O acordo apresentado por PPC mais parece um pacto suicidário para ambos os partidos da coligação. Para o PSD que vai ser castigado por entregar dossiers de grande relevância a um pequeno partido minoritário. Para o CDS porque aceita uma "tarefa impossível", coordenar uma economia em espiral recessiva, negociar com parceiros que não estão para aí virados e ainda somar o quase certo fiasco da reforma do Estado. Tarefa que necessita de uma abordagem que está nos antípodas da narrativa desenvolvida pelos protagonistas do CDS.
É a vida.
7 comentários:
Portas, promovido, sucede Gaspar no lugar de Primeiro-Ministro (PM) de Portugal. Passos Coelho consegue evitar despromoção à última hora e sucedesse a ele próprio.
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Fontes próximas das cortes presidenciais garantem que Cavaco Silva terá sido coagido psicologicamente a aceitar a referida alteração na chefia do governo porque tem medo que pensem que ele não percebeu a novela que ninguém terá percebido.
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Ok, mas nem tudo são más notícias.
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Talvez se consiga uma equipa governamental excelente para fazer uma boa equipa de... ping-pong.
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UMA pessoa competente e experiente, Pires de Lima, fará ping e o Ministro da Saúde fará pong.
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Os outros, bem, esses, ficam a assistir ao jogo.
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Rb
Pedro Arroja07/07/2013
Eu não preciso talvez repetir que ao longo dos últimos meses a minha maior fonte de inspiração tem sido a minha neta F. Os meus outros netos, o T. e a C., ainda não estão em condições de dialogar comigo. As melhores conversas, e as mais inspiradoras, os temas mais interessantes de reflexão filosófica e sobre a vida, têm-me sido suscitados em diálogos com ela. Ela tem sido uma verdadeira musa.
Não porque ela me tenha ensinado alguma coisa de novo, não está ainda na idade de o fazer, mas porque as conversas com ela me têm levado a articular a experiência da minha própria vida, a chegar a verdades, e não a meras opiniões, a saber aquilo que é essencial e permanente, e não meramente temporário e acessório, enfim, a dar sentido à minha própria vida. Porque é disso precisamente que se trata, eu já estou em idade de dar sentido à minha própria vida. Até onde é que chega a razão, transmitem-se as verdades somente pela razão?
A última conversa ocorreu há três semanas quando a F. e o T. foram comigo e com a avó passar um fim-de-semana a SMP. Foi à hora do jantar, o T. já estava na cama. A F. jantava à mesa sozinha, e eu fui-me sentar junto dela, a fazer-lhe companhia, enquanto a avó estava na cozinha a preparar o jantar para nós dois.
-Avô, tu gostas muito de meninas?
-Sim, eu gosto muito de meninas ... e de meninos também.
Foi assim que a conversa começou e se prolongou por mais quinze minutos, altura em que a avó anunciou que a comida para mim e para ela estava pronta, a F. já estava a acabar a sobremesa.
-Olha, F., agora o avô e a avó vão jantar, e tu podes ir ali para o sofá ver um filme.
-Posso ficar, avô?
Concluí que a conversa estava lhe estava a interessar.
-Podes, mas então passa aí para a outra cadeira porque este é o lugar da avó.
A conversa acabaria por se prolongar por todo o meu jantar. A F. pediu mais uma sobremesa e prolongou-a também até ao final do jantar. Foi só nessa altura que a F. se levantou, deu a volta à mesa, veio ter comigo, que estava do outro lado, agarrou-se a mim, deu-me um beijinho, e disse-me:
-Avô, adoro-te.
Eu limpei apressadamente os lábios, passei-lhe a mão pelos ombros e dei-lhe um beijinho na testa:
-Eu também te adoro a ti.
A avó ainda protestou do outro lado da mesa:
-Então, e eu...e eu?
A F. foi a correr para ela:
-Também te adoro, avó.
E depois foi sentar-se no sofá a ver o filme da Hello Kitty.
Este é um post para as leitoras do Portugal Contemporâneo. A conversa, que transcrevo em baixo, em forma necessariamente resumida, teve dois momentos embaraçantes para mim. Ao primeiro, eu reagi com toda a energia, fiz uso de todas as minhas capacidades de persuasão, que não são pequenas, para lhe explicar que aquilo que tão espontaneamente lhe tinha ocorrido ao espírito, não era nem possível nem desejável. Ela perguntava-me porquê e olhava-me com um certo ar desolador.
E, quando eu ainda não tinha conseguido sair do primeiro embaraço, já ela me estava a meter no segundo, de mais difícil resolução ainda. As minhas explicações, umas atrás das outras, mas todas no mesmo sentido, faziam agora necessariamente recurso à abstracção, que ela obviamente tinha dificuldade em compreender, falavam de pessoas que ainda não existem na vida dela, mas um dia, com toda a certeza, virão a existir.
O título do post revela o momento em que ela me pôs de rastos, literalmente me levou ao tapete e, um pouco angustiado, tive o sentimento: "Não. Eu não vou conseguir". Dias depois, quando já tudo tinha passado, eu recordava era o agradecimento final. Duas ideias que espontaneamente lhe tinham ocorrido ao espírito, e eu ali de forma persistente e cerrada a dizer-lhe que não, que isso não era possível, perante o olhar desolado dela, por vezes de pura incompreensão.
E, não obstante, ela tinha-me agradecido, e retribuido com um abraço e um beijinho, fora as palavras. Eu estava certo que não tinha satisfeito plenamente, com as minhas explicações, por melhores e mais exaustivas que tenham sido, o seu espírito feminino e de criança, e provavelmente ninguém, nas mesmas condições, seria capaz de lhe fazer compreender plenamente as verdades que eu acabara de lhe transmitir.
Nunca se consegue satisfazer plenamente um espírito de mulher. Mas desde que um homem faça um esforço genuíno e verdadeiiro para o conseguir, ela agradece - e quase sempre retribui a dobrar.
-Eu já tive duas meninas, a S. e a M., mas agora já são grandes. Agora tenho-te a ti e à C., que são as minhas meninas. Tu és a minha primeira menina...
-Eu sou a tua primeira menina?
-Sim, tu és a minha primeira neta. Quando tu e a C. forem grandes é que eu vou ficar muito triste outra vez, fico sem meninas...
(Silêncio)
-Avô ... eu dou-te meninas...e meninos...
(!)
-Tu dás-me meninas e meninos? ... Ah, então já vou ficar muito feliz outra vez... eu gosto é de meninas e meninos... já estou a ver as tuas meninas e os teus meninos...isso é que o avô vai ficar contente outra vez...
(O sorriso na face e nos olhos, seguido de um silêncio, desta vez um pouco mais prolongado)
-Avô... tu podes ser o pai...
(!)
-Não, F., eu não posso ser o pai. Eu sou teu avô, eu não posso ser o pai das tuas meninas e dos teus meninos...
-Pequê...pequê...?
-Já serei muito velhinho ... eu não posso ser o pai das tuas meninas e dos teus meninos... os avôs não podem ser pais das meninas e dos meninos das suas netas...eu vou ser o bisavô das tuas meninas e dos teus meninos... eles vão ser meus bisnetos...
(Eu estava agora a multiplicar cerradamente todas as explicações que me vinham ao espírito, e convergentes para a mesma conclusão - Não. A F. olhava-me com um certo ar desalento e de incompreensão, os olhos muito abertos, fixos em mim: bisavôs, bisnetos eram coisas que certamente ainda não lhe diziam nada).
-Olha, F., o pai das tuas meninas vai ser um menino assim como tu, da tua idade, que vai ser grande quando tu também fores grande...
-Pequê... pequê?
(Os olhos continuavam muito abertos, mas o ar de desalento tinha dado lugar a um certo ar de curiosidade).
-Sim, tu vais casar com um menino da tua idade, e depois quando vocês os dois forem grandes, têm meninas e meninos para o avô...
-Avô, eu vou casar com o T...
(!)
-Não, F., tu não podes casar com o T.!
(O ar mais uma vez era de desolação)
-Pequê? ... eu quero casar com o T...
-Mas tu não podes casar com o T. O T. é teu irmão e as meninas não se podem casar com os irmãos...
(A energia intelectual começava a faltar. Tudo tinha voltado à estaca zero. Voltei a carregar com todas as explicações que me ocorriam ao espírito, cerradamente, em catadupa e todas convergentes para o mesmo fim: que o papá e a mamã eram casados, mas não eram irmãos, que a avó era casada comigo mas não era minha irmã, que a avó tinha um irmão mas que não era casada com ele).
-Tu vais casar com um menino que um dia vais encontrar ... mas não podes casar com o T!
(E foi então, quase em ar de súplica)
-Oh avô ... mas eu amo-o...
(!)
-Sim, eu sei que tu amas o T. Eu também amo o T. A avó também ama o T. O papá e a mamã também amam o T. Mas nenhum de nós, da nossa família, pode casar com o T!
(A minha capacidade para dar explicações racionais tinha chegado ao limite. O meu tom era agora absolutamente autoritário. Era assim como eu dizia, e não podia ser de outra maneira.)
-Tu vais um dia encontrar um menino que vai casar contigo e que será o pai das tuas meninas e dos teus meninos... com esse é que tu vais casar ... não com o T.
(A conversa tinha chegado ao fim. Passados momentos levantou-se, deu a tal volta à mesa para se agarrar a mim e me dizer:)
-Avô, adoro-te.
(Eu estava exausto, desconcertado e com um grande sentimento de impotência: as explicações, a razão, tinham sido impotentes. Acabaram-se as explicações e os porquês. É assim como eu digo, e aquilo que eu digo é a verdade, porque eu também te amo a ti).
eheheh portugal contemporâneo leaks
"coordenar uma economia em espiral recessiva"
Caro Joaquim não vá nessa onda:
o desemprego já cai há 5 meses seguidos; o consumo de gasolina e gasóleo voltou a subir, o preço das casas voltou a subir, as exportações voltaram a subir, o marques mendes disse que até o pib do 2º trimestre voltou a ser positivo,
Pois é... e se a tal receita errada afinal der resultados positivos???
Será por isso que o Seguro anda numa gritaria maluca???...
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