23 agosto 2013

os empiristas não aprendem

Krugman na sua coluna habitual escreve sobre:

"O que matou a teoria?"

E acaba assim:

"Talvez se esteja a exagerar nesta história, mas precisamos de mais dados antes de começar a contá-la."

Talvez começando por vislumbrar que dados não fazem teoria, e em economia, nem tais dados e medições podem comprovar ou refutar os (não muitos) princípios que se podem induzir da acção humana, em nada passível de medição e observações mecânicas com validade universal, e cujo conteúdo ou relações entre si nunca terão qualquer capacidade explicativa sobre causas e efeitos.

Por piada fica aqui (vindo do Vivendi):


34 comentários:

zazie disse...

Ao menos o CN concorda com o que eu sempre disse.

Isto são meras variâncias da mesma genealogia- a do Homo Economicus

(algo me diz que deu um grande titinho no pé)

CN disse...

Aquilo é uma piada.


Para o austríaco o "homo economicus" não é passível, em última consequência, de modelização e medição.

A única coisa que se pode inferir é propriedades dentro do pressuposto que as acções têm um propósito, um fim subjectivo e ordinal em mente.

o que se pode determinar de leis económicas saem deste pressuposto que em si põe de lado qualquer capacidade de usar dados e medições para chegar a leis universais.

Ricciardi disse...

O Homo-Austriacus, mais conhecido por Asno Sapiens na denominada Regressão das Espécies, parece incomodar-se demasiado com o Homo-Keynesiano.
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Porque será?
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A realidade. A realidade é tão absolutamente inequívocamente keynesiana que chega a ser confrangedor ver alienegenas Miseanos a tentar perceber porque funciona a economia pós-keynes.
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Andou aí um tipo, entre muitos outros da espécie Asno Sapiens que juravam a patas juntas (as quatro) que o remédio proposto pelo FED para debelar a crise iria gerar uma hiper inflação nunca vista e o caos.
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Ora, inflação nem vê-la nem sequer fareja-la, coisa incompreensivel para o Asno Sapiens Austriaco. O desemprego é METADE do da europa. A economia cresce ao DOBRO da que cresce em terras do Asno Sapiens. A Divida Pública (Passivos) em rota descendente face aos Activos em crescendo.
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O que dizer da realidade?
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Rb

Ricciardi disse...

Só se pode dizer uma coisa simples:

- A teoria economica da escola austriaca colapsou no confronto com as mezinhas keynesianas da crise de 1929 e está finalmente a caminho do crematório com a crise de 2008.
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Rb

CN disse...

É ao contrário, a teoria económica austríaca ficou demonstrada em 1929 , depois deu um saldo para as trevas durantes décadas, e agora por causa de 2008, renasceu em toda a força.

Ricciardi disse...

Compreendo, caro CN, sinceramente que Keynes incomode o pensamento Austríaco.
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Eu até acho que em 1930 os Austriacos se perguntariam « oh Mercados meus porque nos abandonastes?». Eles criam que os mercados se auto ajustavam e que a crise era coisa passageira. Não foi. Foi por não ter sido debelada a a crise que Hitler subiu ao poder.
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E foi a teoria de cariz eminentemente Keynesiana com o New Deal que salvou a espécie da acelerada regressão em que estava envolvida com os classicos austriacos.
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O mercado não se regulava a si próprio. Pelo contrário produziu 14 milhões de desempregados na america e milhares de falencias.
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Portanto, caro CN, o seu a seu dono. Quando proferir a palavra Keynes diga Amen a seguir.
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O que os austriacos podem (e deviam) defender era outra coisa. Deviam dizer que nem sempre pode ser aplicavel os métodos Keynesianos. Que o Keynesianismo é útil sob certas e detrrminadas condições. E aí eu concordava convosco. Agora, não podem é fazer de conta que ele não teve mérito na debelação das crises que tivemos.
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Vcs argumentam que os remedios keynesianos são, eles próprios, o motor de mais crises no futuro. E até podem ter alguma razão. Mas esquecem-se de uma coisa simples; antes de Keynes tambem haviam crises...
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Rb

Ricciardi disse...

Agora, eu vou dizer-lhe uma coisa. Se ler o livro com as cartas ou correspondencias escritas entre Keynes e Hayek percebe o que quero dizer. Hayek tinha plena consciencia da inaplicabilidade da sua ciencia. Ele sabia que a ciencia economica não era exacta.
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E sabe como sabemos que ele sabia isso?
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Porque ele aconselhava os seus disciplos a não aceitar ou renunciar qualquer cargo politico executivo. Ele sabia que na prática ninguém poderia suportar o tempo para uma autoregulação de mercado e que os seus próprios disciplos teriam de tomar medidas keynesianas para acelerar o equilibrio de mercado.
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O Keynesianismo não é mais do que isso. Acelerar o equilibrio. Não ficar à espera sem NADA fazer como advogava Hayek.
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E promovia a aceleração rumo ao equilibrio de que forma?
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Keynes intuia que aquela crise se resolvia estabilizando ou aumentando a Procura. Ele intuia que se as pessoas mantivessem o mesmo poder de compra (mesmo que artificalmente e temporariamente injectado pelo estado) que as empresas não tinham que fechar ou falir nem despedir mais gente. Ele intuia que se o Estado substituir a quebra na procura TEMPORARIAMENTE as empresas mantem-se a laborar. E quando houver sinais de retoma o Estado fazia o oposto, isto é, retirava os estimulos.
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O que aconteceu em Portugal não foi Keynesianismo nenhum. Isso é conversa Austriaca para denegrir o mestre. Portugal gastou sem limite, nunca quando esteve a crescer retirou o estado da economia.
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Rb

Ricciardi disse...

Portanto, em suma, um gajo até pode usar o nome do mestre austriaco em vão e até maltrata-lo que não é pecado. Mas usar o nome do mestre keynesiano em vão é pecado capital.
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Da mesma forma que um gajo pode perfeitamente insultar o diabo, mas não posso insultar Deus.
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Rb

Vivendi disse...

Não foi ao acaso que a Alemanha teve outra hiper-inflação após a 2 guerra mundial. Afinal há os ganhadores e os perdedores desta vida. Mas desde então a Alemanha é o melhor caso de sucesso económico no mundo. Apoiada no ordoliberalismo e no seu bundesbank "austríaco".

O dólar é uma moeda disseminada pelo mundo o que permite que o mal seja espalhado fora do território dos EUA.
Não é a toa que muitos países emergentes estejam no presente momento a receber as ondas de choque de tanta impressão por terem querido apanhar o tsunami monetário. A economia americana continua a viver da aparência.

Ricciardi disse...

Mas quer saber porque é que estes estimulos da crise de 2008 não tem sido tão eficazes quanto foram com o new deal?
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Porque existem uns manhosos austriacos a remar ao contrário. É a chamada Armadilha de Liquidez. Os bancos centrais injectaram massa mas o pessoal que a recebe tem receio de a usar. E tem medo de a usar porque os austriacos, inflitrados nos governos, estão a minar a confiança dos agentes através de medidas draconianas cujo resultado prático é NENHUM. Ninguém investe tendo receio. Nem as dividas diminuem na europa, nem ha crescimento, nem empregos.
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A moeda de facto não é elemento neutro na economia. Não é, nunca foi, nem será.
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Rb

Ricciardi disse...

«Não foi ao acaso que a Alemanha teve outra hiper-inflação após a 2 guerra mundial.» vivendi
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Pois não foi, não. Sabe porque foi, não sabe?
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Foi porque obrigaram a Alemanha em 1923 a pagar elevadas indeminizações da 1ª guerra mundial. E a unica saida que tiveram foi produzir papel.
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Já na 2ª guerra São Keynes propôs e foi ACEITE perdoar a divida à Alemanha.
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Em suma, caro Vivendi, a Alemanha recuperou a prtir da 2ª guerra porque KEYNES influnciou o perdãod e divida. E sabe como fez?
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Olhe, a america perdou TUDO. Os restantes paises perdoaram metade e o que ficou por pagar era indexado às exportações.
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Era esta a medida que Portugal precisava para pagar um divida igualmente impagavel.
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Rb

Carlos Duarte disse...

Caro Ricciardi,

Não é medo de a usar, é injectar liquidez no sítio ERRADO. A ideia - a não ser que alguém se tenha explicado mal... - era, por um lado, reforçar as reservas bancárias (e houve dinheiro específico para isso) e por outro aumentar a disponibilidade de crédito ao tecido produtivo. O problema é que essa segunda tranche foi parar ao mesmo sítio que a primeira, i.e., o dinheiro entrou nos bancos e... nickles!

Ricciardi disse...

Portanto, a Alemanha é o exemplo perfeito de Keynesianismo em progressão.
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Rb

CN disse...

R

São os austríacos que melhor estudaram que é a moeda responsável pelas bolhas, cuja crise é a consequência inevitável.

Quanto a acelerar ajustamento é ao contrário, o keynesianismo prolonga o ajustamento.

zazie disse...

É uam piada ao facto de marxistas e neotontos virem todos da mesma espécie de homo economicus

AHAHHAHAHAHAHAH

É só tiros nos pés.

zazie disse...

O Homo Economicus- uma invenção das luzes que se desenvolveu em pleno séc XIX, na verdade não passa de um troglodita que ainda nem a sapiens chegou.

Mesmo a última descendência marxista- o austríaco, ainda vive nas cavernas

ahaahhahahahaha

Anónimo disse...

"Ora, inflação nem vê-la nem sequer fareja-la"

Não ocorre actualmente inflação nos EUA porque o desemprego ainda elevado e a quebra de rendimentos individuais estão a aumentar, o que compensa a pressão inflacionária provocada pela impressão de dólares.
Os novos dólares têm ido para bail-outs, e não têm chegado à economia real nem às pessoas.
Se a injecção de dólares chegasse mais depressa ao povo, haveria certamente mais inflação do que aquela que se verifica actualmente.

marina disse...

isto agora só com analises quânticas :) usamos a função de onda e o vector estado , misturamos a sociologia do quotidiano com sobreposição e entrelaçamento , probabilidades e tal , e com tempo lá chegaremos à conclusão definitiva de que as partículas subatómicas humanas têm um comportamento tão fácil de prever como os números ganhadores do euromilhões .

CN disse...

Zazie

o "Homo Economicus" não é uma invenção nem paradigma dos austríacos. Tem de se virar para os liberais de Chicago para isso.

Ricciardi disse...

Quanto às bolhas, bem essas rebentam por causas diferentes. Há bolhas produzidas em esgotos e bolhas produzidas nas banheiras. Há bolhas nas Dot Com's e há bolhas no Imobiliário etc e tal.
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A última bolha, neste preciso momento, está na Alemanha. Pois é.
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Os Boches ganharam 40 mil milhões acima do que é normal. Quer dizer, o pessoal aflito pelas politicas austerianas e a ver exemplos de funcionamento autoregulatório dos mercados em acção (com bail in's no Chipre e ameaças para todos os outros) pegaram nas suas poupanças e desataram a comprar títulos da divida publica Alemã.
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Quer dizer, se o PiB alemão é para aí na ordem dos 2,2 bilioes de euros 40 mil de poupanças no serviço da divida são, xacaber, cerca de 2% do PiB da alemanha.
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Cum caneco. Os Alemães que tem as contas rafadinhas. Ali mesmo entre o deve e o haver. Entre o anus e a pilinha, dizia, os boches que tem um saldo orçamental publico quase NULO se lhes retirarmos o beneficio desses 40 mil milhões regridem e ficam um defice orçamental de quase 2%. Imagine That.
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Esta é a verdadeira bolha que os austerianos (alienegenas cruzados com austriacos) provocaram ao querer desfazer uma bolhinha imobiliária que, essa sim, só pode ser resolvida pelo mercado.
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O mais hilariante disto é constactar que os Liberais que apregoam a liberdade e o livre mercado são os responsáveis por esta intervenção nos mercados da divida publica alemã. Foram eles que ao defender que a Austeridade galopante e a implementa-la levaram a uma outra bolha.
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E a Alemanha já viu que não pode agora acomodar de supeton nas suas contas a abébia dos 40 mil milhões.
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Parece que estão a chegar à conclusão que os periféricos não podem sair da crise muito depressa porque isso destabiliza as yields das bonds alemãs. Tão queridas que elas estão para elas.
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E como não podem sair tão depressa há que garantir novos resgates, com novas medidas de austeridade. O da Grécia está a caminho e o de Portugal é já em Julho de 2014.
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E um gajo fica maluco com esta ciencia milagreira. De uma certeza imaculada. Tira dali para meter aqui.
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A proposito de bolhas e das suas causas, oh CN, diga-me lá, a Holanda que não pode ser apontada como sendo país igual aos periféricos e até bem na linha Austeriana da economia, não tem tambem uma bolha no sector Imobiliário. Parece-me que sim.
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Rb

zazie disse...

CN:

eu limitei-me a comentar a imagem que v. colocou.

Se nem a imagem entende, que quer que lhe faça.

Não percebe que essa evolução é uma bruta ironia aos neotontos e marxistas?

Os neotontos aparecem como descendentes dos marxistas- tudo gente das cavernas.

Apenas os austríacos parecem ser o último elo deste primitivismo.

E a isto deram o nome de "Homo Economicus"- terminologia com que se caracteriza o mito cientoino vindo das lzues em que a sociedade e sua evolução ou entendimento tinha exclusivamente por base as leis da economia.
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Pronto- expliquei uma piada a quem a colocou.

":OP

zazie disse...

O Morgadinho é qeu nem topou que isto não era nada o homo sapiens.

É um bruto gozo à evolução dos cientoinos economicistas.

Neoclássicos= neotontos- descendentes do macacão marxista

AHAHAHAHAHHAHAHA

zazie disse...

o Austríaco é Homo Economicus- caramba. Nem um raio de um gráfico no gozo conseguem entender?

Parecem os comunas com as palas- está à frente do nariz e negam- recusam-se a ver.

Neste caso, foi o CN que foi buscar a piada para se enterrar e agora quer negar a própria piada.

Ricciardi disse...

Eu estive a pensar, Zazie, fenómeno estranho que de vez quando me assalta, e dei comigo a discutir com um bife em angola acerca de uma coisa que me disseste há uns meses e que eu desprezei. Acerca da teoria da evolução das espécies. Tinha que te dizer isto, pronto.
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Então, como eu não gosto nada de discutir quando estou a dormir, dei comigo a defender que as teorias da evolução de Darwin eram absolutamente ilógicas e erradas.
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Eu que as defendia tanto, vê lá tu. Quer dizer convenci a minha própria pessoa que estava errado.
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É do caraças. Fiquei espantado com o atraso mental que tive durante tantos anos a fio. Então repara bem, eu disse ao bife - oh bife let's see Darwin intuiu, observando os animais, que os mais fortes e capazes sobrevivem, certo?
E que pelo contrário, os mais fracos e inadaptados são eliminados e a selecção do melhor espécime é efectuado do apuramento e refinamento sucessivo dos mais fortes, certo?
- Yes
E, afiança Darwin, os macacos mais fracos expulsos pelos mais fortes tiveram de desenvolver outras valências para sobreviver. Quer dizer, à falta da aptidão física terão tido necessidade de aguçar o engenho intelectual para sobreviver. E terá sido assim que se distinguiu a inteligência de uns e outros, certo?
- Yes.
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-Posto isto, concluo eu, oh bife, em simples decorrência da razão, a linhagem do ser humano actual será resultado da evolução dos mais fracos e não dos mais fortes. Dos menos aptos e não dos mais aptos.
- Well, let's see...
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-Nenhum animal logrou obter inteligência… excepto o macaco. Não um macaco qualquer, mas tão somente uma linhagem especifica de macacos que evoluiu para hominídio e posteriormente para o bicho Homo Sapiens, chegando mesmo a regredir a todo o vapor, nos dias que correm… a Asno Sapiens [como diria o Dragão].
- Ahhh
- Ora, bife meu, se uma linhagem especial houve, especifica que baste, de entre centenas de milhares de outras espécies, que evoluiu em inteligência e da qual o Asno Sapiens é coisa derivada, então deve ter havido uma Força exterior a todos os animais que terá insuflado algo mais àquela linhagem que os distinguiu dos demais. Desconheço se essa Força terá soprado, pelas narinas adentro, num certo tipo de macaco específico, a semente da inteligência; ou se, por outro lado possa devir de inteligências do universo.
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Quer dizer, Zazie, tu estas-me a ver esta coisa? Eu fiquei convencido por mim mesmo que a teoria de Darwin está errada. Só pode estar errada.
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Sendo assim, concluo, o Homo-Austriacus, aquele que figura ni fim da linha, não tem linhagem humana. Não pertence à espécie humana. Só podem ser um espécie vinda do espaço já que Deus não insuflaria vida num macaco qualquer.
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Achas que estou certo ou isto é apenas delirio de quem está no aeroporto há 5 horas à espera?
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PS. Aproveito para, sinceramente, enviar um pedido de desculpas ao CN se eventualmente as palavras foram menos correctas para a sua tribo de homos-austriacos, mas caramba essa tribo consegue a proeza de me alterar os genes. Transformo-me numa abécula.
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Rb

Ricciardi disse...

E então boas férias para o pessoal comentadeiro e postador que as minhas vão começar hoje... finalmente.
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Cumliceennnsssa.
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PS. Além dos Austriacos, os Benfiquistas tambem conseguem alterar-me os genes ao ponto de preferir que eles percam do que o FCP ganhe. Coisa estranha. Austrolopitequiana.
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Rb

zazie disse...

ahahahaha

Tu és tão divertido.

E eu também aproveito para pedir desculpa ao CN que é sempre tão cool e educado.

Beijinhos e boas férias

zazie disse...

Quanto à linhagem do austríaco, acho qeu é mais ET

";O)

Mas o resto é assim e sorte a tua que te ficaste pelo macaco.

Imagina se tinhas de disputar origens entre trilobites e macacos marsupiais.

Francisco disse...

É verdade que o homo economicus não faz parte da teoria austríaca, mas também me parece que está longe de fazer parte da teoria Keynesiana. No fundo toda a gente sabe que é só uma caricatura simplificada do homem, com utilidade em certos contextos e nada mais.

Como os teóricos gostam de sacralalizar os termos e incomodam-se muito com generalizações por parte de teorias alheias, chamemos então homo-agens ou homo-austriacus à criação austríaca.

O homo-agens, enquanto caricatura austríaca do homem, é mais fraca do que o homo-economicus, Fraca não no sentido de ser pior, mas no sentido de assumir menos coisas. O poder preditivo é menor, mas em princípio deveria ser aplicável a um conjunto maior de situações. Tira de um lado da balança e mete noutro. Claro que se eu esvaziar completamente o lado da balança do poder preditivo fico com uma teoria que é uma verdade universal, mas não prevê nada por ser tão genérica.

Quando se goza com os austríacos ao dizer que são aparentados de homo-economicus, é simplesmente por ambos serem modelos universais (mais ou menos ambiciosos) sobre como o homem age economicamente, como se fosse uma coisa completamente independente e estanque de outras áreas como a psicologia ou a cultura, por exemplo.

Por outro lado, o CN continua a ver isto como um debate dos empiristas contra os aprioristas, como se estivéssemos em pleno debate iluminista entre britânicos e germânicos (não é completamente por acaso que Austríacos vêm daquelas bandas). Mas isto é uma maneira errada de ver as coisas, já não existe isso de empiristas puros e aprioristas puros, tirando por precipitação e desconhecimento de causa, isso já não é nenhum debate moderno, tirando em alguns circuitos de ciência-light, que só tem alguma expressão nos USA por causa do mediatismo tanto de broncos religiosos como de entusiastas da ciêntia que se prestam a descer ao mesmo nível (os cientóinos, para usar termos da Zazie). Até o Kant, para o bem e para o mal um dos símbolos do iluminismo, já se tinha demarcado dessa discussão entre as duas formas de purismo.

Os Austríacos, quando quiserem passar à prática, vão precisar de usar o conhecimento empírico da mesma forma que os Keynesianos o usam agora. Precisam dele para saber se estamos numa crise ou numa bolha e para saber que acções concretas as causaram. Isto se quiserem estudar economias que não são puramente libertárias, i. e., o mundo inteiro por enquanto.

Francisco disse...

Aproveito aqui a fusão do homo-economicus com a evolução da espécie para divulgar o exemplar máximo desta linhagem evolutiva, que é o cúmulo dos cúmulos do iluminismo britânico: Herbert Spencer.

Foi ele quem cunhou a expressão "survival of the fittest", que parece ser a origem das divagações entre o Rb e os bifes, e que corresponde a uma simplificação vagamente bronca do que é a evolução das espécies.

Mas ele fez mais. Conseguiu a proeza de fundir darwinismo social, empirismo e utilitarismo numa só teoria que é uma séria candidata ao 1º prémio de teoria mais iluminista de sempre.

Para quem tiver a paciência que eu não tenho, fica aqui um link para o exemplar:
http://oll.libertyfund.org/index.php?option=com_content&task=view&id=896&Itemid=261

Curiosamente este indivíduo, que parece ter sido uma autêntica superstar na altura, rapidamnte perdeu quase por completo a sua influência. As excepções são a China, graças a um tradutor entusiasta de Darwin dos tempos pré-revolução comunista, e vá-se lá saber porque carga de água, alguns austríacos também.

zazie disse...

Boa, Francisco: faz bem recordar estas genealogias.

zazie disse...

http://www.cocanha.com/ainda-a-proposito-do-senhor-watson-aquele-que-plagia-o-galton-para-dar-conferencias/

Filipe Silva disse...

Marvin King ex Governador do Banco de Inglaterra afirmou que o QE foi o maior roubo realizado na história, foi a maior transferência de riqueza dos que menos tem para os que mais tem na história da humanidade.
E segundo o mesmo foi apenas um ganhar tempo, que nada resolvia de facto.

Primeiro aprender os conceitos, para uma austríaco inflação é o aumento da massa monetária (bem sempre assim foi na ciência económica, o aumento dos preços é um efeito, como existem outros dessa mesma).

Mas o problema das economias ocidentais esta resolvido?
Basta olhar para o que apelidam de recuperação americana, de perceber o que de facto se tem passado por la, para perceber que como disse no inicio, os que beneficiaram foram os que criaram o problema.

pode atacar os austríacos o que quiser, a realidade é que são a minoria (para já), durante os últimos 80anos o keynesianismo governou a seu belo prazer (sim Friedman era keynesiano, basta ver o que defendia em termos de politica monetária), e deu no que deu inúmeras crises, que apenas levaram ao aumento do peso e do poder do Estado sobre os cidadãos.

Como vozes de burro não chegam ao céu, pode continuar a vomitar os insultos que faz aos Austríacos, que na realidade não é nada que já não tenha sido feito, e estes continuaram o seu caminho.

Há uns anos ninguém sabia sequer que Existiam, desde 2008 nunca existiram tantos.

No longo prazo estamos todos mortos, dizia o seu guru, infelizmente o longo prazo dele é o meu presente

Francisco disse...

Zazie,

essa tirada do Olavo de Carvalho que pôs aí é certeira em termos de genealogia, mas parece-me cometer o erro de atirar fora o bébé com a água do banho.

A teoria da evolução nos tempos que correm não é um decalque dos escritos de Darwin e pode ser perfeitamente separada a parte relevante das extrapolações para a ética ou engenharia social. Um darwinista que hoje em dia se escandalize com tais extrapolações não está a ser hipócrita, mas apenas sensato, ultrapassadas as ilusões do séc. 19.

Também a física de Newton em pleno iluminismo foi responsável em grande parte por muitas ilusões sobre conceitos aprioríticos, incluindo Kant, e hoje está despida de toda essa tralha. É por isso que a obra de Newton se chama pomposamente "Philosophiae Naturalis Principia Mathematica", e actualmente é referida pelo mais humilde "mecânica clássica". Este downgrade, no entanto, não põe em causa a genialidade e relevância da coisa.

É que as mais influentes trampas intelectuais, no fundo, têm sempre alguma verdade genial lá no meio, se não nunca teriam tido o mesmo encanto. A arte está em podar os ramos secos :)

Ricciardi disse...

«Como vozes de burro não chegam ao céu, pode continuar a vomitar os insultos que faz aos Austríacos»
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Tambem posso regurgitar insultos aos Keynesianos. Não me custa nada. Não tenho tribos.
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Estou à vontade, portanto, para petiscar teorias Austriacas quando me parece que a realidade se adequa às suas teorias... ou uns acepipes Keynesianos.
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Numas alturas funcionam bem umas coisas e noutras funcionam outras.
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O que me encanita nos Austriacos é a irredutibilidade, e infalibilidade das teorias e a certeza de que nada mais existe para além de Mises e Hayek e outros que tais. Quer-me parecer que colocam umas palas, quais burros de carga, e não vêm nada à volta. O pessoal pode estar de rastos, desempregados aos magotes, a cair na desgraça but hei os procedimentos da religião austriaca está primeiro que todas essas minudências.
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Rb