04 setembro 2013

a sinceridade está sobrevalorizada

O falecimento de “um dos mais brilhantes economistas da sua geração” suscitou uma onda de boçalidade que eu já presumia extinta, por força do ensino obrigatório. Se as escolas ensinam pouco, pelo menos seria de esperar que derramassem um pouco de verniz sobre os selvagens.

António Borges foi ‹‹uma pessoa frontal, que não tinha receio de dizer o que pensava, nem de ser politicamente incorreto››. Fiquei a pensar nestas qualidades, tão repetidas nos últimos dias, até que me ocorreu que muitos dos comentários boçais que lemos e ouvimos provinham de pessoas que se devem considerar igualmente ‹‹frontais, sem receio de dizer o que pensam, nem de serem politicamente incorretas››.

A sinceridade é uma virtude, quando é temperada pelo bom senso. Caso contrário, a sinceridade torna-se inconveniente e até estúpida ou grosseira. Se António Borges tivesse sido um pouco menos “sincero”, podia ter dado um contributo ainda maior ao País, talvez até como primeiro-ministro. Os seus críticos, por outro lado, se fossem um pouco menos sinceros, não tinham feito tanta figura de parvos.

A sinceridade, como é entendida pela nossa cultura, não é uma qualidade assim tão apreciável. Penso até que, muitas vezes, é um defeito. Um defeito enorme.

6 comentários:

Unknown disse...

a frontalidade não pode ser boçal ou não, se concordamos.as vezes doi que sejamos demasiado sinceros.
não gostavam dele e não foram hipocritas só porque morreu

Anónimo disse...

Caro António Cristovão,

Claro que a frontalidade pode ser boçal.

Joaquim

zazie disse...

Ele só foi assim no finalde vida.

Quem sabe que vai morrer precisa de se cuidr para quê?

Fez muito bem em chamar estúpidos aos empresários.

zazie disse...

final e outras gralhas.

Estava a jardinar e tenho um espeto no mindinho

":OP

Anónimo disse...

Não posso deixar de pensar nas fufas bloquistas que não gostam de piropos.

Ah. O António Borges.Pois! Tinha razão em quase tudo, mas era demasiado agreste. E tornava-se ofensivo.

Diz a zazie, que sabia que ía morrer.Eu também sei que vou morrer.Não sei é quando, nem onde, nem como.

Vou asp+irar o carro.

Anónimo disse...

Ó jaquim!!! Porra, eu assim começo a ficar baralhado!!! Então a verdade e a frontalidade são um defeito??? Então deve ser por isso que as contas do Estado são o que são, não é??? Para quê falar verdade e ser frontal com os portugas!!! É continuar a gastar à tripa forra!...
Mas diga-me cá uma coisinha, que se relaciona muito com a tradição apregoada pelo Pedro Arroja, de que você tanto gosta: NÃO MENTIR, acaso não é um dos CINCO Mandamentos da ICAR ???