04 julho 2013

Para uns protegerem a totalidade do seu salário muitos perdem a totalidade do seu salário

Hayek sobre Keynes:
"O pressuposto decisivo do argumento original de Keynes e que governa a política desde então, é que é impossível reduzir os salários de um grupo significativo de trabalhadores sem provocar um grande desemprego. A conclusão de Lord Keynes e de onde todo o seu sistema teórico foi construído, é que como os salários nominais não podem ser baixados, assim o ajuste necessário, sempre que os salários se tornaram demasiado elevados para permitir "o pleno emprego, "deve ser efectuado pelo processo tortuoso de redução do valor da moeda. Uma sociedade que aceita isto é obrigada a um processo contínuo de inflação." 
É estranho como as ideias se alojam nas pessoas e principalmente nos académicos. Até à Grande Depressão, todas as crises económico-bancárias viam preços e salários nominais baixarem, bancos entrarem em falência e a queda da massa monetária. E passavam. Hoje querem fazer crer que tal coisa criaria uma espécie de buraco negro de regressão que só pararia talvez na Idade da Pedra. Foi precisamente na Grande Depressão, a primeira vez que o poder politico federal americano teve condições de intervir amplamente - tentando impedir quedas de salários de preços - que a crise se prolongou por mais de uma década - por isso foi "Grande".

Keynes distorceu o pensamentos dos clássicos, reformatou crendices e falácias já anteriormente refutadas e ofereceu à classe académica a sua oportunidade de criar a macroeconomia como instrumento do poder político para o qual a sua presença se torna obrigatória e com selo de cientificidade, suportada por equações (algumas completamente ridículas como o multiplicador explicitado por Keynes).

E assim estamos hoje por aqui. A descida de salários não é permitida a não ser pelo penoso processo de despedimento aqui, nova contratação ali. O sector público não baixa salários. Ora tudo isso se paga com desemprego bem acima do que seria necessário, até porque a massa salarial dependente do OE terá de baixar o seu peso de qualquer forma, sendo que o caminho constitucional parece ser apenas o despedimento. Com o selo científico-social do complexo de poder classe-académica-poder-político.

PS: Keynes entre outras coisas fazia parte de um grupo que promovia ideologicamente a homo-bi-sexualidade a o ataque feroz à burguesia cristã. Daí o ataque também à poupança, o aforrador, o padrão-ouro, etc. Todas as instituições sociais que preservavam a velha ordem tinham de ser destruídas.O edifício intelectual é coerente na sua inconsistência. É essa a influência que tomou conta do pensamento económico do século 20. É o estado moderno. Nasceu da guerra total, já incentivada por uma máquina política que ultrapassava (infelizmente) a vontade pessoal dos monarcas, e de Keynes.

8 comentários:

Anónimo disse...

Pois, mas oh CN, a realidade é essa mesmo. Os salários relativos não baixam. E sabe porque é que não baixam como podem baixar outros custos de contexto?
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Porque as sociedades se entendem em torno de leis, de uma moral e de uma ética naturalmente aceite.
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Se Vc me diz que, matematicamente, para resolver a taxa de 25% de desemprego se podia baixar os salários dos actuais empregados em em 50%, eu dir-lhe-ia de imediato que se v.exa. pretendesse fazer essa operação teria no curto prazo de baixar ainda mais os salários porque existe o tal efeito que v.exa. despreza, mas que é essencial em economia - a confiança - e a percepção que temos sobre o futuro.
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Em suma, eu sei que a realidade das coisas incomoda os austriacos, mas a verdade é que Keynes é supremissimamente mais realista e eficaz nos resultados que se pretendem atingir.
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Rb

Anónimo disse...

Mais, se vc pensa que a maioria dos patrões baixavam salário acentuadamente se a lei o permitisse está redondamente enganado. Não o faziam. Excepto, talvez, nas empresas de vão de escada.
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Há, felizmente, uma consciência que prevalece quando se trata dos nossos funcionários. Não os queremos insatisfeitos ou à procura de trabalho no estrangeiro. Eu não baixava o salário a um funcionário que recebesse menos de 600 euros por mês. Não é possível ter um funcionário motivado, integrado, que não esteja sempre à procura de alternativas, por menos do que isso. Gostem ou não os austríacos a realidade não é aritmética.
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A prova disto é simples e podemos observar em Portugal: Existem empresários que se queixam que não conseguem arranjar trabalhadores. E não vão conseguir contratar no futuro. Sabe porquê? Porque os trabalhadores não trabalham abaixo de determinado rendimento. Por e simplesmente EMIGRAM.
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A única solução que esses empresários têm é perceber que tem de subir na escala de VALOR dos seus produtos e pagar melhor aos seus trabalhadores.
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Rb

Anónimo disse...

Mas, enfim, vamos a aritmeticas:

Custos unitário Trabalho por hora:

Portugal
12.2 (2008)
12.4 (2009)
12.4 (2010)
12.4 (2011)
12.2 (2012)
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Alemanha
27.9 (2008)
28.6 (2009)
28.8 (2010)
29.6 (2011)
30.4 (2012)
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Quer dizer para produzir um quilinho de cebolas durante uma hora custa menos TRÊS vezes menos fazê-lo em Portugal do que na Alemanha.
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O problema de Portugal é, porém, outro. O problema é que os Boches não se limitam a produzir Cebolas. Nada disso. Eles produzem Cebolas com cores diferentes, tamanhos distintos, até embalam as Cebolas em caixinhas de luxo. O resultado é que conseguem vender as porra das Cebolas com mais VALOR do que as Portuguesas que são de optima qualidade mas onde não incorporamos mais VALOR.
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A solução Austriaca para este problema é fechar os olhos à REALIDADE e dizer ao pessoal que os Custos Salarias portugueses tem de baixar mais. Nada mais errado. Se baixarem 30% não vamos vender mais cebolas, porque o mercado valoriza mais as cebolas dos boches.
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Rb

Anónimo disse...

Em suma, os Austriacos não querem que regressemos à 'idade da pedra'. Eles próprios são da idade da pedra. Não é, pois, estranho, que não possam vislumbrar ideias mais actuais. Uma pena, porque existem bons pensadores naquela escola que aproveitados e convertidos a outra religião, que não a Austriaca, seriam belissimos economistas.
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Rb

Anónimo disse...

Ahhhh a fonte da estatistica acima:
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http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_PUBLIC/3-10042013-AP/EN/3-10042013-AP-EN.PDF
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Rb

lusitânea disse...

Não é por meia dúzia de economistas e propagandistas se virem queixar de que tem que haver cortes nos salários e pensões que a coisa vai lá sem o governo que tal quiser fazer for abaixo.Eu admito cortes sim senhor depois de ver cortar na merda gorda que nos governa, nos subsídios aos partidos, nas reformas dos políticos que nem sequer descontam nada e merdas semelhantes.Essa coisa de classes sociais já foi.Agora é tudo igual.E quem quiser aldrabar o pagode lixa-se.estamos fartos de chico-espertos a sacarem o seu e a foderem os outros.Até porque são além de incompetentes, corruptos porque a situação foi criada por quem?Agoa gajos do tudo e do seu contrário só para o paredão...

CN disse...

Parece-me justo.

Pedro Sá disse...

Este post não resiste à História. As doutrinas de Keynes mal eram conhecidas e eram ultra-minoritárias nos primeiros anos da Grande Depressão.