24 setembro 2013

A importância dos pós-escolásticos para a Escola Austríaca

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1694
imgsalamanca2.jpg1. Introdução
O primeiro capítulo do excelente livro editado por Randall G. Holcombe, "The Great Austrian Economists" (Ludwig von Mises Institute, 1999, iBooks), escrito por Jesús Huerta de Soto, começa com a seguinte frase: 
A pré-história da escola austríaca de economia pode ser encontrada nas obras dos escolásticos espanhóis, mais especificamente em seus escritos no período conhecido como o "Século de Ouro espanhol", que decorreu de meados do século XVI até o século XVII.
(...)

3. A Escola de Salamanca e os pós-escolásticos (ou escolásticos tardios)
Feita essa pequena digressão histórica, imprescindível para os fins a que me proponho neste artigo, posso agora ir ao em tema principal, a Escolástica Tardia, os pós-escolásticos com destaque para Juan de Mariana e sua importância para a Escola Austríaca de Economia.
Murray Rothbard, em seu excepcional tratado de História do Pensamento Econômico, "Economic Thought Before Adam Smith - An Austrian Perspective on the History of Economic Thought", dedica o capítulo 4 do volume I a uma minuciosa descrição da importância daqueles pensadores dos séculos XIV, XV e XVI. Inicia mostrando que agrande depressão de longo prazo do século XIV e da primeira metade do século XV começou a dar lugar para a recuperação econômica na segunda metade do século XV. Espanha e Portugal, os exploradores líderes dos novos continentes, tornaram-se estados nações dominantes e impérios no século XVI.
Lentamente, porém inexoravelmente, as cidades-estados italianas, que representavam a vanguarda do progresso econômico e da cultura no período do Renascimento, começaram a ser deixadas para trás frente ao avanço do poder econômico e político ibérico derivado da era dos grandes descobrimentos.

(...)

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(...)
Observando como evoluiu o pensamento econômico desde São Tomás e principalmente com os escolásticos tardios, vemos claramente praticamente todas as características da Escola Austríaca de Economia:

- subjetivismo
- individualismo
- inflação e dos ciclos econômicos como fenômenos causados por distúrbios monetários
- propriedade privada
- mercados como processos
- princípio da ação humana
- interdisciplinaridade
- preferências intertemporais
- união entre Ética, Política e Economia (interdisciplinaridade)
- ordens espontâneas
- liberdade de preços
- livre comércio
- informações insuficientes, dispersas e interpretadas subjetivamente
- tempo real (não newtoniano)

Como vemos, São Tomás é a origem de tudo e o mundo latino e católico não tem por que padecer de qualquer complexo de inferioridade quando se trata de Teoria Econômica.

9 comentários:

Francisco disse...

"- tempo real (não newtoniano)"

Mas o que é que isto quer dizer?

Nunca me passou pela cabeça que a expressão "tempo não newtoniano" alguma vez viesse a fazer sentido em teoria económica.

Anónimo disse...

entre a biblia e os gregos e os padres da igreja e juristas romanos esta o maimonides (principal influencia no pensamento de S. tomas).

joao carneiro.

marina disse...

acho que significa que ao estudo dos factos sociais não se podem aplicar espaços e tempos lineares pq se olharmos à escala micro anda tudo sobreposto . mas não tenho a certeza que queira dizer isso , o tempo não newotoniano.

Francisco disse...

"Tempo real" costuma-se dizer em engenharia para significar que algo precisa de acontecer impereterivelmente antes de X tempo.

"Tempo não newtoniano" é uma expressão um bocado invulgar, mas a leitura mais directa seria a de que o tempo não passa de forma igual em diferentes circunstâncias (referenciais). Do género 2 pessoas diferentes poderem carregar num cronómetro ao mesmo tempo, pararem o cronómetro ao mesmo tempo, e o intervalo registado ser diferente, devido a uma terceira variável que influencia o tempo.

O que é que isto tem haver com economia? É um mistério que só os austríacos podem esclarecer :)

marina disse...

também não sei
perspectivas dinâmicas versus perspectivas estáticas ? também referem as preferências intertemporais , se calhar está ligado.

zazie disse...

Acho que nem o CN sabe...

ehehehe

CN disse...

Podem ler aqui:

Tempo e ignorância - uma visão geral do subjetivismo da escola austríaca de economia

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=445

zazie disse...

É no sentido de tempo mental, bergsoniano.

Bah

Francisco disse...

Obrigado, CN.

Já percebi que é para compatibilizar com livre-arbítrio e com o indeterminismo.

Mas à primeira vista não vejo nenhuma incompatibilidade entre a analogia espacial do tempo (representá-lo num eixo ) livre-arbítrio/indeterminismo. Vamos esquecer o newtoniano que só confunde: há conceitos não newtonianos de tempo que também o projectam num eixo.

O Bergson e o Deleuze devem explicar melhor, mas não é agora que me vou meter na trabalheira de os ler, hehe.