mesmo para eles há um mundo anterior ao Tempo e um Tempo que se faz regra e rege o mundo.
A pergunta que v. fez é mais ou menos esta: O espanto- o Ganz andere. O que existe de uma maneira absoluta, sem que o possamos entender.
O absolutamente diferente.
"Agora vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido."
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